CRÔNICA HISTÓRICA DE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO:

Início da organização política dos operários

Por: Luiz Carlos Pais | Categoria: Cidades | 16-09-2017 21:09 | 2982
Foto: Reprodução

Alguns traços do início da difusão dos ideais trabalhistas e socialistas na região paulista de Campinas e Ribeirão Preto, bem como nas cidades mineiras de São Sebastião do Paraíso, Passos, entre outras, podem ser obtidos no jornal Lanterna, de São Paulo, em edições de 1912. Como consta na historiografia de São Sebastião do Paraíso, a Sociedade Beneficente e Recreativa Operária (Liga) foi criada em 1926, vinculada ao núcleo regional de Passos. Entretanto, bem antes, já estava funcionando um núcleo local informal da Liga Operária, como consta no referido jornal. 
Essa fonte registra que o “ideal de emancipação social” teria sido divulgado, pela primeira vez em reunião pública, em São Sebastião do Paraíso, no final de 1912. Trata-se de uma conferência realizada pelo jornalista João Penteado, que percorria cidades da região, distribuindo panfletos e fazendo contatos com as lideranças locais para a organização política da classe dos trabalhadores.
Nessa época, estava em franca expansão um movimento social e político, até então sem precedentes no País, organizado sob a bandeira das Ligas Operárias, em diversas cidades paulistas interligadas pela Estrada de Ferro da Mogiana. Por vezes, mencionadas como entidades beneficentes e recreativas, na realidade, estavam engajadas também na organização política inicial dos trabalhadores, em um momento ainda dominado pela velha oligarquia dos coroneis, pois faltavam ainda duas décadas para o término da Primeira República. 
Além da politização da classe operária, um dos desafios da época consistia em proporcionar a oportunidade de alfabetização para trabalhadores que não tivessem o domínio da escrita e da leitura. Confirma esse objetivo o funcionamento de uma Escola Noturna no núcleo de São Sebastião do Paraíso, tendo em vista a existência de grande número de trabalhadores analfabetos daqueles anos, muitos procedentes da zona rural.
A Liga Operária de Campinas funcionou como centro de difusão do movimento, mantendo núcleos em outras cidades, como o de Amparo, onde a entidade foi registrada como sendo uma cooperativa, com a denominação oficial de Sociedade Liga Operária Amparense. No início da década seguinte, foi criada a Liga Operária da Construção Civil, na capital paulista, que teve ampla difusão devido ao grande número de sócios, transformando-se em um dos principais sindicatos da época.
Em regiões industrializadas de Minas Gerais, também já estavam funcionando entidades criadas para reunir os trabalhadores. Esse é o caso da Liga Operária de Cataguases. Nesse sentido, a revista O Malho (RJ), em 23 de novembro de 1911, publicou foto de uma grande manifestação realizada naquela cidade. Entretanto, no caso de São Sebastião do Paraíso, a maior influência era procedente da Linha da Mogiana, em vista da facilidade de comunicação, por via férrea, com cidades da região de influência econômica de Campinas e Ribeirão Preto, entre outras cidades paulistas.