Natural de São Sebastião do Paraíso, Minas Gerais, Francisco Soares Netto nasceu em 1856, no seio de uma grande família que fixou residência no povoado, nos meados do século XIX, antes da sua elevação à categoria de sede de município. Sua memória foi preservada com a atribuição do seu nome a uma rua central da cidade, a Travessa Soares Neto, para a qual fica voltada a parte do fundo da Igreja Matriz. Seu pai, Antônio Francisco Soares foi um dos membros da Guarda Nacional, no regimento instituído em 1868, composta por vários cidadãos que, anteriormente, residiam na vila de Jacuí. Dois anos depois, ocorreu a transferência da sede do município para Paraíso.
Após receber instrução primária em sua terra natal, Soares Netto foi estudar em São Paulo, onde concluiu os estudos secundários e ingressou na Faculdade de Direito, tornando-se no primeiro paraisense graduado em ciências jurídicas, ainda no tempo do Império. No campo político vivenciou momentos de transição do antigo regime para os primeiros anos do período republicano. No acervo digital mantido pela Associação dos Antigos Alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo consta que Francisco Soares Netto pertenceu à turma de número 52 da renomada escola superior, cuja colação de grau realizou-se no dia 9 de novembro de 1883.
Na capital paulista o jovem estudante entrou em contato com ideias republicanas e participou dos acalorados debates da época, em favor da queda da monarquia. Nesse sentido, no mesmo ano que ele concluiu o curso de direito, participou da fundação do Clube Republicano Mineiro de São Paulo, juntamente com outros jovens mineiros que estudavam na capital paulista. Na época, havia várias outras associações republicanas, tal como a Clube Republicano dos Homens de Cor, entre outras, que defendiam o advento do novo regime para superar o pensamento absolutista.
O Clube Republicano Acadêmico de São Paulo publicava o jornal intitulado “A República”, que noticiou a lista dos bachareis formados pela renomada Faculdade de Direito do Largo São Francisco, do final de 1883. Foi ressaltado que no transcorrer do curso jurídico, vários foram os esforços manifestados em favor dos princípios políticos republicanos e liberais, condenando as ideias voltadas para os fundamentos absolutistas do Império. Havia dezenas de estudantes das principais províncias, cujos nomes constavam no referido periódico. Entre os estudantes mineiros, estava o jovem Francisco Soares Netto, de São Sebastião do Paraíso.
Após concluir o curso de ciências jurídicas, o jovem defensor de ideias liberais e republicanas retornou a São Sebastião do Paraíso, para iniciar carreira de advogado. Devido à sua militância política, logo no início do período republicano, em 15 de fevereiro de 1890, foi nomeado presidente da Primeira Intendência, um grupo de cidadãos encarregados de administrar a cidade até a realização de eleições. Posteriormente, voltou a administrar a cidade, em 1898, sendo sucedido pelo coronel Herculano Cândido de Mello e Souza. Soares Netto faleceu aos 75 anos, em 1931, quando no cenário nacional apenas iniciava a longa Era Vargas.