O setor calçadista, em São Sebastião do Paraíso, está se expandindo cada vez mais. Atualmente o setor emprega diretamente em torno de 500 pessoas que produzem mais de 4 mil peças por dia. A fabricação é bem variada. São feitas botinas, sandálias, drives, chuteiras, entre outros.
Mas estes números tendem a aumentar ainda mais. A Fábrica de Calçados Cacique, a maior delas, está com uma construção em fase final, que, de acordo com Ana Lúcia Fiuza Silva, encarregada do departamento pessoal, dobrará o quadro de funcionários, e pretende empregar dobrar o número de empregados, que atualmente é de 200 pessoas.
Algumas empresas estão crescendo no ramo, outras começando a implantar o serviço. É o caso de Vanderlei de Campos, que conta estar montando uma pequena fábrica, que em um ou dois meses já estará em atividades.
De acordo com ele, a dificuldade maior é a falta de dinheiro. "Preciso comprar algumas máquinas que faltam, se tivesse algum tipo de ajuda, já estaria trabalhando", relata, contando que pretende entrar no ramo porque vem de família de sapateiros. "Meu pai nos ensinou esta profissão, tenho alguns familiares que já trabalham no setor, e por isso resolvi também investir", comenta.
Seu irmão, Vitor Aparecido de Campos, possui uma fabriqueta, onde trabalham em família (pai e três filhos), e mais dois empregados. "No nosso setor existem muitas desigualdades, precisamos de uma cooperativa".
Campos fala que trabalhando em conjunto, beneficiaria a todos. "Os curtumes tem a Cooperle-ather, por isso, quando aumentam o preço do couro, fazem isso por igual, e nós, pequenos calçadistas, entramos em desvantagem", diz, quando comenta que as empresa de grande porte vendem o produto por um menor preço ou às vezes o mantém, quando a matéria-prima tem seu preço alterado. "As pequenas indústrias não podem manter o preço, porque senão vão falir".
Mercado atuante
De acordo com Adalberto Aparecido Gonçalves, as vendas de sapatos, na maioria das vezes, são efetuadas fora da cidade, pois aqui não existe mercado para todos. "Vendemos para todo o Sul de Minas, Estado de São Paulo", conta. A Somark, indústria de calçados, atua no mercado de Mato Grosso do Sul, Norte de Minas Gerais, na fronteira com a Bahia. A fábrica de chuteiras Rada & Paula, exporta chuteiras para o México, Estados Unidos, Alemanha, Chile e Peru. Além disso, é patrocinador oficial do Palmeiras e fornece mais de 10 mil peças para o clube por mês.
Além disso, existem outras empresas que atuam no mercado interno e exportação.
Embora o segmento calçadista represente uma fatia importante na economia paraisense, inclusive promovendo retorno, em termos de impostos arrecadados, mesmo questionado pelo SUDOESTE, os empresários consultados preferiram não informar seus faturamentos.
Empresário diz que menores precisam de emprego
Aproveitando o gancho da entrevista sobre sua fábrica de calçados, Vitor Aparecido de Campos fala de um outro ponto importante em qualquer atividade é dar emprego principalmente para jovens com idade menor a 18 anos. "Devemos ensiná-los a trabalhar e tirá-los das ruas, porque lá aprendem o que não é útil", comenta se referindo ao uso de drogas. "Meu sonho é ver esses adolescentes, um dia, mudando o nosso País, devemos ajudá-los".
Campos fala que isso não é abusar da mão-de-obra de menores. "Eu acho que hoje o País está vivendo esta onda de criminalidade porque eles estão acostumados a não trabalhar, e quando atingem a idade não querem mais fazer nada", conta, reclamando que o Estatuto da Criança e do Adolescente é o maior responsável. "Crianças trabalhando é contra a lei, matar e roubar não é", questiona.
O pequeno empresário diz também que com ele trabalham duas pessoas a quem passou o ofício. "Quando eram jovens, eu os ensinei, e agora não estão nas ruas e são pessoas decentes". N.B.