As férias da Fórmula 1 foram do barulho. E tudo por conta do mercado de pilotos que ferveu nestes dias e manteve os holofotes voltados para a categoria. Começou com a surpreendente decisão de Daniel Ricciardo trocar a Red Bull pela Renault no ano que vem, e na sequência o anúncio de Fernando Alonso que não estará no grid da próxima temporada, cansado da falta de competitividade da McLaren.
Um dos motivos que levaram Ricciardo assinar com a Renault é a falta de confiança na nova parceria entre Red Bull e Honda. Foi uma decisão corajosa do australiano em trocar o (in)certo pelo duvidoso, mas depois de ser vetado na Ferrari por Sebastian Vettel, vejo a Renault como a melhor opção para Ricciardo. Ele sabe melhor do que ninguém que Max Verstappen é o queridinho do consultor da Red Bull, Helmut Marko, o homem que dita as regras dentro do time austríaco. Ricciardo nunca será unanimidade na Red Bull, ao passo que para a Renault será a peça que faltava, um líder capaz de motivar o time e dar direção no desenvolvimento dos carros junto aos engenheiros. De uma só vez Ricciardo se livra do risco que pode ser a nova parceria da Red Bull com a Honda, e da incômoda queda que os dirigentes têm por Verstappen.
Já a decisão de Alonso não me surpreendeu, mas também não deixou de ser uma bomba que caiu enquanto muitos curtiam o verão europeu. No começo do ano eu escrevi que se a McLaren não entregasse um carro que permitisse a Alonso ao menos brigar por pódios, dificilmente ele teria paciência para aguentar outra temporada se arrastando pelas pistas. Os efeitos da saída de Alonso já faz a McLaren se mexer e ontem ela promoveu a estreia do promissor Lando Norris, piloto da F2, na primeira sessão de treinos livres para o GP da Bélgica com o carro do espanhol.
A vaga de Alonso, no entanto, será ocupada por outro espanhol no ano que vem, Carlos Sainz Jr, de 23 anos, que está na Renault, emprestado pela Red Bull. Sainz acabou preterido pela Red Bull que promoverá o jovem francês Pierre Gasly para ocupar a vaga de Daniel Ricciardo.
E ainda teve nesta barulhenta férias da Fórmula 1 o consórcio liderado pelo bilionário canadense, Lawrence Stroll, pai do piloto da Williams, Lance Stroll, que salvou a Force India da falência. Como o processo para tirá-la da administração judicial é longo, a equipe passa a se chamar “Racing Point Force India”, que corre neste final de semana como se fosse uma nova equipe, com zero ponto no Mundial de Construtores. Por trás disso está a jogada de Lawrence tirar o filho da ‘draga’ que virou a Williams e colocá-lo num carro mais competitivo.
E a outra peça-chave do mercado de pilotos que vai ganhando forma para 2019 é Kimi Raikkonen que até o fechamento desta coluna não havia nada oficial, mas a imprensa italiana já dá como certo a renovação com a Ferrari, um desejo de Vettel em continuar tendo-o como companheiro de equipe.
A Fórmula 1 está voltando ao batente neste final de semana no espetacular Circuito de Spa-Francorchamps com Lewis Hamilton na liderança do campeonato com 24 pontos de vantagem sobre Vettel (213 a 189).
A missão de Vettel em reverter a desvantagem para Hamilton não é das mais fáceis, mesmo tendo até a última corrida, disputada na Hungria, um carro nitidamente melhor que a Mercedes de Hamilton. Uma série de erros do alemão nos GPs do Azerbaijão, da França e da Alemanha, permitiu a virada de Hamilton num momento crucial em que a Mercedes começava se perder diante do crescimento da Ferrari.
Resta saber agora como estará a relação de forças entre as duas equipes com as atualizações de chassis, aerodinâmica e de motor que cada uma trás para a fase final do campeonato.
Este será o 62º GP da Bélgica, o 51º em Spa-Francorchamps, pista que Micheal Schumacher venceu 6 vezes, Ayrton Senna 5 e Kimi Raikkonen 4. Hamilton já venceu 3 e Vettel duas vezes.