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Darcio Cantieri Júnior: Empreender pode ser seu sobrenome

Por: Heloisa Rocha Aguieiras | Categoria: Entretenimento | 06-03-2017 06:03 | 2049
 Darcio fala de sua mãe com grande orgulho e admiração
Darcio fala de sua mãe com grande orgulho e admiração Foto: Heloisa Rocha Aguieiras

Darcio Cantieri Júnior, 42 anos, é filho do então administrador Darcio Cantieri, falecido em 1980 e Azenir Balduíno Cantieri, que faleceu em 2012. É pai de Pedro Gonzales Cantieri, de cinco anos e irmão de Danielle Cantieri. Ele é da terceira geração de administradores que atua na empresa “Pedreira Cantieri”, que originou outras empresas. Recentemente, foi eleito presidente do Ouro Verde Tênis Clube e aceitou esse desafio como grande empreendedor que é, além de produtor de café e eucalipto. Adora fazer trilhas de moto, viajar e pescar no Pantanal.



 



Jornal do Sudoeste – Fale-nos um pouco de sua família.



 



Darcio Cantieri Júnior – Fui um menino muito moleque, apesar de minha mãe ser brava. Meu pai era administrador, começou a trabalhar na Pedreira Cantieri e eu, que sou da terceira geração na empresa, aprendi muito com ele, apesar de tê-lo perdido quando eu estava com cinco anos. Ele era um excelente administrador e em Paraíso ainda falam muito bem dele, e isso é um orgulho para mim. Quando meu pai faleceu, minha mãe assumiu a empresa e a irmã dela ficou cuidando de mim e da minha irmã, Danielle Cantieri, que foi morar fora de Paraíso aos 15 anos para estudar e voltou quando minha mãe faleceu; atualmente trabalha comigo na pedreira.



 



Jornal do Sudoeste – Como foi sua vida estudantil?



 



Darcio Cantieri Júnior – Estudei no Colégio das Irmãs, o Paula Frassinetti, fui para o Colégio Objetivo e me formei em Administração de Empresas pela então Faceac. Fiquei em Paraíso, não saí para estudar fora porque minha irmã já tinha ido e sempre tive os negócios de família na cidade para cuidar.



 



Jornal do Sudoeste – Qual é a história da Pedreira Cantieri?



 



Darcio Cantieri Júnior – Tudo começou com meu avô, Ettore Cantieri, conhecido como Tuim. A empresa tem 102 anos, atualmente possui 180 colaboradores que atuam em todo o grupo, do qual fazem parte outras empresas: a Concreto Usinado Cantieri (concrete-ira); Cantifer (fábrica de corte e dobra de ferragens); Artefatos em Cimento Cantieri (fábrica de blocos); possui uma concreteira e um depósito de pedra, areia e ferragens em Passos; tem também o porto de areia “Santa Rita”, em Cássia, e tem propriedades rurais de café e eucalipto, inclusive em Piumhi. Atuamos como produtores há cerca de dez anos.



 



Jornal do Sudoeste – Por que uma pedreira?



 



Darcio Cantieri Júnior – Na época, meu avô começou o negócio com fabricação de paralelepípedos para calçamento das ruas. Meu avô cortava aquelas pedras manualmente. Na entrada da empresa há um pequeno britador, que foi usado no início de tudo; meu avô o alimentava manualmente também; jogava as pedras dentro do bri-tador e moía cinco toneladas de pedra por dia, hoje a empresa está moendo 200 toneladas por hora. Meu tio e meu pai carregavam as pedras na pá, não tinha carregadeira. Os furos para dinamitar eram feitos na furadeira, não tinha a “perfuratriz pneumática” de hoje. Há três anos restauramos o primeiro caminhão da empresa, um For-dinho 1934, que carregava pedras enormes, colocadas na carroceria dele graças à força desses homens. Eles sofreram muito no início.



 



Jornal do Sudoeste – Como você se sente sendo um dos herdeiros a empresa?



 



Darcio Cantieri Júnior – Muito orgulhoso. Minha geração, eu e meus primos, que somos sócios, começamos com a Pedreira Cantieri e cinco caminhões. Atualmente temos os outros oito empreendimentos e trabalhamos com 50 caminhões. Nós também trabalhamos muito e fizemos a empresa crescer. Meu filho já tem interesse, tenho que trazê-lo sempre aqui, ele adora andar de caminhão.



 



Jornal do Sudoeste – E sobre a atuação de sua mãe na empresa?



 



Darcio Cantieri Júnior – Ela foi uma guerreira empreendedora.  Com a ajuda de minha tia, que cuidou de nós, ela teve o pulso firme de ir trabalhar com muita dedicação. Tenho orgulho demais de falar dela, provavelmente isso vai continuar com nossos filhos.



 



Jornal do Sudoeste – Como empresário, qual é a sua maior dificuldade atualmente?



 



Darcio Cantieri Júnior – O empresário hoje em dia enfrenta alta carga tributária que todos nós, brasileiros, pagamos. São impostos demais. Também tenho críticas em relação à lei trabalhista, que é pesada para assumirmos, acredito que deveriam mudar.



 



Jornal do Sudoeste – Como está a produção de café?



 



Darcio Cantieri Júnior – Está ótima. A fazenda Estância Primavera é outra empresa e temos o café como outra atividade profissional. Em 2015, o nosso café ficou entre os 40 melhores do Brasil, recebemos um prêmio da exportadora Illy, e isso foi muito gratificante. Todo o nosso manejo é diferenciado, deixamos o café, no máximo, dois dias secando no terreiro e depois já vai para o secador, em temperatura ideal para secagem. Trabalhamos com o café despolpado e irrigado, o que resulta em produtividade maior.  Já no primeiro ano, o aumento da produtividade pagou o investimento. Temos também três propriedades com plantação de eucalipto a “Bom Sucesso”, a “Cabrestos” e o sítio, chamado também de “Bom Sucesso”. 



 



Jornal do Sudoeste – E o eucalipto?



 



Darcio Cantieri Júnior – Quando comecei era muito bom, plantei muito em 2004. Cheguei a vender com um preço bom, mas no Brasil quando percebem que algo está dando certo, todo mundo quer fazer. Divinópolis e Itaúna eram lugares de alto consumo por causa de 60 siderúrgicas que tinha na região. Fecharam . No primeiro momento é preciso combater o ataque de formigas, é preciso ter cuidado redobrado com fogo; já enfrentei os dois, mas o problema maior hoje é o baixo preço porque não há mais demanda e o mercado é muito difícil, é preciso vender à vista com pagamento antecipado, para não levar calote. Vendemos por metro e o comprador sempre quer cortar 1,20 metro; é muito difícil.



 



Jornal do Sudoeste – Você se sente mais empresário da pedreira ou do café?



 



Darcio Cantieri Júnior – Um pouco dos dois. Gosto demais da empresa, afinal comecei a trabalhar nela aos 13 anos, mas gosto muito de fazenda também, as duas atividades andam juntas em minha vida. Porém, sem a pedreira eu não sou ninguém, me sentiria meio abandonado, afinal, é uma vida dentro dela.



 



Jornal do Sudoeste – E o desafio de ser presidente do Ouro Verde Tênis Clube?



 



Darcio Cantieri Júnior – Acredito que seja um grande desafio mesmo. O Clube não tem crise, mas há muito que ser feito. Quero construir um centro poliesportivo no Ouro Verde. Os terrenos que existem ao lado do estacionamento já foram do clube, mas foram perdidos em causas trabalhistas e precisamos comprá-los de volta para que o clube possa crescer. Para isso, pretendo vender o Eldorado, pois não há mais espaço físico para qualquer expansão no Ouro Verde. Pretendo construir mais uma piscina, pois há uma fila de espera de 33 alunos para as aulas de natação. Há 430 alunos e até o fim do ano quero chegar a 700 alunos em todas as modalidades esportivas. O basquete, o vôlei e o handboll, que estavam parados, já retornaram. 



 



Jornal do Sudoeste – Quais são seus planos mais imediatos para o clube?



 



Darcio Cantieri Júnior – Planejei em contratar mais professores de natação, mas não há piscina para treinar. Meu foco será o esporte e para incrementar esse setor quero fazer um investimento quatro vezes maior do que na gestão passada. Estou conversando com o Conselho para colocar 20 placas de publicidade no clube, que trará cerca de R$ 60 mil em recursos novos, o que me possibilitaria o investimento sem mexer no capital. Está nos meus planos promover um triathlon, um campeonato de crossfit, o clube vai sediar a abertura e a final do Campeonato Mineiro de Natação. É preciso ressaltar o interesse coletivo e saber que o maior patrimônio do clube é o sócio e é para ele que temos que trabalhar, para os 2.300 mil sócios contribuintes e aos 620 patrimoniais. Para ampliar esse quadro, teremos que ampliar também o espaço físico. Quero trazer uns três shows para começar novamente a promover as atividades sociais, com horários diferenciados, mais cedo, o primeiro para comemorar o aniversário do clube. Tudo isso tem que ser feito com muita transparência.



 



Jornal do Sudoeste – O que você faz quando não está trabalhando?



 



Darcio Cantieri Júnior – Gosto demais de ir para o rancho em Furnas e adoro fazer trilha de moto. Quero comprar uma moto pequena para meu filho já começar a ir comigo. Já competi, fui três vezes campeão, mas gosto mesmo de fazer trilha de passeio, vou muito para a Serra da Canastra. Três vezes ao ano eu gosto de ir pescar no Pantanal, mas acho que tem que ser pesca esportiva, afinal, o peixe não pode acabar, temos que preservar para nossos filhos. E acredito que viajar é o dinheiro mais bem gasto da vida da gente, afinal conhecemos lugares e pessoas diferentes e isso é ótimo. 



 



Jornal do Sudoeste – Quais os planos para o futuro das empresas?



 



Darcio Cantieri Júnior – Queremos aumentar a produção do porto de areia e pretendemos abrir uma concreteira em Cássia, se não fosse a crise econômica do país, isso já teria acontecido.



 



Jornal do Sudoeste – Você tem religião?



 



Darcio Cantieri Júnior – Sim, sou espírita. Todas as terças-feiras estou na reunião, rezo para agradecer, tem gente que só pensa em pedir.