Reduzir jornada não é solução, dizem empresários

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 01-12-2002 00:00 | 729
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Diminuir em quatro horas a carga horária semanal de trabalho (atualmente 44 horas), é uma das propostas de governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Alterando a Consolidação das Leis de Trabalho -CLT, Lula espera aumentar em três milhões o número de vagas disponíveis no mercado, sem diminuir o salário.
De acordo com o empresário José Carlos Marinzeck, diretor do Curtume Santo Antônio, em São Sebastião do Paraíso, essa medida proposta, pouco vai adiantar. "Acredito que vai aumentar o desemprego, pois as micro, pequenas e médias empresas estão descapitalizadas, o máximo que farão será diminuir a produção," opina. 
Como sugestão para evitar o desemprego, Marinzeck afirma que a melhor saída seria subsidiar o dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social -BNDES para quem precisa. "Atualmente, o capital é financiado às grandes empresas, que não necessitam de recursos, enquanto as pequenas estão afogadas em juros bancários altíssimos, se juntar o dinheiro financiado em dez das grandes empresas poderia ajudar mais de 20 mil pequenas," salienta.
O também empresário na indústria curtumeira, Wellington Mumic, presidente do Sindipeles, entidade que congrega curtumes em todo Estado de Minas, elogia a intenção do presidente eleito, Lula da Silva, em buscar caminhos para solucionar o desemprego no País. Observa que antes de se falar em reduzir jornada, seria mais proveitoso se proceder uma reforma tributária, reduzindo a excessiva carga tributária do setor produtivo. "Esta seria uma forma de alavancar a produção, o consumo interno, e por conseguinte novos empregos", diz Mumic.
O presidente do Sindipeles menciona que o chamado "efeito cascata" dos impostos inibem a produção, e, de alguma forma, acabam por estimular a exportação de produtos semi-acabados, indo consequentemente gerar emprego em outros países, em detrimento da mão-de-obra de brasileiros. "É preciso se pensar em agregar valores na cadeia produtiva brasileira", diz.
Mumic acha que a CLT deve mesmo passar por "um reestudo urgente". Em um mundo globalizado, é necessário tornar a relação capital - trabalho mais ágil e menos burocrática, da mesma forma que não se almeja a reforma política, a tributária e previdenciária, a diminuição do "custo Brasil", sugere o presidente do Sindipeles, como forma de gerar empregos.
O presidente da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de São Sebastião do Paraíso - Cooparaiso, José Fichina, também concorda que o maior empecilho para a oferta de novos empregos é o excesso de impostos e dos encargos sociais. "Ao se aplicar o encargo sobre o salário pago ao empregado, o custo passa a ser o dobro, e isso espanta o emprego", explica.
Fichina defende um conjunto de medidas, como a "flexibilização" das leis e incentivos para o setor produtivo lhe disponibilizando recursos a juros compatíveis, e não apenas a redução da jornada de trabalho.