Nos meados do século XVIII, o ciclo do ouro começava a entrar em declínio na região central de Minas Gerais, devido ao esgotamento dos sedimentos superficiais do precioso metal. O desafio então dos funcionários da Coroa Portuguesa e também dos exploradores autônomos consistia em enfrentar os vastos sertões, em busca de novas áreas de garimpo. Foi nesse quadro que surgiu o povoado que deu origem à atual cidade de Jacuí, no sudoeste mineiro, onde já se tinha conhecimento da existência de ouro. Outras anotações indicam o ano de 1725, quando é provável que já havia casas na região devido a uma suposta telha de barro encontrada com a inscrição desse ano.
No histórico disponibilizado no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, consta que o distrito de São Carlos do Jacuí foi criado em data anterior ao ano de 1745. Passados sete décadas, um alvará régio, de 19 de julho de 1814, criou as vilas de São Carlos de Jacuí e de Santa Maria de Baependi, determinando os seus limites com o termo da vila da Campanha da Princesa. Esse alvará foi publicado na edição de novembro de 1814, do jornal O Patriota, do Rio de Janeiro. Quinze meses depois, no dia 1 de novembro de 1815, foi realizada a instauração da vila ou, nos dizeres da época, as autoridades promoveram o Auto de Levantamento da Vila.
No dia 15 de outubro de 1869, o presidente da Província de Minas assinou a lei 1611, elevando a vila à categoria de cidade. A mesma lei também elevou à categoria de cidade as vilas de Formosa de Alfenas e Dores da Boa Esperança. Entretanto, o importante evento, sinalizado na assinatura da referida lei, não correspondia à realidade das deliberações das autoridades de Ouro Preto. Um mês depois, o governo provincial comunica ao delegado nomeado de Jacuí, a impossibilidade de constituir, com recursos provinciais, um destacamento policial para atender a localidade, sinalizando a ordem oficial de que os crimes ocorridos no povoado fossem combatidos da forma possível.
Mais de meio século depois da criação da vila, já na fase final do Segundo Reinado, em consonância com política centralizada em Ouro Preto, por motivos não relevados de forma explícita em atos oficiais, a então condição de vila e sede de município é alterada pela lei provincial 1641, de 13 de setembro de 1870, sendo seu território anexado ao então criado município de São Sebastião do Paraíso. Na prática, se diz na linguagem comum que o município teria sido transferido para uma nova sede.
Essa alteração na condição política gerou profundo descontentamento em parte das autoridades até então baseadas no distrito sede do município de Jacuí. Algumas autoridades se recusaram em “transferir” suas funções para Paraíso, enquanto outras resolveram fixar suas residências na nova localidade que sinalizava melhores condições de desenvolvimento social e econômico. Em 1881, o então extinto município de Jacuí é restaurado como cidade sede, sendo desvinculado de São Sebastião do Paraíso. Em 1923, o nome do histórico berço do sudoeste mineiro é alterado para somente Jacuí.