O atraso de repasse de recursos da saúde para os municípios tem afetado negativamente a promoção da saúde e atenção básica a usuários das Unidades de Saúde da Família (USFs) em Paraíso. Essa é uma queixa de um morador do bairro São Judas, que alega que há tempos não tem conseguido adquirir seringas para aplicação de insulina e fitas medidoras de glicemia na USF do Veneza.
O secretário municipal de Saúde, Wandilson Bícego, explicou à reportagem do Jornal do Sudoeste que esses materiais, além de alguns medicamentos, são fornecidos pelo Estado, que não tem enviado aos municípios. Ainda, segundo ele, recentemente o município chegou a receber as fitas medidoras de glicemia, que já devem estar sendo distribuídas nos postos de saúde.
“São materiais fornecidos pelo Estado, não depende de nós, por isso a falta. O município tem feito a sua parte, porém o Estado não tem dado a sua contrapartida. O Governo de Minas deve hoje para São Sebastião do Paraíso, uma média de R$ 11 milhões, só de medicamento é cerca de R$ 400 mil”, afirma o secretário.
Nesta semana, uma reunião que evolveu a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais (ALMG) e representante da subsecretária de Inovação e Logística da Secretaria de Estado de Saúde, Adriana Legislativa de Minas Gerais (ALMG), foi pontuado que o Governo de Minas não está conseguindo aplicar recursos suficientes na saúde.
Isso tem feito que todos os programas da Secretaria de Estado de Saúde (SES) venham sofrendo atrasos e comprometendo a realização de obras, a entrega de medicamentos e o pagamento de fornecedores. As informações foram apresentadas pela subsecretária de Inovação e Logística da SES, Adriana de Araújo Ramos, que participou de audiência pública da Comissão de Saúde da ALMG, em Belo Horizonte, com o objetivo de apresentar o relatório de informações do Sistema Único de Saúde (SUS).
A presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de São Sebastião do Paraíso, Cidinha Cerize, informou que irá verificar in loco o problema e deve se reunir com a coordenação das USFs para entender o que vem acontecendo. O usuário da USF do Verona, Divano Aparecido do Prado, alega ainda que esse problema não é recente e que vem se arrastando desde a gestão passada.
“Eu não tenho dinheiro para comprar e tenho que usar a mesma seringa o mês inteiro. Se colocar na ponta do lápis é muito caro, porque são quatro aplicações de insulina ao dia e eu não tenho como ficar saindo, tenho problema nas pernas devido a diabetes, coluna, entre outros problemas de saúde. Tem faltado o básico do básico nos postinhos e isso é muito ruim. Há muitas outras pessoas que estão padecendo diante desta situação, eu não sou o único. O problema é que se gasta muito dinheiro com o que não precisa, e a gente fica desassistido”, completa Prado.
Sobre a situação, o presidente da Câmara e vereador Marcelo de Morais, disse que nas visitas às USFs tem constatado diversos problemas. “Desde janeiro, quando assumimos, temos pautado em mostrar ao prefeito a necessidade de gastar os recursos neste momento de crise com o que realmente é prioridade. O que cabe a Câmara e aos vereadores é cobrar efetivamente ações de gastar o recurso público de forma prioritária e com atenção básica nas ações da saúde”, completa.