Mais importante que os 7 pontos que Lewis Hamilton descontou de Sebastian Vettel, com a vitória na Bélgica, acirrando ainda mais a disputa, foi o fato de a Ferrari ter conseguido acompanhar a Mercedes de perto numa pista de alta velocidade. Foi um sopro de alívio para Vettel, a Ferrari e para a Fórmula 1.
Em momento algum Vettel perdeu Hamilton de vista durante as 44 voltas da corrida, o que dá uma quase certeza de que a disputa entre os dois vai se arrastar até as duas últimas corridas do campeonato, o GP do Brasil, ou o de Adu Dhabi que encerra a temporada, ambas no mês de novembro. Isso porque depois da má impressão deixada pela Ferrari nas corridas de Silverstone, na Inglaterra, e na Áustria, diante da aparente superioridade dos carros da Mercedes, temia-se que depois das férias de agosto, Hamilton e Bottas pudessem dominar o campeonato. A vitória de Vettel com Raikkonen em 2º numa pista travada como a da Hungria, última antes da parada para as férias, não dava garantias de que o modelo SF70H pudesse ser competitivo nas pistas velozes.
Isso caiu por terra na Bélgica, onde se esperava a vitória da Mercedes – como de fato aconteceu – mas poucos acreditavam que a Ferrari pudesse estar competitiva. A disputa agora é na casa da Ferrari, no velocíssimo e tradicional Circuito de Monza, outra pista que, na teoria, deve favorecer os carros da Mercedes, mas a impressão deixada pela escuderia italiana domingo passado é que Vettel tem carro para brigar de igual para igual com Hamilton nas próximas corridas.
É possível que em Monza, por ser uma pista que requer menos pressão aerodinâmica que a de Spa-Francorchamps, a Ferrari até sofra mais, já que o modelo W08 Hybrid, de Hamilton e Bottas, tem por natureza comportamento melhor nessas condições. Mas depois virão pistas que mesmo de alta velocidade, requer maior pressão aerodinâmica – efeito que empurra o carro contra o solo, também chamado de downforce.
A Fórmula 1 chega à 13ª etapa de um total de 20, com Vettel na liderança desde a prova de abertura do campeonato, na Austrália, vantagem que já foi de 25 pontos sobre Hamilton, caiu para 1, subiu para 14 e agora é de 7 pontos (220 a 213). O desempenho abaixo do esperado de Valtteri Bottas, na Bélgica, 5º colocado, o deixou 41 pontos distante de Vettel e é bem provável que de agora em diante seu papel seja semelhante ao que seu compatriota, Kimi Raikkonen, tem na Ferrari: ajudar o companheiro de equipe na luta pelo título.
Saindo da disputa Vettel x Hamilton, a Fórmula 1 estará de olho também no comportamento dos pilotos da Force India, depois das disputas insanas que tiveram em Spa-Fran-corchamps, em que por muita sorte escaparam de um grande acidente depois das duas fechadas que Sergio Pérez deu em Esteban Ocon, na descida para a Eau Rouge, onde tocaram rodas e deixaram pedaços de carros pela pista. Os dois vêm se estranhando desde a corrida do Canadá, quando Pérez recusou dar passagem para Ocon que vinha mais rápido, em 5º, e com condições de lutar pelo pódio. Depois disso, eles tiveram disputas de soltar faíscas no Azerbaijão, na Hungria e o que fizeram na Bélgica levou a direção da Force India ameaçá-los de ‘gancho’ caso se envolvam em nova confusão. Na quinta-feira, em Monza, os dois tiveram uma longa conversa a sós, e garantiram que tudo ficou resolvido. Mas isso só vamos saber quando os dois dividirem a próxima curva.
Este será o 68º GP da Itália, presente no calendário desde o surgimento da Fórmula 1, em 1950. Entre os pilotos – sempre ele – Schumacher é quem mais venceu (5), seguido por Nelson Piquet com 4. Dos pilotos em atividade, Vettel e Hamilton venceram três vezes, e Alonso duas. Foi em Monza, que o Brasil venceu pela última vez, em 2009, com Rubens Barrichello. E correndo em casa, a Ferrari, maior vencedora em Monza, com 18 vitórias, não ganha desde 2011. Mas o que chama atenção nas estatísticas de Monza é que mesmo sendo pista de alta velocidade, com longas retas, dos últimos 19 anos, em 14 o vencedor foi quem largou da pole. E por falar em pole, Hamilton pode, hoje, se tornar o recordista isolado. Na Bélgica ele igualou as 68 de Schu-macher.
SAÍDA SERÁ DE ‘FININHO’
Com a situação indefinida na Williams, Felipe Massa disse, em Monza, que não quer outra despedida com tantas homenagens como as que teve no ano passado, e que se tiver que deixar a Fórmula 1, vai sair de fininho.