O mesmo ‘fator sorte’ que jogou a favor de Hamilton, em Cingapura, é a esperança de Vettel daqui para frente. Não que o campeonato tenha acabado depois do polêmico acidente na largada da última corrida; restam ainda seis etapas, 150 pontos em jogo, e muita coisa pode acontecer. Mas a essa altura do campeonato, o alemão da Ferrari não dispõe de um carro tão equilibrado quanto Hamilton tem no W08 Hybrid, da Mercedes – Cingapura foi exceção –, e descontar 28 pontos em condições normais, será tão difícil quanto ter outra chance como a desperdiçada domingo passado, no acidente triplo entre ele, Verstappen e Raikkeonen, que lhe custou a retomada da liderança do mundial numa corrida em que Hamilton, com muito esforço, poderia no máximo lutar por um lugar no pódio, já que a pista não favorecia em nada os carros da Mercedes.
Vettel agora depende também do fator sorte. Sorte até para que o turbo que ele vem usando desde o GP da Espanha – o 4º e último permitido pelo regulamento – aguente até o final para que não seja obrigado a perder posições no grid, em caso de troca.
Com relação ao polêmico strike da largada, não consigo encontrar um culpado pelo acidente. É opinião pessoal. Vi e revi diversas vezes a largada, em câmara lenta, quadro a quadro, o que dá uma visão mais apurada da batida.
Muitos acusam Vettel de ter sido agressivo demais ao fechar a porta para Versta-ppen, mas o que ele fez é algo que qualquer outro piloto faria para defender a liderança, principalmente numa pista onde é praticamente impossível de se ultrapassar, ainda mais com chuva. Mas vamos aos fatos:
É comum a todo piloto que larga da pole position (como Vettel), defender a posição bloqueando a investida de quem larga ao seu lado (no caso, Verstappen, 2º no grid). Sem infringir as regras, Vettel foi para a esquerda para evitar que Verstappen lhe roubasse a posição. Kimi Raikkonen (4º no grid), viu a porta escancarada à sua frente e foi pelo lado esquerdo da pista.
Na investida de Vettel contra Verstappen, o jovem holandês dá uma leve mexida para a esquerda, e tira levemente o pé do acelerador ao perceber que viraria sanduiche entre as duas Ferrari, com Raikkonen já lhe ultrapassando. Essa ‘mexidinha’ foi o suficiente para que a roda dianteira esquerda de seu carro fosse acertada pela traseira direita da Ferrari de Raikkonen, que guina para a direita e acerta em cheio a outra Ferrari, de Vettel.
Pela primeira vez na história da equipe italiana, única a disputar todos os Mundiais de Fórmula 1 desde 1950, seus dois carros foram eliminados antes de completarem a primeira volta de uma corrida.
Na sequência, Raikkonen desliza pelo asfalto molhado e acerta novamente Verstappen na primeira curva, e levam junto Fernando Alonso, da McLaren.
Foi acidente de corrida. Os comissários da Federação Internacional de Automobilismo foram inteligentes e sensatos em não punir ninguém, mas o que me dá mais segurança do meu ponto de vista, depois de analisar em detalhes cada movimento da largada, foi o fato de nenhum dos três pilotos terem soltado os cachorros, um contra o outro, como sempre acontece nesses acidentes polêmicos.
Apesar da frustração e do ponto de vista distintos dos três, Vettel, Raikkonen e Verstappen foram o box de suas equipes em paz, sinal de que foi mesmo um acidente de corrida, coisas que acontecem e que podem – muito nesse caso – mudar a história do campeonato.
‘VALE’ ESTÁ DE VOLTA
21 dias após fraturar tíbia e fíbula da perna direita em treino de enduro, Valentino Rossi está de volta a MotoGP, neste final de semana, em Aragão, na Espanha. Com 42 pontos atrás na classificação, o sonho do 10º título ficou bem distante, mas sua surpreendente recuperação em tão pouco tempo, aos 38 anos, já é mais que uma vitória. Marc Márquez e Andrea Dovizioso lideram o campeonato, empatados com 199 pontos.