O voto distrital tornou-se o quindim futurológico da reforma eleitoral. A ideia é boa, divide-se cada estado em distritos e os candidatos a deputado disputam os votos desse eleitorado. Na sua versão pura, é o sistema inglês e americano. Para acompanhar diversidades étnicas e sociais, nesses países há distritos com as formas mais absurdas, e alguns desenhos tornaram-se exemplos de corrupção eleitoral. Até hoje nenhum sábio do Congresso ou do Judiciário respondeu a uma pergunta elementar: quem desenhará os distritos brasileiros?
Aliás, essa é a pergunta principal, aprovada a proposta.
Dependendo da forma como acontecerá a distribuição, poderemos ter refletido nas escolhas dos eleitores as principais fraturas da nação brasileira. Pode ser bom ou pode ser o caos.
Mas não será mais do mesmo, o que em si já é melhor.
Para brincar de voto distrital, imagine-se a cidade do Rio de Janeiro. Com cerca de cinco milhões de eleitores, o município seria dividido em 20 distritos e cada um deles agruparia cerca de 250 mil eleitores. (Hoje o Estado do Rio tem 12 milhões de eleitores e elege 46 deputados federais, o município do Rio elegeria 20.)
Só que teríamos um deputado da Barra da Tijuca e outro da Rocinha. Mesma cidade, realidade e pensamentos diferentes.
Muitos Brasis num mesmo.
Pode ser o que faltava.
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