SAÚDE ANIMAL

A dor humana na morte dos animais

Por: Rogério Calçado Martins | Categoria: Saúde | 30-07-2018 09:16 | 902
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Caro leitor, é muito difícil para nós humanos, quando um animalzinho que está sob nossa responsabilidade, morre. É algo que experimentamos definido por muitos como “uma dor imensa que

não se pode comparar a nada, difícil de explicar e que demora um longo tempo para ser superada”.


Em muitas e muitas ocasiões (eu diria na maioria das vezes), a morte de um bichinho de estimação dói tanto quanto à de um familiar “humano”. O sentimento que nutrimos por eles é tão valioso, que não podemos imaginar nossas vidas sem a presença deles. Pensamos que “nada será como antes” e até sonhamos com eles por diversas vezes, após sua morte. O ‘estado de luto’ é profundo e dura muito tempo, mesmo que saibamos de todas as “explicações” para o fato e etc.

Por ser um sentimento definido como “amor puro e sem troco” e ser tão intenso é o que, talvez, explique todo esse turbilhão de emoções que nos leva quase ao desespero e, para algumas pessoas, à um estado de tristeza profunda e duradoura. Infelizmente, o tempo de vida deles é curto em relação ao tempo de vida humana, mas é compatível com a Lei Natural de Deus para cada Ser Vivo desse planeta maravilhoso em que vivemos. Em algumas situações, doenças, problemas genéticos ou mesmo acidentes, acabam por antecipar o fim desse tempo. E, como não estamos, ainda, preparados para perdas, ainda mais sendo desse porte emocional, sofremos em demasia. E o sentimento piora quando encontramos pessoas que não tem animais de estimação e acham tudo isso uma “bobagem”, uma “frescura”. Mas, não é! É algo muito sincero e que deve ser respeitado para cada pessoa, individualmente.

Mas, como superar essa situação? Penso que todos temos o direito de expressar nossos sentimentos, e que podemos ter o tempo que for necessário para aliviar nossos corações, mas devemos enfrentar e confrontar a perda, para nosso próprio bem e em prol de nossa própria evolução e, também, de nossos queridos animais, pois certamente há outros que necessitam de nosso cuidados.

Animais que estão com doenças crônicas, com doenças terminais ou muito idosos e já em “reta final”, precisam de um grande amparo nosso. É preciso enxegar o quão boa foi a vida que demos à eles até aquele instante, e é necessário demonstrar isso com afeto e cuidados necessários para cada ocasião.

Ah... e tudo bem: podemos chorar! É notório que sentiremos a falta deles, mesmo depois de muito tempo e de tudo “superado”. Podemos, até mesmo, ter sentimentos ‘estranhos’, como choros incontroláveis, problemas na escola ou no trabalho ou mesmo dificuldade para dormir ou exercer tarefas básicas do dia-a-dia, afinal, como já comentamos, o sentimento é muito forte nessas relações humano-animais. E esse ‘laço’ foi criado para que nossa responsabilidade não seja deixada de lado contraposta à coisas banais da vida terrena. Mas, precisamos seguir adiante, cuidando de nossas vidas, de nossos familiares e, em especial, de outros animais que necessitam de nossa ajuda e proteção. Se Deus achou que você seria uma boa pessoa para cuidar de um animalzinho, porque você irá ‘desprezar’ isso não cuidando de outro(s)? E, pensando assim, você sempre terá um animalzinho para amar e cuidar, cumprindo “uma” de várias funções aqui, nessa vida!

É preciso lembrar dos bons momentos, de como você cuidou bem dele, alimentou, deu carinho, proteção, cuidou da saúde dele, lavou, levou para passear e todas essas coisas sensacionais que fazemos junto com nossos companheirinhos. E, quando paramos para pensar desse modo, percebemos o quanto somos ‘sujeitos de sorte’, por ter tido essa oportunidade de ter sido o “responsável” por tudo isso. Na realidade, é muita responsabilidade!

Caso tenha dificuldades em ‘enfrentar o luto’, não hesite: peça ajuda! Pode ser amigos, familiares, lideres religiosos, psicólogos ou o próprio profissional veterinário que cuidou dele. Nessas situações, não encontramos palavras melhores do que um abraço sincero e acalentador, além de um ombro amigo para chorarmos e nos consolarmos. E, quanto tempo dura essa tristeza? O tempo necessário para o seu coração entender que a tristeza desse momento jamais substituirá os momentos de amor vividos entre vocês. Você sempre amará seu animalzinho, mesmo que ele não esteja mais aqui. E, aos poucos a tristeza desaparecerá e sobressairá todo esse sentimento de ‘dever cumprido’. E, além disso, aflorará tudo aquilo que seu animalzinho deixou de ensinamento para você: amor sincero e ‘sem troco’, sorriso fácil, alegria de viver, independente de qualquer situação!
Viva bem consigo mesmo, fique em paz e dê uma chance à outro ‘serzinho’ que necessita de cuidados de alguém como você, que ama os animais.

*ROGÉRIO CALÇADO MARTINS – médico-veterinário – CRMV/MG 5492
*Especialista em Clínica e Cirurgia Geral de Pequenos Animais (Pós-graduação “lato sensu”)
*Membro da ANCLIVEPA (Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais)
*Consultor Técnico do Site  www.saude animal.com.br
*Proprietário da Clínica Veterinária VETERICÃO (São Sebastião do Paraíso/MG)