Para discutir medidas em favor da recuperação da cafeicultura o presidente Fernando Henrique Cardoso -FHC- recebeu na terça-feira (23), no Palácio do Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves, candidato ao governo de Minas. Aécio estava acompanhado pelo deputado federal Carlos Melles e pelas principais lideranças nacionais da cafeicultura. Os ministros Pedro Malan (Fazenda), Pratini de Moraes (Agricultura) e Pedro Parente (Casa Civil ), estiveram presentes.
"O governo reconheceu a legitimidade das propostas e deve emitir um parecer nas próximas horas", comentou o deputado Carlos Melles no final do encontro.
Ao entregar o documento Aécio Neves pediu agilidade na liberação de R$690 milhões para o financiamento da colheita de café no Estado de Minas Gerais. Liderando o grupo político como presidente de honra do Conselho Nacional do Café (CNC), o deputado Carlos Melles detalhou o conjunto de medidas que são imprescindíveis para a retomada de rumo da política do café.
A reunião foi precedida por um expressivo encontro em
Belo Horizonte com o deputado Aécio Neves, reunindo prefeitos e presidentes de cooperativas de café do Sul e Sudoeste de Minas - a maior região produtora de café do País, além de dirigentes de órgãos da agropecuária, como a Faemg e de parlamentares como os deputados Silas Brasileiro e Carlos Mosconi, que também estiveram no encontro em Brasília.
Segundo a assessoria do deputado Carlos Melles, dentre as medidas apresentadas ao presidente Fernando Henrique estão, facilitar o acesso ao crédito de comercialização cujo valor total aprovado pelo Funcafé é de R$690 milhões, através de uma diminuição de risco do agente financeiro criando-se um seguro para tal fim. Liberação de mais R$500 milhões com recursos da Poupança Ouro do Banco do Brasil, eqüalizados pelo recurso do Funcafé, visando aumentar a
quantidade de sacas gerenciadas pelo programa. Desta forma o setor terá R$ 1.190.000, 00 disponível para a comercialização. Foi solicitado permissão para que os cafeicultores possam utilizar-se de mecanismo de opções
de venda, como complemento no ordenamento do fluxo de oferta de safra. Aportando para este fim R$900 milhões.
Ainda segundo Melles, durante a reunião tratou-se da importância do Conselho Deliberativo de Política Cafeeira - CDPC. "Mostramos que o CDPC precisa ser reformulado para que ganhe realmente legitimidade e o poder de ser um órgão deliberativo de política de café", diz Melles.
Outro ponto abordado no encontro diz respeito ao problema que precisa ser resolvido a curtíssimo prazo, sobre o alongamento das dívidas dos produtores contratadas após 23 de junho de 2001.
Além disso o setor fez solicitações de longo prazo, co-mo a reformulação do modelo de gestão e de capitalização do Funcafé, sendo avaliada a possibilidade de sua transformação em sistema assemelhado ao do FAT, e o restabelecimento do sistema de preço de garantia para o café ou de modelo assemelhado que assegure renda mínima aos produtores.
Melles disse que a grande preocupação é oferecer total suporte para que a cafeicultura brasileira, sobretudo em Minas que produz metade do café brasileiro, possa recuperar preços e ordenar a oferta de 45 milhões de sacas que estão sendo colhidas nesta safra, a maior de todos os tempos. "Temos que transformar o ônus em bônus, garantindo milhares de empregos e mantendo a importância econômica do produto café", disse o deputado.