2002 foi bom para indústria, afirmam empresários

Por: Redação | Categoria: Arquivo | 29-12-2002 00:00 | 731
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Em termos de vendas e aproveitamento do setor industrial de São Sebastião do Paraíso, 2002 foi um ano relativamente bom. Pelo menos é o que afirmam alguns dos diretores de indústrias instaladas no município. "Foi muito lucrativo e a expectativa é que continue assim no ano seguinte. Houve algumas dificuldades em relação a obtenção de matéria-prima, que passaram a ser mais caras," afirma o proprietário da Producol, Sérgio Roberto Merizzi, empresa especializada em fios cirúrgicos que presta serviços à Orion, responsável por grande parte do mercado mundial neste segmento.
Da mesma área, José Roberto Carvalho, diretor industrial da Polysuture, afirma que suas expectativas foram superadas. "Foi um ano de crescimento significativo. Aumentamos cerca de 400% as atividades comerciais desde que a fábrica abriu as portas em julho de 2001. Este ano foi bom para estabelecer contatos, sendo que já começamos a colher os frutos, em conseqüência dos esforços do departamento de marketing, que possibilitou a nossa presença na Feira Hospitalar de São Paulo-SP, o que expande a imagem da nossa empresa, que já exporta para países como Bélgica, África do Sul, Equador, Bolívia, Coréia do Sul, Peru, além de outros países da América Latina," explica.
Para 2003, as previsões são otimistas. Carvalho espera que a indústria tenha um crescimento de 30%. "Estamos em via de obtenção de certificados realmente importantes para a expansão da exportação, tais como o ISO 9000 e CR, uma espécie de passaporte para comercializar produtos manufaturados na Europa, que sempre passam por restrições devido ao fato do Brasil ser um País de exportação de matérias-primas e não de produtos mais técnicos," conta. 
A empresa protocolou pedido para receber o certificado de Boas Práticas de Fabricação, o que na opinião do diretor, diferencia a empresa, já que das 18 existentes no País, uma multinacional o conquistou, contribuindo ainda, para a ampliação dos negócios na América Latina. De ponto negativo, Carvalho lembra a necessidade da pavimentação do Parque Industrial II, onde se situa a empresa. "Tivemos todo o apoio da Prefeitura, mas acho que realmente falta melhores condições de infra-estrutura e é o que eu acredito ser o desejo da unanimidade das empresas," completa.
Outra área industrial de destaque na cidade é a fabricação de calçados, que divide opiniões quando o assunto é balanço de fim de ano. 
"Foi um ano ótimo com crescimento de vendas não só para exportação, mas também no mercado interno. Abriram-se portas de vários países como a Grécia, Alemanha, Portugal e Espanha. Aumentamos a área da fábrica e conseqüentemente a produtividade, e agora estamos aguardando a entrada do novo presidente com a expectativa de que 2003 seja ainda melhor do que foi este ano," comenta o encarregado do departamento de marketing da Fábrica de Calçados Cacique, Renato Campos Costa. 
A Fábrica Roda&Paula, funcionando em Paraíso desde o final do mês de junho de 2002 enfrentou altos e baixos. "Apesar de ainda estarmos em fase de implantação, foi um ano relativamente bom. O que atrapalhou um pouco foram os gastos excessivos, que impossibilitaram a empresa de superar as expectativas de venda no ano. Mas, em compensação, para 2003, estamos confiantes, tendo mais de 15 mil pares vendidos para janeiro. Temos que fabricar mil pares de sapato por dia, mas vamos conseguir. Mesmo, com os problemas de especulação do dólar, mudança de governo e outros obstáculos que dificultam a exportação, a empresa fecha o ano com êxito, " concluiu o gerente comercial José Rovilson da Silva, com otimismo.

O ano de 2002 foi muito ruim para o segmento de mobiliários para escritório. Quem afirma é Temístocles Lemos Gargantini, diretor da Magarpo. “A nossa empresa atua principalmente com três perfis de clientes, em três situações distintas de venda que são as contratações de funcionários, os novos investimentos em abertura de empresas ou filiais e reformas, atendendo principalmente os bancos privados, as grandes empresas multinacionais e instituições públicas”.
“Os bancos e as multinacionais reduziram drasticamente os investimentos este ano, portanto houve poucas contratações e quase nenhum novo investimento em novas unidades, por isso a maior parte dos serviços realizados este ano se deram por conta de reformas ou implantações que já vinham sendo planejadas há muito tempo,” comenta o diretor.
Para Gargantini, os principais motivos dessa retração foram as incertezas eleitorais, somadas a um panorama geral de piora da economia mundial. “Outro fator que nos foi muito prejudicial é o grande aumento que nossos principais insumos sofreram, cerca de 20%, levados principalmente pelo aumento do dólar e é por isso que de maneira geral, o ano foi bem pior que 2001, tendo uma sensível redução no faturamento da empresa,” justifica.
Em relação a 2003, o diretor afirma não ter expectativas muito animadoras. “Acredito que as empresas irão esperar os primeiros meses de governo para voltar a sinalizar com novos e maciços investimentos. Portanto, só creio em recuperação a partir do segundo semestre do ano que vem. No entanto, os passos dados até agora pelo governo Lula me parecem bastante favoráveis, já que, ao que tudo indica, esta nova equipe de governo deverá seguir à risca a cartilha usada por FHC com austeridade fiscal e cumprimento de contratos.”
“Minha expectativa para o governo que vai se iniciar era a pior possível, porém estou conseguindo ver alguns pontos positivos neste pré-mandato até agora com a escolha coerente de pessoal de fora do PT para o comando das principais instituições do governo,” concluiu.
Elezângela de Oliveira