Há quatro meses a jovem Rose Aires, de vinte e sete anos recebeu a notícia de que estava grávida de trigêmeos. Seria apenas uma boa notícia se não fosse um fato curioso. Rose já teve anteriormente três gestações múltiplas: primeiramente dois casais de gêmeos, seguido por trigêmeos e agora novamente, a atual gestação tripla. Com uma renda mensal muito baixa, teve que deixar seus sete filhos com parentes em Guaxupé, e atualmente necessita de berços e apetrechos de bebês, já que o único dinheiro de que dispõe são os pouco mais de 200 reais que seu marido ganha como servente de pedreiro, insuficientes para manter a mãe da moça e o pai de seu marido, que atualmente está passando por sérios poblemas de saúde.
Rose teve sete filhos em cinco gestações, sendo uma delas, a rara gestação de quíntuplos, interrompida no quinto mês devido à fragilidade da placenta. A jovem conta que sofreu muito durante o período em que esteve com o seu primeiro marido. "Eu não combinava com o pai das crianças, pois ele era muito possessivo e espancava tanto a mim quanto aos filhos. Quando nascia menina era um sofrimento, pois o desejo dele era de ter somente filhos. Nas meninas, que são duas, ele batia muito", afirma.
Sua história possui momentos de extrema necessidade. Ela conta que passou por muitas cidades e inúmeras vezes dormiu ao relento com os filhos, expondo-os ao frio, à fome e aos constantes comas alcóolicos do pai. "Pelo sofrimento que passei e vendo as crianças sempre doentes, resolvi deixá-las com alguém que tivesse condições de proporcionar à elas um padrão de vida que merecem e que eu nunca teria como sustentar", justifica.
Rose comenta que nunca teve o apoio da família quando abandonava o marido, apesar dele sempre espancá-la e maltratar os filhos. "Minha mãe me ajudou um certo tempo, mas parente é assim: atura uns três meses e depois joga na cara. Eu não tinha condições de trabalhar para sustentá-los e na época achei uma pessoa que cuidasse bem, como cuida até hoje, por isso eu não tenho o que reclamar".
A jovem diz sentir muita falta deles, mas afirma que fez o melhor que havia a ser feito. "Eu sinto muita falta deles, mas sempre que posso eu ligo. Eles falam que a outra é a mãe do coração e eu da barriga" comenta com um sorriso conformado. "Temos uma boa relação", argumenta.
A vida de Rose sempre foi problemática. Aos doze anos foi estuprada. Aos dezessete, engravidou-se dos primeiros gêmeos. O pai das crianças desconfiava da paternidade e era casado com uma mulher de Monte Santo de Minas. Embora os problemas do relacionamento, permaneceram juntos. Aos vinte, nasceu o segundo casal e, novamente aos vinte e dois, o trio de meninos.
Não tendo permanecido com nenhuma das crianças, Rose abandonou o ex-marido, e agora, três anos depois, engravidou novamente de seu atual companheiro, o servente de pedreiro José Rosa Carlos. Eles aguardam o nascimento de mais um trio, previsto para dezembro.
Casos como o de Rose, são raros. Um a cada dez mil. Segundo o médico ginecologista Wellington Reis de Souza, isso se deve à uma maior produção do hormônio FSH responsável pela estimulação do folículo dos ovários. "No caso de Rose, ao invés de haver apenas uma única liberação de óvulo durante o mês, ocorrem duas ou três, o que ocasiona as gestações múltiplas ", explica o médico que tratou do caso da jovem através do Curso para Gestantes promovido pela APAE de Paraíso.
Boa Vontade e compreensão
Necessitando de orientação e maiores cuidados, Rose procurou o curso logo no início da gestação. "Percebemos que apesar dos problemas que vem passando devido à falta de dinheiro para comprar tudo o que é necessário pra manter os bebês, ela mantém a esperança e o otimismo", comenta a psicóloga do curso, Patrícia Chicarone.
Desde 1998, a Escola Especial Mariana Marques, APAE, de São Sebastião do Paraíso promove o curso para gestantes. Totalmente gratuito, o curso visa preparar e ensinar a futura mãe sobre todos os cuidados que deve ter em relação à gestação e ao bebê.
Formado por profissionais como ginecologista, pediatra, fisioterapeuta e dentista, funciona durante seis semanas, quatro vezes por ano. A psicóloga que ministra o curso, observa as principais vantagens de se realizar o curso. Segundo Patrícia, o treinamento vem diminuindo os casos de deficiências, preparando a gestante para um puerpério tranqüilo, contribuindo no equilíbrio emocional da mãe e na saúde do bebê.
Rose observa que as aulas que assistiu a ajudaram consideravelmente. "Aprendi muito, e acho que é muito importante tanto para as mães de primeira viagem como as veteranas como eu. Só tenho a agradecer o carinho e a compreensão de todos comigo, e se pudesse, faria o curso novamente", salienta.
Patrícia lembra à população em geral que o curso é gratuito e que quem estiver interessado, basta procurar a secretaria da escola. "Estamos de braços abertos para receber e ajudar todas as mamães paraisenses", reiterou.
DIFICULDADES
Além do salário de servente de pedreiro do marido, segundo ela, insuficiente para as despesas, Rose anda enfrentando muitas dificuldades. O sogro da moça, Geraldo Carlos Filho, está com uma doença que ainda não se sabe muito bem o que é. Vive na cama e está com o corpo repleto de feridas. Atualmente, ela se desdobra em cuidados com a gestação e com os fraldões, cobertores e lençóis que lava diariamente. Sem dinheiro para pagar o tratamento do pai de José, a família não tem como comprar os carrinhos, berços e até mesmo roupas de recém- nascidos. "Estamos necessitando muito de ajuda. Quem tiver condições, por favor, nos ajude! Precisamos de roupas, camas, berços, tudo o que puderem doar, garanto que será de grande ajuda", diz emocionada.
Quem estiver interessado em ajudar a moça com utensílios de bebê ou fraldões, cobertores e remédios para Geraldo, o sogro de Rose, pode procurar o Jornal do Sudoeste para informações complementares, no horário das 08:00 às 18:00 horas.
Elezângela Aparecida de Oliveira-P.A.J.