Irrigação mecanizada poderá custar menos para pequenos agricultores

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 13-10-2002 00:00 | 769
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O processo de irrigação mecanizada é atualmente inacessível à maioria dos pequenos agricultores brasileiros. Contudo, um projeto do senador Geraldo Melo (PSDB-RN) visa garantir acesso a essa tecnologia para os representantes da base da economia do País. Segundo propõe, as distribuidoras não poderão cobrar do agricultor tarifa que exceda a 15% do preço de custo da energia elétrica. Em São Sebastião do Paraíso, diversos profissionais ligados à essa área, expressam suas opiniões à respeito do projeto de lei.
João Sinval de Araújo, diretor da Repamag, empresa especializada na venda de sistemas de irrigação entre outros equipamentos de uso agrícola, acredita que haverá uma intensificação nas vendas, visando proporcionar ao agricultor condições à um custo mais baixo na aquisição de maquinário de irrigação. "Quanto ao custo producional, terá maior competitividade no mercado, já que os produtos agrícolas terão melhor qualidade e serão cultivados em maior número. E com o custo operacional reduzido graças à esse projeto que está aguardando aprovação," observa. 
Sinval afirma ainda que tal decreto irá beneficiar de certa forma pequenos proprietários, em virtude da energia elétrica ser limitada na zona rural, isto é, usando motores monofásicos até 12,5 c.v. "O pequeno produtor se conscientizando de tal benefício poderá usufruí-lo procurando através dos sistemas de irrigação de dispersão ou gotejamento, aumentar significa-mente a sua produção a preços reduzidos," salienta.
Já o técnico da Emater, Sálvio Antunes Pereira, acredita que o projeto do senador Melo é uma grande iniciativa que contribui para tornar o mercado brasileiro mais forte no exterior, contudo ressalta o esquecimento de um fator fundamental para a irrigação. "Nossa água potável é muito pouca, quase escassa. Acredito que essa iniciativa visa melhorar a produção das grandes áreas de irrigação, como no Nordeste, porém lá também há poucos mananciais, assim como na nossa região, que conta apenas com os rios Santana, Liso e Pilões," explica. 
Antunes conta que no Sudoeste Mineiro o fator determinante é a água e não o custo da tarifa cobrada. "Há algum tempo, as chuvas estão ficando mal distribuídas ao longo do ano, e volume pluvial é cada vez menor. Já deveríamos estar trabalhando com processos de irrigação nas lavouras de café de Paraíso, mas o que impede não é o custo da energia, e sim o déficit hídrico, " salienta.
Por outro lado, Marcelo Vieira, do Departamento Técnico da Cooparaíso acredita que tal projeto não beneficiará os pequenos produtores da região, a não ser os fruticultores. "Essa iniciativa de projeto não é voltada para nossa região. Já que a base da agricultura de Paraíso e dos arredores, é o café, que não necessita de muita água, uma vez que aqui, o clima é bem ameno, havendo chuvas regularmente. Acho que o projeto de lei valoriza a região mais árida e os grandes produtores que possuem um maquinário maior, necessitando ter um incentivo que diminua o preço da energia elétrica. Por isso, acredito que esse não é o fator determinante, mas apenas uma parte importante a ser valorizada no processo de produção," afirma.
Contudo, quem poderá ser realmente beneficiado pela iniciativa do senador Melo na nossa região, são os fruticultores, os poucos produtores de café que utilizam a irrigação mecanizada e horticultores como Natalina Portella Bícego. "Há tempos que o resultado final do processo de produção agrícola não obtém nenhuma alta nos preços. É necessário que haja incentivos como esse, que beneficiem os pequenos agricultores. Desta forma, penso futuramente em até colocar um sistema de irrigação no meu sítio. Se realmente for recompensador, serei uma das primeiras a apoiar o projeto inteiramente," concluiu.