Bebidas alcóolicas são cada vez mais comuns entre jovens

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 15-12-2002 00:00 | 710
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Todos os anos, gradativamente está aumentando a quantidade de jovens que usam bebidas alcóolicas. Começando cada vez mais cedo, os adolescentes correm sérios riscos de num futuro próximo tornarem-se alcoolistas. "Não se trata de alcoolismo somente quando está na fase crítica, o ideal é procurar ajuda logo no início," afirma o psiquiatra Maurício Giubilei.
Segundo afirma, o contato com as bebidas acontece muito cedo, uma vez que apesar de provocar a dependência, são consideradas lícitas. "A princípio, a criança é levada a experimentar devido à curiosidade. Também o que acontece muito é a simbologia errada de que o adulto forte e bem sucedido, precisa fumar e beber, o que não é verdade," ressalta.
Uma vez experimentado a bebida alcóolica, cada pessoa tem sensações que vão desde o desagradável até o extremamente agradável. "O problema é que 10 a 15% da população humana sente prazer, não só pelo paladar da bebida, mas também pelos efeitos que causa tais como: euforia, desinibição, aparente coragem, e embriaguez," conta.
Outras pessoas encontram na bebida alívio para sintomas de doenças emocionais. "Só que o efeito anestésico para a depressão, pânico, agorafobia (não tolerar estar fora do controle das situações) e outras doenças de caráter social, passa rapidamente restando apenas a ressaca emocional, que é a culpa," explica Giubilei. 
Muitas situações sociais e familiares favorecem a criança e o adolescente a beber, como por exemplo, os costumes e crenças. "É comum as crianças crescerem ouvindo que o álcool esquenta o frio, alivia algumas dores físicas, aumenta o apetite, é bom para gripe e etc,". 
O médico lembra ainda que nos casos dos jovens, muitas vezes são apresentadas causas consideradas desculpa para a ingestão de bebidas. As mais comuns são conflitos familiares, briga de namorados, aposentadoria por invalidez, separação e perdas. "Outra desgraçada sorte tem o filho de alcoolista, que ao ver os pais bebendo passa a considerar o hábito natural, além da predisposição familiar e até mesmo genética que estes possuem. Isto é bem conhecido hoje, já que a maioria dos jovens que possuem um histórico anterior de casos na família, tem mais chances de se tornar um alcoólatra no futuro," salienta o psiquiatra.
A evolução do alcoolismo segue etapas, começando através da curiosidade, crescendo proporcionalmente. Logo depois vem as bebedeiras esporádicas, seguidas pelas freqüentes de fim de semana, que passam a ser alarmantes quando se tornam hábito todos os sábados e domingos, progredindo assim para a ingestão de álcool a maior parte dos dias da semana, atingindo o ápice, quando a pessoa sente necessidade de beber todos os dias. 
As complicações provocadas pelo vício surgem de 15 a 20 anos após o início do alcoolismo, sendo que no caso dos adolescentes, as conseqüências tendem a serem precoces, surgindo por volta dos 30 anos. "Os problemas causados em função da bebida podem ser classificados em três níveis. O primeiro é social, é quando ocorre a perda de emprego, de capacidade profissional, funcional, promiscuidade e suas conseqüências,".
"Já na parte física, acontece a degeneração do fígado (cirrose), hepatite, pancreatite, gastrite, úlceras, polineurites que são inflamações dos nervos periféricos, responsável pela impotência sexual e infertilidade," ressalta o médico, completando que numa terceira etapa, ocorrem as conseqüências neuro-psiquiátricas, onde há a síndrome de abstinência composta por convulsões, alucinoses e delirium, podendo acontecer ainda encefalites acompanhadas de demenciações.
Segundo o psiquiatra, não se trata o alcoolismo somente na fase complicada, o ideal é o acompanhamento do dependente logo no início do vício. "É bom ressaltar que a bebida em pequenas doses são muito bem apreciadas e inclusive saudáveis, haja visto que já foi descrito na cardiologia a redução da pressão arterial em conseqüência da ingestão de dois copos de cerveja ao dia," afirma.
Aos jovens alcoolistas, o médico recomenda a procura por ambulatórios de saúde mental, psicólogos, psiquiatras e grupos de ajuda como o Alcóolicos Anônimos (AA), Amor Exigente e Alanon etc. "Inclusive oferecemos assistência gratuita no CIAD- Centro Integrado de Atividades Dinâmicas, localizada na Rua Antônio Carlos, 282 próximo à Fundação Gedor Silveira. Alcoolismo tem cura, basta querer abandonar o vício," concluiu.