O reitor da Universidade Federal de Lavras (Ufla), José Roberto Soares Scolforo, fez uso da tribuna da Câmara de São Sebastião do Paraíso na sessão de segunda-feira (13/8), onde apresentou o projeto das futuras instalações do câmpus da instituição no município. Scolforo, que já havia feito uma apresentação no local onde será o câmpus (matéria nesta edição), aproveitou a visita a Câmara para esclarecer dúvidas e tranquilizar a todos sobre qualquer possibilidade do projeto não dar certo. Conforme afirmou, "a Ufla em Paraíso não é mais projeto, é realidade".
"Vim aqui hoje, primeiramente, para prestar contas a todos vocês, mas também para agradecer a várias pessoas, começando pelos senhores: ao presidente da Câmara, Marcelo Morais, ao vice-presidente, Vinício Scarano, aos vereadores Luiz de Paula, Lisandro Monteiro, Ademir Ross, Sérgio Gomes, Jerônimo Aparecido, José Luiz das Graças, Paulo César e a vereadora Cidinha Cerize", disse após apresentação do histórico da Ufla. Segundo Scolforo, ele frequentemente faz uso da tribuna da Câmara Municipal de Lavras para falar sobre os rumos da universidade no município.
O reitor afirmou que todas as condicionantes para a implantação do câmpus da instituição em Paraíso foram cumpridas e que por isto o projeto é uma realidade para o município. Scolforo lembrou ainda que o papel do prefeito Walker Américo Oliveira, do secretário de Desenvolvimento Econômico, do deputado Antônio Carlos Arantes e, principalmente, do deputado federal Carlos Melles, foi crucial para que todas estas condicionantes colocadas pela universidade fossem atendidas. "Vocês, vereadores, colaboraram demais: a área que pertencia ao Sesc e foi doada a Ufla", ressaltou ao dizer que esta era uma condição.
Scolforo disse ainda que a notícia que ele veio trazer a Paraíso (construção do câmp-us da Ufla), vai influenciar de maneira positiva a vida de todos e voltou a lembrar que crise enfrentada por universidades brasileiras não é a realidade da Ufla. "Temos conseguido manter o ritmo de crescimento graças a muita persistência. Você não tem ideia de quantos "chás de cadeira" tomamos, de quantos nãos ouvimos. A Ufla Lavras não está em crise, está em um rumo de crescimento porque sabemos fazer gestão, sabemos fazer conta", explicou.
De acordo com o reitor, foi gestão que permitiu que a universidade economizasse R$ 8 milhões do custeio da universidade. "Nós montamos um plano ambiental tão fabuloso, que esse plano nos impulsionou para o mundo. A água da Ufla é produzida dentro da própria Ufla; o esgoto da Ufla é tratado dentro da própria Ufla, não somos Copasa", disse o reitor, destacando que entre as ações está também à economia de energia elétrica, sendo os painéis de energia fotovoltaica uma exigência para as implantações no novo câmpus em Paraíso, de modo a baratear o custo da energia elétrica. Ele destacou ainda que o sonho seria conseguir uma usina de energia fotovoltaica para a universidade deixar de ser compradora de energia e passar a ser vendedora.
"Tudo o que consigo economizar, consigo investir em educação e por isso não temos passado por crise. Fizemos um plano pensando no futuro, não foi para dar resultado em um ano. E com o câmpus em Paraíso, não pensem que em um ano ele vai mudar a vida das pessoas, mas pensem que este é o começo. Estamos plantando algo que será maravilhoso para Paraíso e para a microrregião, assim como foi em Lavras. A Ufla gerará desenvolvimento e oportunidade a todos de Paraíso e região", ressaltou.
A CÂMARA
Após a explanação do reitor da Universidade de Lavras vereadores aproveitaram para tirar dúvidas e felicitar Scolforo pela implantação da universidade em São Sebastião do Paraíso. Jerônimo Aparecido lembrou a apresentação feita horas antes em área onde será implantado o câmpus e se disse agradecido pelo empenho do reitor em tornar realidade a Ufla em Paraíso. "Estamos aqui há quase 20 anos e tenho certeza que a doação desta área foi o projeto mais importante que esta casa já votou, e com muito prazer", ressaltou.
O vereador José Luiz das Graças disse que a Ufla é uma realidade em Lavras, mas que é uma esperança para São Sebastião do Paraíso. "Desde 2013 tenho cobrado das autoridades públicas para a implantação de uma universidade federal em Paraíso. Sempre cobrei porque acreditei e acredito que é possível e continuarei cobrando a construção da universidade federal, mas não posso deixar de agradecer todos que estiveram envolvidos neste processo", disse.
O vereador Sérgio Aparecido Gomes fez coro às palavras do vereador Jerônimo. "Nós é que temos que lhe agradecer por sua luta, por seu empenho e por trazer essa instituição de ensino superior para São Sebastião do Paraíso. Desde 2005, quando iniciei na Câmara sempre preguei o artigo da lei orgânica que o incentivo ao ensino superior em nossa cidade", disse. Serginho lembrou sua origem humilde e que com muito esforço concluiu duas faculdades em São Sebastião do Paraíso e que se sentia orgulhoso por ter estudado no município.
"Venho de uma família muito pobre, fui servente de pedreiro, mas consegui concluir minha faculdade e hoje tenho muito orgulho de ser advogado na comarca. Quando o senhor diz que 50% dessas vagas serão destinadas aos estudantes de escola pública, meu coração transbordou de alegria, porque são essas pessoas, as carentes, que precisam, que sonham em ingressar no ensino superior e que às vezes não têm condições", destacou.
Vinício Scarano também saudou o reitor e disse que os deputados Carlos Melles, Antônio Carlos Arantes, o prefeito Walker Américo e Câmara foram primordiais nesse processo. Scarano lembrou a descrença que havia diante do histórico da política atual e de promessas anteriores que não foram cumpridas. "As pessoas não têm dado credibilidade ao que falamos, principalmente em relação a um acontecimento deste que é uma universidade federal do conceito da Ufla se instalar aqui. Quando o senhor vem e ouve isso, imagino que seja uma facada porque sabemos o quanto tem trabalhado para que isto aconteça. Pedimos desculpa por isto, eu sei que é uma realidade", destacou.
Cidinha Cerize também disse que era uma honra receber o reitor da Ufla na Câmara Municipal. "Quando o encontrei pela primeira vez na prefeitura, vi que se tratava de uma pessoa persistente, objetiva, determinada e visionária. Em nossa visita técnica na Ufla em Lavras o senhor nos passou muita credibilidade e confiança", destacou.
"Não podemos nunca tirar o mérito de quem nos conseguiu, dos deputados, do secretário de Desenvolvimento Econômico, dos vereadores e todos aqueles que participaram do processo. A sua explicação é clara no que o senhor propõe para Paraíso, ela tem um crescimento exponencial e temos que entender que sempre em um mundo em crise, há empresas que estão crescendo e ampliando, graças a gestão e planejamento que o senhor e sua equipe faz de forma brilhante", ressaltou.
O vereador Luiz Benedito de Paula também lembrou a visita ao câmpus da Ufla em Lavras e disse que após isto passou a acreditar ainda mais na instalação do câmpus em São Sebastião do Paraíso. "Parabéns pelo empreendedor e pessoal motivada que o senhor é. Em nome de todos os cidadãos paraisenses agradeço a todas as pessoas envolvidas", disse. O vereador Paulo Cesar (Tatuzinho) também falou da alegria em poder presenciar o acontecimento e ressaltou a importância que a Ufla irá proporcionar à educação e a economia do município.
Lisandro Monteiro também argumentou que era uma das pessoas que não acreditavam que isto fosse se tornar realidade. "Nós viemos de uma política de muita promessa, que nos deixou desacreditado. Eu prometi que iria a Aparecida do Norte a pé e com certeza essa promessa vai ser cumprida. Mais uma vez muito obrigado, reitor", disse.
GARANTIAS
Marcelo Morais, antes de fazer questionamento ao reitor da Universidade de Lavras, anunciou projeto para conceder título de cidadão benemérito ao magnífico. Em continuidade, Morais destacou que em nenhum momento a Câmara teve intenção de atrapalhar e que chegou a nomear uma comissão para acompanhar aos trabalhos, mas que nunca foi chamada para as discussões. "Só fomos a Ufla porque foi iniciativa desta Casa buscar informações que não estavam chegando à Câmara da maneira que deveria", disse.
Marcelo questionou quais seriam as garantias dos recursos, e como a Câmara poderia acompanhar para que haja transparência, e para assegurar que eventuais mudanças na esfera política venham inviabi-lizar o projeto de implantação da universidade em Paraíso.
Scolforo, antes de responder, fez algumas considerações. "Eu vim de uma família muito simples e perdi meu pai muito cedo; minha mãe era professora primária. Estudei em Viçosa, onde havia alojamento, porque era a minha única opção, e comia em troca de lavar bandejões. O salário pós-morte do pai era ridículo e minha mãe conseguiu, mesmo assim, formar os quatro filhos. Uma coisa que eu aprendi na vida é que o homem tem duas coisas importantes: a primeira é a família e a segunda é a honra. Um homem que tem honra, tem tranquilidade, dorme o sono dos justos", destacou.
Scolforo disse que ganhou todos os prêmios que alguém dentro da sua área poderia ter ganho e que a Ufla permitiu que ele pudesse fazer o bem a alunos e contribuiu para a recuperação de estudantes envolvidos com drogas e de famílias desestruturadas. "Somente isto basta para mim na vida. Mas desde pequeno eu aprendi a ter honra. Eu nunca me prestaria a uma situação de que fosse para trazer notícias que não viessem a se concretizar. Mesmo que eu tenha um infarto e morra, eu sei que a minha vice-reitora irá cumprir com este compromisso", destacou.
O reitor voltou a destacar que não viria a Paraíso fazer esses anúncios colocando em dúvida o seu próprio nome e o da instituição que completa 110 anos em setembro. Quanto ao acompanhamento, ele manterá a Casa informada sobre tudo o que for licitado para a construção do câmpus juntamente com o código orçamentário existente. "Assim, vocês terão de forma absoluta a questão das licitações e mais, tão logo passe a fase de homologação, também mandarei tudo a esta casa. Posso garantir que, salvo em caso de catástrofe, essas licitações estarão concluídas até o final de outubro e no máximo início de novembro", afirmou o reitor.
Por fim, em relação ao corpo docente, Scolforo disse que independente de mudança de governo, após publicação no diário oficial, nenhum governante poderá revogar as vagas. "Eu tenho todos esses códigos para o câmpus Lavras e poderia realizar concurso para preenchimento dessas vagas de uma só vez, mas dei minha palavra que isto aconteceria ao longo de três anos. Essa documentação será encaminhada a Câmara. Vocês terão a oportunidade de receber esses documento e acompanhar tudo o que está acontecendo e verão que ao final de uma caminhada nós provavelmente iremos fazer mais do que eu estou falando aqui. E não abro mão em nenhum momento de macular uma história belíssima que tem nossa universidade", concluiu o reitor.