POLÊMICA

Santa Casa esclarece polêmica envolvendo pedido de corte de árvores

Solicitação ao Codema fazia parte de estudo para revitalização da estrada principal do Hospital
Por: João Oliveira | Categoria: Cidades | 16-09-2017 23:09 | 1750
Pedido seria para análise de árvores pareadas com o Hospital e que  estariam danificando a estrutura do prédio e acessibilidade de pacientes
Pedido seria para análise de árvores pareadas com o Hospital e que estariam danificando a estrutura do prédio e acessibilidade de pacientes Foto: Divulgação

O interventor da Santa Casa de Misericórdia de São Sebastião do Paraíso, Adriano Rosa do Nascimento, esclareceu polêmica que teria envolvido solicitação do Hospital ao Codema, para estudo de corte de árvores na área de estacionamento em frente ao Hospital. Segundo ele, o pedido fazia parte de estudo para projeto futuro da Santa Casa em revitalizar a entrada principal do prédio, prejudicada tanto pelas raízes das árvores que estão danificando a calçada e encanamento do Hospital, quanto pela questão de acessibilidade. A notícia de que a Santa Casa teria feito tal pedido não agradou paraisenses, que fizeram uso das redes sociais para criticar a informação.
“Nós temos uma equipe de benfeitores na Instituição que querem ajudar a Santa Casa porque enxergam no Hospital um processo de mudança. São arquitetos e paisagistas que estão dando uma parcela de contribuição com seu tempo para tentarmos melhorar a imagem da Instituição, não estamos tendo custo nenhum com isso. Nesse primeiro momento, um membro da equipe de intervenção fez esse contato com esse grupo que se dispôs a fazer um projeto e nos ajudar”, elucida Adriano.
De acordo com o interventor, uma das principais queixas dos pacientes é em relação à questão de acessibilidade ao Hospital. Ele conta que existem muitas raízes que estão crescendo e estourando as calçadas e dificultando esse acesso. “São as árvores da área do estacionamento e não da praça. Tudo isso que estamos fazendo é apenas um estudo e nesse processo foi solicitado ao Codema uma análise da viabilidade disso acontecer. Não falamos nem a quantidade de árvores que seriam substituídas, está sendo feito um projeto”, explica.
Outra situação, conforme destaca Adriano, é que na área de estacionamento, devido à fragilidade daquelas árvores, já chegou a cair galhos em cima de carros. “A Santa Casa não tem condições de ficar arcando com esses prejuízos. Então, estamos estudando a possibilidade de melhorar a entrada do prédio. Ficamos muito chateados com a divulgação desse pedido, da forma como foi divulgado, porque não é algo que estamos fazendo e não fomos ouvidos. Temos um compromisso com a sociedade e estamos estudando uma possibilidade visando acessibilidade, segurança, iluminação entre outras questões. Dentro da área administrativa, por exemplo, as raízes daquelas árvores, pareadas com o muro do Hospital, estão rompendo parte da construção”, conta.
O interventor diz ainda que ninguém falou em corte, mas em substituição. “Se isso ocorrer, nós vamos conversar com a sociedade, já que existe essa preocupação. Gostaríamos, inclusive, que as pessoas viessem à Instituição nos ajudar a resolver outros grandes problemas que temos. Há problemas muito complexos na Santa Casa que precisam de apoio. Isso é mais importante que focar em algo que nem existe uma definição, ainda. Nosso foco é salvar o Hospital, é o que a intervenção vem tentando fazer. Nós pegamos a Santa Casa fechando e já conseguimos equalizar as contas do mês. Temos prestado serviço para a microrregião, não é fácil, e esse projeto é o que menos nos preocupa”.
Adriano explica ainda que a ideia, além de melhorar a qualidade de atendimento dos pacientes, seria economizar mão de obra com a substituição daquelas espécies – devido à sujeira ocasionada por folhas dentro das dependências do Hospital e que demanda limpeza de pelo menos três vezes ao dia – por uma conhecida como “árvore-samambaia”, a qual as raízes crescem para dentro do solo, evitando que o prédio seja danificado. “Não estamos preocupados em executar esse projeto em curto prazo, porém, como temos uma equipe bem intencionada, com arquitetos e paisagistas, estamos abertos a todos que queiram nos ajudar”, destaca.



 



SITUAÇÃO DO HOSPITAL
A equipe de intervenção da Santa Casa passou por um grande desafio até conseguir fechar o mês sem déficit mensal em suas contas. Apesar desse grande feito, o Hospital ainda luta para quitar uma dívida passiva com fornecedores que chega a R$ 16 milhões. “Conseguimos até agora, sem nenhum recurso novo, diminuir as despesas, melhorar a qualidade da receita e buscamos quase R$ 700 mil junto ao Ministério da Saúde de recursos novos. Isso nos deus um fôlego muito grande e temos muito orgulho em dizer que equalizamos as contas mensais da Santa Casa”, ressalta.
Adriano conta que para o projeto de equalização das dívidas, a equipe buscou reduzir gastos de recursos para que novos pudessem ser aplicados na Instituição. Com esse déficit mensal equalizado, o interventor conta que o Hospital agora busca recurso para trabalhar com o passivo (dívida) existente. “É difícil, complicado, a Santa Casa sofre muito com isso, mas nós ainda precisamos do apoio de toda a sociedade. A Instituição ainda corre risco porque a dívida com fornecedores é de R$ 16 milhões. Estamos executando um modelo de gestão interna que é capaz de superar isso, mas ainda há o risco de alguns fornecedores deixarem de fornecer insumos ao Hospital. Hoje temos uma negociação que é continua e diária, e ocupa muito do nosso tempo”, conta. 
O interventor revela ainda que no sentindo de gestão, a Santa Casa ainda está se organizado e deve buscas recursos junto a instituições financeiras para que o Hospital possa gradativamente trabalhar com essas dívidas em aberto. Segundo ele há fornecedores que desde 2014 estão sem receber. “Isso dificultou muito e estamos tentando manter 2017 em dia”. Ele cita ainda a dívida do Hospital com a Cemig. De acordo com Adriano, havia um déficit  de mais de R$ 1 milhão com a Companhia.



 



“Foi feito um parcelamento em 2015, mas que não foi cumprido e foram se acumulando taxas e juros desde então, chegando a um valor muito alto. Esse mês, nós conseguimos, por meio de apoio político e também da própria Cemig, parcelar novamente essa conta e a partir deste mês já estamos pagando mais esta dívida, para que a situação do Hospital não se complique ainda mais no futuro”, conta o interventor. Hoje, somente de energia, a Santa Casa tem um gasto mensal de R$ 40 mil, além da dívida parcelada da Cemig que corresponde a R$ 6 mil ao mês.



 



Adriano acrescenta que apesar das dificuldades, o Hospital vem ampliando e mantendo atendimentos, como é o caso do Hospital Regional do Coração, que teve um corte de 50% do orçamento por parte do Estado. “A Santa Casa, hoje, não é um problema exclusivamente da equipe de intervenção, mas da comunidade. Esse patrimônio (o Hospital), não é de uma equipe ou de um grupo, é um patrimônio social. O que estamos pedindo, é que a população venha participar do processo e ajuda a salvar a Santa Casa. Se unirmos forças, conseguiremos alcançar esse objetivo”, destaca.



 



SANTA CASA PARTICIPA DE PROJETO NO HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS
A Santa Casa é um dos poucos hospitais filantrópicos de Minas Gerais que participará do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI) em parceria com a Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Será oferecido à Instituição um curso de capacitação para desenvolver o “Plano Viabilidade Econômico-Financeiros para Santas Casas”, consultoria que acontece no Hospital Sírio-Libanês.
 “A princípio, começamos a realizar um trabalho junto ao Ministério para que tivéssemos uma consultoria de recuperação financeira e o Sírio Libanês é referência devido ao seu papel estratégico no país”, conta o interventor da Santa Casa de Paraíso, Adriano Rosa.
Neste domingo (17/9), o interventor desembarca em São Paulo para dar início ao curso. “É um desenvolvimento de projeto financeiro para atender o perfil do Hospital, mas para isso precisa da participação da região e já demos início a esse processo. Esse é o momento da Instituição e se nós não unirmos força, não teremos resultados”, completa.

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