Fernando Alonso resolveu dar uma trégua na Fórmula 1. Trégua porque ele deixou em aberto a possibilidade de voltar em 2020 se até lá a McLaren tiver resolvido seus problemas de falta de competitividade.
A verdade é que o espanhol cansou de correr sem a perspectiva de voltar a vencer corridas e brigar pelo campeonato. Os números são expressivos, mas não refletem o enorme talento que possui: Dois títulos mundiais, 32 vitórias, 22 pole positions, 23 melhores voltas e 97 pódios de uma carreira que começou em 2001 com a modesta Minardi.
Mas por que se fala tanto que Alonso é o piloto mais completo da Fórmula 1 se não vence um campeonato há 12 anos, a última pole foi na Alemanha em 2012 e a última vitória na Espanha em 2013?
A resposta está no próprio Alonso que espalhou veneno por onde passou, reflexo de sua personalidade, principalmente quando sente não ter aos seus pés todos os que estão a sua volta. Isso explica as muitas decisões erradas que tomou depois que venceu os dois campeonatos com a Renault, em 2005 e 2006. A maior delas foi deixar a McLaren num ótimo momento, em 2007, por não aceitar que o então novato Lewis Hamilton tivesse o mesmo tratamento que lhe era dado. Na confusão que se estabeleceu, Alonso denunciou a própria equipe à Federação Internacional de Automobilismo de envolvimento no escândalo de espionagem em que o projetista da McLaren recebia informações sigilosas do chefe dos mecânicos da Ferrari.
Alonso recusou convite da Red Bull para 2009 por não confiar no potencial da equipe que por ironia venceria os campeonatos de 2010 a 2013 com Sebastian Vettel. E deixou a Ferrari no final de 2014 para voltar à McLaren apostando na parceria com a Honda que acabou não vingando.
O retorno à equipe que em 2007 ele havia saído pela porta dos fundos está sendo desastroso. Alonso orquestrou o fim da parceria da McLaren com a Honda e o que ele não imaginava era que a falta de competitividade não era exclusiva da Honda, mas também da própria McLaren.
O anúncio de que não estará no grid da Fórmula 1 no ano que vem não me surpreendeu. Eu escrevi no começo do ano que se os resultados não aparecessem com a nova parceria McLaren-Renault, a paciência de Alonso se esgotaria. Claro que era um chute do colunista, mas fundamentado em analise do que Alonso esperava para 2018 e suas ambições fora da Fórmula 1, que é ir em busca da Tríplice Coroa do Automobilismo, a qual ele já tem duas pontas, que são as vitórias no GP de Mônaco e nas 24 Horas de Le Mans que ele venceu este ano com a Toyota. Falta a parte mais difícil, que é vencer as 500 Milhas de Indianápolis que ele tentou no ano passado.
A verdade é que as portas das principais equipes se fecharam para Alonso na Fórmula 1 por conta do "caos que ele costuma causar por onde passa", como disse o chefe da Red Bull, Christian Horne.
E assim, apesar de extremamente focado e com sede de vitórias aos 37 anos, a carreira do menino que dormia no carro enquanto o pai dirigia a noite inteira entre uma corrida e outra de kart para que Alonso não perdesse aulas no dia seguinte; e que fez 'bico' como mecânico de kart dos garotos mais jovens de sua época para ajudar no orçamento do pai, vai agora em busca de novos desafios. Até o fechamento desta coluna não havia anúncio oficial, mas a F-Indy deve ser o caminho natural. Então, faça o que fizer, que você seja feliz, Alonso!
STOCK CAR
Depois dois anos fora do calendário, Campo Grande/MS volta a receber a Stock Car, 7ª etapa do campeonato que tem Daniel Serra na liderança com 165 pontos. Corrida 1 da rodada dupla tem largada às 13h, ao vivo no SporTV.