O momento do agronegócio traz mais uma contradição da economia brasileira. O país vai colher uma supersafra de grãos neste ano, mas o escoamento problemático já provoca perdas. O setor agrícola deveria tratar a logística como sua principal pauta, mas tem se dedicado a outros assuntos que não fazem sentido.
A safra de grãos é chamada de “super” porque será 20% maior em 2017. É uma das raras notícias boas da economia nesse começo de ano. A expansão impulsiona o comércio exterior, melhora a renda agrícola e gira outros setores da economia. Mas uma chuva mais forte piorou as condições da BR-163, que liga as regiões produtoras de soja aos portos do Norte, e o transporte da safra emperrou. Navios desistiram de esperar. O prejuízo chega a R$ 350 milhões. O ministro Blairo Maggi disse que o “dinheiro que estava na mesa está indo para o ralo”.
O agronegócio deveria brigar por melhorias na infraestrutura do país ao invés de se dispersar em causas falsas. Os ruralistas às vezes se mobilizam por pautas que não fazem sentido, como a briga recente com a escola de samba que falava sobre a produção agrícola no Xingu. Esses e outros assuntos, como a revisão das áreas de proteção, são pautas em conflito com outras agendas da sociedade brasileira.
Mas a culpa maior lógico é do governo.
Estão cansados de saber da supersafra, da temporada de chuvas e das condições das estradas. Ninguém fez nada, como nos anos anteriores tam-bém não fizeram.
Fazer para quê?, perguntaria o chefe do DNIT...
Se eu não faço nada, posso até virar Ministro do Supremo, como a recompensa que o ex-ministro da justiça ganhou, após a crise no sistema penitenciário.
O Brasil é o único país do mundo onde a ineficiência é recompensada com altos cargos e salários, pagos por um povo omisso.
Um dia tudo muda...
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