São Tomás de Aquino no dia 16 de setembro disse o até breve a sua filha querida Eliane Maria Lima Tonin. Dentro da saudade existente que toma conta do meu coração procurei um pensamento que pudesse definir o meu estado de espírito, e tenho certeza, de todos os seus amigos de longa data. No meu caso, uma linda e rica amizade de infância.
Foi na sabedoria de um provérbio aborígene australiano que consigo ver a sua vida tão profícua, cidadã, participativa dentro da sociedade aquinense. Sei muito bem, pela nossa vivência ao longo dos anos, que muito observou, aprendeu, cresceu como pessoa, amou muito.... muito... e me disse um dia em entrevista ao JS: "Temos que olhar todos com os olhos de Cristo, como irmãos. Assim o mundo melhora um pouquinho. A gente precisa tratar todos com igualdade"... Ela sabia que era visitante deste tempo, que estava só de passagem neste mundo... Agora voltou para "CASA" e descansa em paz.
Somos todos visitantes deste tempo, deste lugar. Estamos só de passagem.
O nosso objetivo é observar, aprender, crescer, amar...
E depois vamos para "Casa"...
MEMÓRIA AQUINENSE
Entrevista editada no Jornal do Sudoeste do dia 27 de agosto de 2014
“Eliane : A gente precisa tratar todos com igualdade”
A nossa primeira entrevistada é Eliane Maria Lima Tonin. Casada com Marcos Tonin, mãe de Marcos Samuel e Marlon Daniel, filha única de Jairo de Lima e Lourdes Abrão de Lima. Teve nos pais, exemplos de vida para ajudar o próximo. Professora aposentada, voluntária da Pastoral da Criança de São Tomás de Aquino, atualmente tem um programa na Rádio Comunitária, de utilidade Pública. Leitora de muitos livros, acredita que o mundo só será melhor se olharmos todos com olhos de Cristo. Amiga, acolhedora, mas determinada, sem medo de falar o que pensa. Defende a ideia de que ter uma infância feliz e sadia é fundamental. Ama a terra em que nasceu, São Tomás de Aquino, e através da Pastoral da Criança dá sua parcela de contribuição para uma sociedade mais justa e perto de Cristo.
Jornal do Sudoeste - Eliane, quais as escolas que frequentou na sua época de estudante?
Eliane Maria Lima Tonin - A primeira escola que eu frequentei foi o jardim da Infância, ali onde foi o Hotel Municipal. As quatro primeiras séries foram na Escola Estadual Olegário Maciel, os quatros anos do ginásio na Escola Santo Tomás de Aquino, hoje a Dr. Tancredo e o Magistério no Colégio Paula Frassinetti em São Sebastião do Paraiso. Na Faculdade de Filosofia de Passos, Pedagogia com Habilitação e Orientação Educacional, na Faculdade de Filosofia de Guaxupé, Habilitação em Supervisão Pedagógica. Na área de música fiz curso de Graduação de Instrumentos, estudei acordeom pela Universidade de Ribeirão Preto, UNAERP. Educação Artística com Habilitação em Desenho foi em Franca, na UNIFRAN.
Jornal do Sudoeste - No decorrer de seus estudos, sempre pensou em ser professora?
Eliane - Na época, cursar o “Normal” era a opção para quem estudava em colégio de freiras e estudei no Paula Frassinetti, mas eu gostava. Admirava meus professores, minhas professoras. Gostava de brincar quando criança, de professor e aluno. Fiz com prazer o Normal, gostei do curso que fiz.
Jornal do Sudoeste - Sua história como professora, como foi?
Eliane - Comecei como professora de Escola Rural. Prestei concurso e passei a lecionar na Escola Estadual Olegário Maciel. Fui chamada para dar aula na Escola Normal que havia na época, em São Tomás. Trabalhei como Supervisora Pedagógica e como Supervisora prestei concurso para diretora sendo eleita para dois anos e aposentei como Supervisora Pedagógica na Escola Estadual Olegário Maciel.
Jornal do Sudoeste - E a sua participação na Pastoral da Criança?
Eliane - Fui chamada para uma reunião e participar da Pastoral da Criança de São Tomás. Não sabia muito bem como era, quem deu as instruções foi a Maria Aparecida de Lima Pereira que já havia feito cursos e para participar teria que ter um treinamento. Cida Lima passou esse treinamento e assim comecei o trabalho na Pastoral da Criança ajudando nas comunidades, participando da coordenação. Substituí líderes comunitários, fui também coordenadora paroquial da Pastoral. Por último houve um curso da Rede de Comunicadores da Pastoral da Criança, em Belo Horizonte e fui convidada a participar desse curso para colocar “Viva a Vida” no ar, nas emissoras de rádio. Fui para Belo Horizonte, participei de três encontros para poder passar o “Viva a Vida” pela Rádio Comunitária da cidade, desta forma comecei a fazer parte da Rede de Comunicadores da Pastoral da Criança.
Jornal do Sudoeste - A Pastoral da Criança tem outros segmentos de trabalho?
Eliane - Hoje ela tem segmentos de seu trabalho, como exemplos o Curso de Gestantes, a Oficina de Costura e o pessoal da 3ª Idade veio dar um apoio com trabalhos manuais, artesanato, tudo isso ajudando a Pastoral trabalhar nas comunidades. O Curso das Gestantes é realizado duas vezes por ano com a participação da Secretaria Municipal de Saúde, lembrando que a Pastoral da Criança é uma ONG, todos podem ajudar, participar, tanto é que os Cursos das Gestantes, das famílias que participam da Pastoral não precisam ser necessariamente católicas, de onde surgiu a Pastoral. Os palestristas podem ser de outras religiões. O objetivo da Pastoral da Criança é o que está no Evangelho de São João: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância” e o nosso lema criado pela médica sanitarista Zilda Arns de saudosa memória é que norteia nossos trabalhos, então tudo é feito para que a criança tenha vida, e tenha uma vida de boa qualidade.
Jornal do Sudoeste - Como você vê a linha de conduta e ação do Papa Francisco?
Eliane - O Papa Francisco como se diz, caiu do céu. Ele é o Papa que a gente sempre sonhou, sem desfazer do seu antecessor. Lembrando uma fala de um padre na televisão que disse o seguinte: “O Papa Bento XVI representa a Teologia da Igreja. Muito culto, escreve muito bem, está dentro dos estudos modernos da Teologia”. O Papa Francisco ele é mais pastoral, mais do povo. Vai onde o povo está, mais simples. Ele enxugou todo aquele aparato religioso para que o povo se sentisse mais em casa, dentro da Igreja. A maioria das pessoas são simples. Inclusive Jesus, não é? Não era aceito nos templos, nas sinagogas, mas pregava nos campos nos montes e mostrou para o mundo quem ele era e a que veio.
Jornal do Sudoeste - A Igreja deve estar perto dos fiéis?
Eliane - Sim. Eu acho que o Papa Francisco está indo por este caminho pastoral, que a gente precisa nos dias de hoje. Mostrar que a Igreja é mãe. Aceitar todo mundo, principalmente os pecadores, e na Pastoral da Criança seja lá aonde a gente for, temos que olhar todos com olhos de Cristo, como irmãos, assim o mundo melhora um pouquinho.
Jornal do Sudoeste - Como é seu trabalho como radialista na Comunitária da cidade?
Eliane - O meu programa é religioso de segunda a sexta de 16h30 as 18h30 horas. Gosto de explicar que faço esse programa, pela Pastoral da Criança para veicular o “Viva a Vida” às terças feiras e a Luiza Lequeri coloca a reprise de terça no seu programa aos sábados, Sabadão Sertanejo. Agradeço a Luiza a boa vontade de me atender nesse pedido. Na reabertura da emissora Comunitária meu pensamento principal, na sua nova etapa de transmissão, só pensei na veiculação do “Viva a Vida” e na Pastoral da Criança. Fiz parte da equipe que fundou a Rádio Comunitária, que organizou os papéis para requerer o canal para São Tomás e todo esse trabalho eu fiz com o objetivo de servir a Pastoral da Criança, com o “Viva a Vida” que é um programa de utilidade pública. Tudo é muito bem feito e vale para toda a comunidade. A Rádio Comunitária tem uma diretoria e foi formada uma Associação. Associação Comunitária Educativa de São Tomás de Aquino e hoje ela funciona com a devida autorização.
Jornal do Sudoeste - A sua infância, tem boas recordações e como foi ser filha de Jairo de Lima e Lourdes Abrão?
Eliane - Minha infância foi muito boa a gente tinha um infância tão boa que eu acho não precisava nem de Jardim da Infância, nem de pré naquela época. Tudo a gente tinha na infância. Muitas brincadeiras, lembro de brincar de circo e seu irmão Éttore era o locutor, e nós fazíamos as apresentações, eu, você Selma, outras crianças e o ingresso era um palito de fósforo. A moeda corrente, o fósforo. Ettrinho me ensinou a dançar no quintal de minha casa. Era só brincadeiras e estudos. É o que a gente sonha hoje para as crianças: brincar estudar. Foi muito feliz a minha infância.
Jornal do Sudoeste - Sobre seus pais?
Eliane - A família que Deus me deu é essa família que eu sempre gostaria de ter mesmo. Um pai e mãe unidos na busca da felicidade da filha, sou filha única, dos netos e das pessoas que nos rodeiam. Aprendi com meus pais que a gente precisa tratar todos com igualdade. Acudir os outros nas sua necessidade se a gente puder. Fazer o bem sem olhar a quem e assim procuro nortear a minha vida nesses exemplos de meus pais, Jairo e Lourdes.