POLE POSITION

Sob as luzes dos refletores

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 16-09-2017 23:09 | 1452
McLaren se livra da Honda e terá motores Renault no ano que vem
McLaren se livra da Honda e terá motores Renault no ano que vem Foto: Getty Images

O exuberante cenário noturno do GP de Cingapura, 14ª etapa do Mundial de Fórmula 1 é bem propício para a Ferrari. Ao contrário das duas últimas corridas, Spa-Francorchamps e Monza, que favoreciam os carros da Mercedes, e Lewis Hamilton venceu as duas e virou o jogo pra cima de Vettel (238 a 235), agora é o alemão que tem a chance de retomar a liderança do campeonato que ele vinha comandando desde a abertura da temporada, e só foi perder no GP da Itália.
As características do circuito urbano de Marina Bay, com 5.065 metros, se assemelham às de Mônaco e Hungaroring, duas pistas em que a Ferrari fez dobradinha. Primeiro porque é um traçado que gera mais pressão aerodinâmica, ponto forte do modelo SF70H, de Vettel e Raikkonen. Segundo, pela menor distância entre-eixos dos carros da Ferrari ser outro detalhe importante nesse tipo de pista (aqui cabe uma explicação: chassi com maior distância entre-eixos, como o W08 Hybrid, da Mercedes, leva vantagem no contorno de curvas velozes; já os com a menor distância entre o eixo dianteiro e o traseiro, como os da Ferrari, contornam melhor as curvas fechadas). E terceiro pelo forte calor, outro fator em que a Ferrari se adapta melhor por conseguir gerar com mais facilidade a temperatura ideal de funcionamento dos pneus, principalmente os mais macios da Pirelli que estão sendo usados em Cingapura. Apesar de a Mercedes ter evoluído bastante desde o GP do Canadá, em junho, administrar a temperatura dos pneus ultramacios (cor roxa) ainda é um obstáculo nos carros de Hamilton e Bottas.
A Fórmula 1 deu a largada para uma maratona de sete corridas em dois meses. A próxima será na Malásia, dia 01/10, depois segue para o Japão dia 08/10, voa para Austin, nos Estados Unidos dia 22/10, México dia 29/10, vem ao Brasil dia 12/11, e encerra a temporada dia 26/11, em Abu Dhabi. Segundo levantamento da colega jornalista, Julianne Cerasoli, do UOL, presente em todas as corridas, serão 48.409 km de viagens entre uma corrida e outra, distância maior que a Linha do Equador que tem 40.075 km, e enfrentando sete fusos diferentes com variação que vai de 9h em relação a Greenwich a -6h.
No paddock de Cingapura, o assunto do momento é o divórcio da conturbada relação entre McLaren e Honda que não deu certo desde o começo, em 2015, pela falta de resultados, muito por conta dos inúmeros problemas de quebras e falta de potência dos motores Honda. Para a montadora japonesa não ter que deixar a Fórmula 1 com a imagem mais arranhada do que está, foram costurados acordos para que passe a fornecer suas “unidades de potência” (como são chamados os atuais motores V6 turbo híbridos) para a Toro Rosso, que por sua vez empresta o espanhol Carlos Sainz Jr. como moeda rescisória à Renault, atual fornecedora de motores. E desta forma a McLaren se livra da Honda, passa a correr com os motores Renault, em 2018, e muito provavelmente manterá Fernando Alonso que havia dado ultimato à McLaren: “ou eu ou a Honda”. Não é só: A Renault aproveitou o momento e já comunicou a Red Bull que não lhe fornecerá motores a partir de 2019.
Este será o 10º GP de Cingapura, que apesar da curta história, rendeu no ano de estreia, 2008, um lance bizarro que teve desdobramentos severos. Nelsinho Piquet cedeu à pressão de Flavio Briatore, então chefe da Renault, e bateu de propósito, no muro, para favorecer a vitória de Alonso. A estupidez provocou corre-corre nos boxes, e Felipe Massa saiu com a mangueira de reabastecimento presa ao seu carro e teve que abandonar a prova, o que foi crucial na perda do título daquele ano por um ponto. 
Além da disputa intensa entre Hamilton e Vettel, não se pode descartar em Cingapura a Red Bull, que tem boas chances de lutar pela vitória numa pista em que a menor potência dos motores Renault não faz tanta diferença.