AMBULANTES

Situação de vendedores ambulantes levanta polêmica na Câmara

Por: João Oliveira | Categoria: Política | 06-09-2017 08:09 | 2447
Comerciante ambulante fez uso da tribuna para reinvindicar ajuda à categoria
Comerciante ambulante fez uso da tribuna para reinvindicar ajuda à categoria Foto: ASSCAM

O comerciante ambulante Djalma Domingos fez uso da tribuna na sessão da Câmara de segunda-feira (4/9) para cobrar promessa que teriam sido feitas pela Prefeitura aos comerciantes ambulantes que vinham ocupando a área central de Paraíso. Ele disse que foram tirados da Praça com a promessa de que seria concedido a eles alvarás de funcionamento para venderem seus produtos desde que ficassem fora da área central de Paraíso, mas que isso não teria acontecido.
“Houve uma reunião na Secretaria de Obras onde disseram que iriam nos dar esse alvará. No entanto, passados 30 dias, chegaram no local onde estávamos trabalhando, uma situação que eu achei um absurdo porque nós não somos ladrões, nós compramos nossas mercadorias e pagamos por elas, e nos tiraram de lá”, alegou Domingos
A polêmica foi levantada após ter sido questionado o motivo da Prefeitura não ter dado alvará de funcionamento a esses comerciantes que se encontravam fora do quadrilátero central – área da Praça da Matriz e arredores. O comerciante disse ainda que ele e seus colegas foram notificados que se continuassem com o comércio dentro do município teriam suas mercadorias apreendidas e aplicação de multa de 80% do valor do salário mínimo.
O vereador Jerônimo Aparecido da Silva se manifestou sobre a situação. “Com uma crise dessas, como eles vão ganhar o pão de cada dia deles. Foi pedido para eles ficarem fora do quadrilátero central e tiveram comerciantes que ficaram, inclusive, alguns foram até a saída de São Tomás, mas foram lá perseguir esses ambulantes. É um absurdo isso. Vereador nenhum fez lei para prejudicar o ambulante. Quero que seja mandado ofício ao prefeito, em nome da Casa, para que se suspenda essa perseguição até que se ache uma maneira para que eles trabalhem mais tranquilos”, defendeu o vereador. 
O clima ficou pesado quando o comerciante disse que um vereador teria apontado Lisandro Monteiro como um dos responsáveis por começar discussões para tirar os vendedores ambulantes de seus locais de trabalho. “Quando começou essa conversa disseram que eu, o Ademir e Marcelo é quem estaríamos à frente disto. A responsabilidade é do prefeito e nenhum vereador fez lei para prejudicar aos ambulantes. O sol nasce para todos”, defendeu Lisandro.
O vereador disse ainda que era contra vendedores de fora comercializarem no município e relembrou história que envolveu o banco Mercantil do Brasil. “Todos os dias duas pessoas passavam no meu açougue e desciam de um Corola zero e vendiam redes na Praça; vendendo rede eles podem até andar de avião, mas depois que explodiram o banco eles desapareceram. Os vendedores que são de fora eu sou contra mesmo. Agora, jamais, um cidadão paraisense, nunca que eu vou deixar de apoiar, mas que seja daqui de São Sebastião do Paraíso”, comentou.
O vereador Ademir Alves Ross levantou o tom ao pedir que provassem que ele teria falado em tirar os vendedores ambulantes da rua. “Eu nunca disse a ninguém. Não tem nenhum papel assinado por mim ou abaixo assinado para tirar os vendedores ambulantes da rua. Eu sei das dificuldades do senhor, porque eu morei quatro anos em São Paulo e fui vendedor ambulante, sei a dificuldade que é”, afirmou.
O vereador Serginho explanou sobre a situação desde o começo, quando se iniciou a polêmica envolvendo os vendedores ambulantes em Paraíso. “Houve uma reunião na Prefeitura com esses vendedores e alguns vereadores que estavam em Belo Horizonte não puderam participar. Nesse dia eu intercedi por eles e disse que era absurdo fazer isso”, disse. Serginho comentou ainda que foi falado em uma zona central que esses vendedores não poderiam ficar, mas que os que comercializam frutas e verduras poderiam permanecer até o final daquela semana e que posteriormente não seria mais permitido vender suas mercadorias no centro.
Serginho disse que após isto, houve nova reunião com o prefeito que disse que buscaria alternativas para ajudar os vendedores ambulantes. “Até esse ponto foi o que eu pude fazer. Vi publicações em redes sociais e questionei se houve alguma mudança em relação a essa situação e não foi falado. Precisamos nos unir, como mencionando pelo vereador Jerominho, e lutar pela causa de vocês”, defendeu o vereador.
O vereador José Luiz do Érica também comentou a situação. “Eu já estive desse lado (vendedor ambulante), eu vim de Pratápolis para Paraíso e aqui aprendi uma profissão e me tornei mecânico. Quando tive a ideia de montar uma barraquinha de vendedor ambulante, a minha esposa Érica, na época era minha namorada, acreditou nesse sonho. E isso só foi possível porque tivemos um prefeito na época que quando o procurei, por intermédio de outras pessoas, me concedeu esse direito, era o Pedro Cerize. Talvez se ele não tivesse me dado essa oportunidade, eu não seria o empresário que sou hoje, ou o que eu tenho hoje. E agradeço muito ao Pedro por ter acreditado em mim, no meu trabalho”, disse o vereador.
O vereador disse que também foi perseguido à época. “Tem que correr é atrás de bandido, não é atrás de quem está trabalhando. Nós precisamos de emprego. Estamos em uma situação muito difícil e vocês estão apenas lutando pelo pão do dia a dia, enquanto muitas não trabalham e essas sim deveriam ser fiscalizadas, tanto pela segurança pública quanto pelos ficais, mas ficar tirando a oportunidade de vocês trabalharem, isso não. O que precisa é encontra meio temo para que possa satisfazer todas as partes e dar condições a vocês de trabalharem dignamente e ganhar o sustento de cada dia”, defendeu.
O vereador e presidente da Câmara, Marcelo de Morais, disse que foi procurado por um desses ambulantes que quase teria o agredido porque foi falado que ele seria contra os vendedores ambulantes. O vereador leu uma lei de 1996 que regulariza a situação dos vendedores ambulantes e disse que em algum momento a atual legislatura fez algum projeto que prejudicasse a categoria.
Morais sugeriu criar uma comissão para se reunir com alguns setores para fazer uma legislação a fim de preservar o vendedor ambulante. “Hoje não temos uma lei que possa defendê-los. Isso nós temos que fazer embasado nas leis. Vamos fazer lei para resolver o problema e com a lei que temos hoje, nós só conseguimos fazer isso se o senhor (Djalma) tiver o alvará e parece que está havendo essa dificuldade em consegui-lo”, completou.