O Lar Pedacinho do Céu, entidade que abriga crianças carentes em São Sebastião do Paraíso, desde abril está passando por modificações, desde seu estatuto como na parte funcional. No último dia 31 de julho, a diretoria aprovou mudanças no estatuto, um trabalho no qual a promotora de justiça Silvana da Silva Azevedo se empenhou pessoalmente. Conforme explicou ao Sudoeste a representante do Ministério Público, o objetivo principal é integrar o Lar com a sociedade e a sociedade com aquela entidade assistencial.
Os primeiros resultados dessa integração, de acordo com a promotora já estão sendo notados. Em abril, eram 46 crianças assistidas pelo Pedacinho do Céu, hoje são 26, redução conseguida graças às adoções que se multiplicaram (90% desse total) e de crianças reintegradas às suas famílias, o que também é tido como ponto positivo.
Ainda com a intenção de tornar a sociedade mais integrada e próxima, a promotora salienta que o Lar Pedacinho do Céu se tornou mais aberto aos voluntários, e essa interação tem surtido efeitos benéficos, tanto para o aspecto financeiro da entidade, como no lado emocional das crianças.
Um calendário foi elaborado, cadastrando voluntários, via de regra com suas famílias, que se comprometem uma vez ao mês, comparecer ao Lar e servir um lanche às crianças no período da noite. "Os voluntários sempre vão acompanhados de seus filhos que brincam com as crianças", explica a promotora Silvana Silva Azevedo. Os doadores levam e ajudam a servir. Também com agenda alternada, outros se encarregam de fornecer carne àquela casa filantrópica, além dos que participam de atividades recreativas nos finais de semana.
Sintetizando mudanças comportamentais observadas nas crianças do Lar nesse período, a promotora afirma que antes elas eram "arredias e assustadas, hoje se mostram afetuosas e felizes", e a pretensão era exatamente essa.
O estatuto recentemente aprovado, estabelece direitos e obrigações para as crianças assistidas. No caso de transgressões no que foi estabelecido, "jamais será imposto castigo" mas com ponderação, lhes será atribuído algumas tarefas, explica a promotora.
Regras para a eleição da diretoria, tornando o processo mais democrático, também foram acrescentadas ao estatuto. Um dos requisitos básicos, conforme deixou claro a promotora Silvana Silva Azevedo aos que se dispuserem a essa tarefa, é não estar exercendo cargo político eletivo. A intenção, longe de ser uma atitude arredia aos políticos, é evitar que conotações nesse sentido sejam dadas ou atribuídas ao Lar, ou aos seus dirigentes.
Para as mudanças que estão sendo implementadas, a promotora disse ter o apoio e participação do Executivo, Legislativo e da assistente social judicial e da Justiça da Infância e Juventude da comarca. Ressalta que o recebimento dos repasses de verbas mensais têm ocorrido com regularidade e, isso também possibilita equilibrar o orçamento da entidade.
Conclui, afirmando que antes do Pedacinho do Céu se tornar mais aberto à sociedade, havia uma idéia errônea de que lá havia de tudo e não estaria precisando de nada. "Na realidade, não era bem assim".
O próximo passo será concluir a implantação de uma biblioteca e construir uma sala de brinquedos, para que as crianças não fiquem tanto presos à TV, e conseguir um quadro associativo de contribuintes mensais, com quantias pré-estabelecidas, correspondendo de dez a cinqüenta por cento do salário mínimo.