Com o crescente número de cães abandonados nas ruas de São Sebastião do Paraíso, o Controle de Zoonoses vem enfrentando o desafio de frear o aumento da população canina, muitas vezes abandonada pelos próprios munícipes. Recentemente, um ataque a criança na rodoviária levantou polêmica após orientação da Vigilância aos comerciantes em não alimentar esses animais no local, a fim de afugentá-los.
De acordo com a coordenadora da Vigilância em Saúde, Daniela Cortez, o Controle de Zoonoses foi alertado sobre a situação e esteve no local para averiguar o problema. “Acontece que os comerciantes estavam alimentando esses animais e começou a atrair cães violentos, que chegaram a atacar algumas pessoas. Nós chegamos a recolher esses animais mesmo sem condições para isso”, explica Daniela.
Conforme a coordenadora, hoje, o canil enfrenta uma superlotação, abrigando cerca de 100 animais quando tem capacidade para 70. Ela conta ainda que o Controle de Zoonoses não tem feito o recolhimento de mais animais, exceto em casos que ameacem a saúde da população.
“Houve uma orientação para que não se colocasse alimento para esses animais, a fim de afastá-los, porque ali há uma aglomeração de pessoas. Acontece que membros de ONGs de animais foram ao local para deixar alimento e comerciantes e a própria Guarda Municipal não deixaram, o que causou polêmica”, elucida.
Segundo Daniela, a última opção foi recolher os animais no local, o que não teria agradado cuidadores. “Eram dois animais que estavam mais agressivos, inclusive chegou a ter um ataque a uma criança de um ano e não poderíamos deixar essa situação. Esses cuidadores não gostaram e não queriam que nós levássemos esses animais para o Canil, queriam que fossem mantidos na rodoviária, mas não é um local adequando porque lá transitam muitas crianças e idosos”, destaca a coordenadora do órgão.
Na quarta-feira (20/9), houve uma reunião entre a Vigilância em Saúde e representantes dessas ONGs. Segundo Daniela, eles não queriam que esses animais fossem mantidos no canil. “Primeiramente nós visamos a saúde pública do cidadão, claro que nunca vamos deixar de respeitar o direito dos animais. Não há maus tratos, nós capturamos esses animais de forma respeitosa e o canil tem uma estrutura para recebê-los. Estamos resgatando somente àqueles que estão causando risco à população, devido ao excesso no canil”, explica.
No entanto, conforme justifica a coordenadora, há outras situações em que também há o recolhimento desses animais abandonados, entre eles atropelamentos e denúncias de maus tratos. “São várias situações em que isso acontece, mas somente em casos que não há outra opção, devido à superlotação no canil. Nessa situação na rodoviária, foi primordial esse recolhimento porque estava tendo ataque a cidadãos”, comenta.
Daniela conta que o número de denúncias envolvendo animais de rua é muito alto, mas que é priorizado às situações de risco. “Ao mesmo tempo recebemos uma pressão muito grande das ONGs devido a questão de maus tratos no canil e isso não acontece lá. O canil está aberto a visitação, e conta com médico-veterinário, dois funcionários para a limpeza e manutenção. No momento, não estamos fazendo a castração porque não há medicação necessária, mas já estamos firmando algumas parecerias para isso”, destaca a coordenadora.
TRABALHO CONJUNTO
Ela ressaltou ainda a necessidade do trabalho em conjunto com as ONGs que também atendem uma boa parte desses animais abandonados. “Temos que trabalhar muito em conjunto, respeitando, sim, suas ideias e ao mesmo tempo atendendo a essa questão do risco à comunidade, porque não podemos deixar de fazê-lo. Temos a intenção de trabalhar a questão da castração para a diminuição desses animais abandonados e também a conscientização da população”.
Somente no município, este ano, foram vacinados mais de 10 mil animais contra a raiva. A coordenadora do órgão, no entanto, ressalta que essa população canina é ainda maior, já que existem os animais de rua e, conforme ressalta, muitas vezes têm donos. Esse é um problema que contribui para proliferação de doenças e se apresenta como um grande desafio, tanto para as ONGs, quanto para o município no controle de doenças como a erliquiose (doença do carrapato).
“Existe uma epidemia desta doença nessa população canina de rua, que é de fácil transmissão, mas parece que as pessoas parecem não ter consciência e é isso o que falta. Por isto estamos trabalhando em conjunto com as ONGs, para também trabalhar essa questão da educação da população. Eu acredito que em um futuro próximo, tanto o município, quanto as ONGs, estarão trabalhando em um mesmo padrão com conversas alinhadas”, destaca.
FEIRA DE ADOÇÃO
Para futuro próximo, ainda sem data marcada, a Prefeitura deve realizar uma Feira de Adoção, com o objetivo de encontrar um novo lar para esses animais e também diminuir um pouco a população do canil. “Queremos fazer essa feira também em parceria com as ONGs, mas ainda não tem data acertada, mas estamos pretendemos fazer para o próximo mês ou início de novembro”, completa.