CRÔNICA - Joel Cintra Borges

Meio século

Por: Joel Cintra Borges | Categoria: Cultura | 16-09-2017 22:09 | 1533
Foto: Reprodução

"Algún día, en cualquier parte, indefectiblemente, has de encontrarte contigo mismo,  y sólo de ti depende que sea la más amarga de  tus horas, o tu momento mejor". - M. de Combi.




Recebi do Conselho Regional de Medicina Veterinária convite para homenagem à minha turma, pelos cinqueta anos de formatura. Parece pouca coisa: alguns discursos, diploma, medalha, coquetel. Mas, mexe com a gente, porque não foram apenas algumas dezenas de anos de trabalho, de desempenho profissional, mas, de uma vida, com vitórias, derrotas, alegrias, tristezas, festas e dores.
E, coisa muito importante e nem sempre agradável, de encontro com nós mesmos - com aquilo que existe de bom em nosso íntimo e também com o que há de mau, porque é com o andar da carruagem que as qualidades e defeitos aparecem. 
Nesses momentos, nesses dias de reflexão, antes que chegue a hora do encontro, é inevitável também a pergunta: será que cresci nesses anos tanto quanto poderia crescer? Será que não perdi meu tempo, deixando que a areia escorresse em vão pela ampulheta do tempo?
Não são perguntas fáceis de responder e a gente não tem o parâmetro que tinha na universidade, que eram as provas mensais, ou semestrais, com as notas pelo aproveitamento.
—  Não fui bem em anatomia, preciso estudar mais!
É como se tivéssemos crescido e já possuíssemos condições de julgar por nós mesmos, ou capacidade de observar as respostas que a Providência nos dá cada dia, se andarmos com nossas antenas ligadas!
O certo é que, com o passar do tempo, com os risos e as lágrimas das muitas experiências vividas, inúmeras páginas lidas, palestras ouvidas e coisas mais que é impossível enumerar, chegamos à conclusão óbvia: não somos anjos e nem demônios, apenas humanos falíveis andando nessa corda bamba que é a vida. E fazendo o possível para acertar!
Quanto à segunda pergunta, sobre se crescemos tanto quanto nos era possível, penso (com alguma tristeza!) que a resposta é não. Não me refiro a bens materiais, porque para viver (bem ou mal!) necessita-se de muito pouca coisa. E o meu trabalho, a minha profissão, sempre me propiciaram mais do que o necessário. Mas, culturalmente, espiritualmente, eu poderia ter crescido mais, muito mais! 
Ainda bem que as ferramentas continuam em minhas mãos e que as águas do grande rio da vida não pararam de correr;;; Dá tempo para consertar muita coisa!