Empresário paraisense fala sobre alta do dólar e "risco-Brasil"

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 04-08-2002 00:00 | 1028
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A economia do Brasil, vive um momento de conturbação. O secretário do Tesouro dos EUA, Paul O'neill causou desconforto no governo brasileiro ao declarar que países latino-americanos em dificuldade precisam provar que sabem fazer bom uso de empréstimos internacionais, e assegurar que esse dinheiro não saia do país "direto para uma conta na Suíça".
"O investidor que tem dinheiro no Brasil, após essa declaração obviamente que irá retirá-lo", é o que conta o administrador de empresas e exportador Sérgio Lazzarini proprietário da empresa de fios cirúrgicos, Polysuture, instalada em São Sebastião do Paraíso. 
Quando o investidor desacredita em um negócio, ele sai o mais rápido possível. Então isso gera uma procura maior de dólar no mercado, e isso faz com que os preços se elevem. Além disso, os empresários que mexem com importação vislumbrando uma desvalorização ainda maior, anteciparam pagamentos de câmbios já determinados (a prazo) para escapar de uma desvalorização ainda maior da moeda, por isso, houve uma busca muito grande de dólar no mercado e isso fez com que ela batesse o recorde de 50% desde janeiro, quando chegou a R$3,48.

MELHORA DO QUADRO
O dólar, na quinta-feira,1, teve uma baixa de 9,22% chegando a R$3,23. Isso ocorreu devido a um acordo anunciado com o Fundo Monetário Internacional -FMI. "Para ceder, acredito que o dólar não precisa da entidade, pode ser por uma ação própria do mercado, obviamente que com essa ajuda o "risco-Brasil" diminui", opina Lazzarini, acrescentando que quando isso acontece, o investidor se sente mais confortável em aplicar. "Acredito que o Brasil deveria criar meios e formas de depender menos do FMI, capacitando o produtor para que ele possa exportar e trazer mais divisas para o País", comenta. 
O empresário conta que essas divisas não vêm como empréstimo, mas sim como pagamento de um serviço ou de um produto prestado. "Para isso deveríamos ter uma revisão na carga tributária, que é desumana. O Brasil tem que aprender a caminhar com as próprias pernas", comenta.
Segundo ele, o que ajudaria mais o exportador brasileiro seria a diminuição do nível de impostos que encarece muito os produtos nacionais, mesmo tendo uma mão-de-obra barata, pois tira do produto brasileiro a competitividade que ele poderia ter. Se fosse menor, o produto nacional teria condições, independentemente da avaliação do dólar, de fazer mais exportações e ter uma balança comercial mais equilibrada. "Obviamente, se temos uma entrada maior do que a saída, precisaríamos menos de FMI e de investidores financeiros", opina.
Além disso, conta que no País existem uma série de empresas que não pagam impostos e estão no mercado competindo em um nível completamente diferente. "A competitividade dela é bem maior, ou seja, estamos beneficiando quem não paga", diz.
O "risco-Brasil", segundo ele, está na incapacidade dos governantes em fazer as coisas certas no momento certo. "Fernando Henrique Cardoso, quando foi eleito, prometeu uma reforma administrativa e tributária que não saíram, e além disso, deveríamos ter também uma reforma judiciária", conta, dizendo que as leis são antigas, fracas e de pouca aplicação.
Nádia Bícego- Repórter - Tatiane Pereira da Silva-P.A.J.