Ao final do GP da Hungria, Toto Wolff quis elogiar a atuação de Valtteri Bottas, mas acabou criando saia justa com o piloto da Mercedes que se sentiu ‘machucado’ ao tomar conhecimento das declarações do chefe da equipe de que Bottas “merecia terminar no pódio porque foi um sensacional escudeiro”. Wolff tentou remendar as palavras, mas já era tarde.
De fato, o trabalho de Bottas foi mesmo de um grande escudeiro. Não que sua intenção fosse ajudar Lewis Hamilton vencer a prova, mas a Mercedes. A atuação impecável de Hamilton que colou outra vitória improvável pela segunda vez seguida no bolso só foi possível graças, também, à atuação do companheiro de equipe.
Na 40ª volta, Sebastian Vettel liderava a corrida depois da parada dos pilotos da Mercedes, e foi para os boxes. A Ferrari se atrapalhou no pneu dianteiro esquerdo e devolveu o alemão atrás de Bottas. O finlandês havia parado na 16ª e estava prestes a fazer o segundo pit stop, mas diante do quadro que se formou, a Mercedes ‘sacrificou’ a estratégia de Bottas, mantendo-o na pista, e este mesmo com os pneus bastante gastos, impediu o ataque de Vettel, levando-o a perder o melhor momento dos pneus ultramacios.
Não fosse o pit stop lento, Vettel muito provavelmente teria tirado a diferença para Hamilton e brigado pela vitória nas últimas voltas. Esse era o plano dos estrategistas da Ferrari depois da derrocada do sábado por causa da forte chuva que caiu durante a classificação e aniquilou o favoritismo da escuderia italiana. Hamilton e Bottas colocaram a Mercedes na primeira fila do grid, mas diante das dificuldades dos carros da Mercedes se adaptarem aos pneus mais macios da Pirelli no calor, as chances de vitória da Ferrari ainda eram boas no domingo com o sol forte que castigava o asfalto de Hungaroring.
O que ninguém entendeu até agora é ‘por onde entrou o coelho’ que os engenheiros da Mercedes tiraram da cartola para fazer esses mesmos pneus aguentar, e bem, a primeira parte da corrida? Hamilton liderou até a volta 26 com os ultramacios, mágica pra quem sequer havia conseguido dar mais do que duas voltas lançadas com esses compostos na sexta-feira.
A segunda derrocada consecutiva da Ferrari – a primeira foi com o erro de Vettel uma semana antes, na Alemanha, quando liderava e bateu sozinho – pode ser creditada, primeiro à chuva do sábado e a extraordinária atuação de Hamilton no molhado, e segundo à atuação de Bottas que acabou sendo um guardião de Hamilton.
Bottas segurou Vettel por 25 voltas até que o alemão conseguiu fazer a ultrapassagem, mas já era tarde para esboçar qualquer reação, até porquê, Hamilton já estava muito distante e os pneus da Ferrari também já tinham ido para o espaço.
E assim a Fórmula 1 entrou em período de férias com a liderança folgada de Hamilton com 24 pontos de vantagem sobre Vettel (213 a 189), justamente num momento de superioridade dos carros da Ferrari sobre os da Mercedes.
Só para efeito de comparação, no ano passado Vettel tinha 14 pontos de vantagem sobre Hamilton antes das férias de agosto, mas era o inglês quem tinha o melhor carro e virou o jogo.
Fica a expectativa de como será a segunda metade do campeonato que retona dia 26, na Bélgica.
Corrida do Milhão
Com Felipe Massa entre as principais atrações da Corrida do Milhão, a Stock Car retoma o campeonato depois longa pausa de 65 dias. Quem vai levar desta vez o prêmio de R$1 milhão? Goiânia foi escolhida pela terceira vez para sediar a prova mais importante da categoria, mas desta vez no anel externo do Autódromo Ayrton Senna. A largada está prevista para as 11h30.