O Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, foi destruído por um incêndio neste domingo. Foram perdidas 25 milhões de peças, entre as quais a Múmia Kherima, o esquife egípcio de Sha-Amun-en-su e o sarcófago de Hori. Havia peças do tempo da Grécia, de Roma e da civilização etrusca, além de afrescos de Pompéia e peças da América pré-colombiana. O mundo perdeu Luzia, o mais antigo fóssil humano já encontrado nas Américas. Foram destruídos 470.000 livros, sendo que mais de 3.000 deles eram obras únicas e raríssimas.
Ali funcionavam cursos de pós-graduação nas áreas de Antropologia, Arqueologia, Botânica, Paleontologia e Zoologia. A coleção clássica, o acervo de arte grega, as peças romanas e indígenas eram as mais importantes de toda a América Latina.
Ao longo da minha vida eu visitei o museu inúmeras vezes e era fascinado (como todas as crianças) pelo esqueleto do dinossauro Maxakalisaurus Topai. Fui acompanhando ao longo das décadas a lenta deterioração do museu. Quando o visitava com meus filhos, mais de 20 anos atrás, já me incomodavam as infiltrações, o cheiro de mofo, o reboco caindo, os fios elétricos expostos. Mal sabia que aquilo era uma antevisão do estado de putrefação que o próprio Brasil iria vivenciar poucas décadas depois.
Havia um antigo projeto orçado em 20 milhões de reais para restauração total do Museu Nacional. Esse dinheiro nunca foi liberado. Os 500 mil reais mensais - dinheiro necessário para a manutenção básica do prédio e do acervo - também não era repassado integralmente há mais de dez anos. O incêndio de hoje é uma ocorrência tão absurda que não tem descrição. É espantoso saber que nem mesmo uma brigada de incêndio havia no local.
Inúmeros cidadãos usarão o esgoto de ideias em que se transformou a internet para espalhar culpas políticas para esta tragédia anunciada. Vão apontar seus dedos podres para este ou aquele partido, este ou aquele governo, ao sabor de suas insanas convicções políticas. Esse tipo de gente certamente não tem o intelecto e nem o padrão moral para entender que os gritos de dor que o Museu Nacional vem emitindo tem muitas décadas e remontam ao início do século XX.
Em 2018 o Museu Nacional completou 200 anos. Parece inacreditável que nenhuma autoridade, nenhum ministro de Estado, nenhum chefe do governo atual ou dos anteriores deu as caras nas comemorações, nem para apresentar aplausos vazios e protocolares. Restaurar ou apoiar museus é coisa que nunca rendeu votos no país dos analfabetos funcionais.
20 milhões de reais teriam evitado essa perda. Para termos noção do tamanho disso, calcula-se que o valor movimentado pelos criminosos descobertos pela Operação Lava Jato (bandidos que estão distribuídos entre 28 partidos nos 26 estados) monta a inacreditáveis 8 trilhões de reais. Isso é mais que o PIB do Brasil inteiro!!!
Mais que uma tragédia amplamente prevista, o fim do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista é uma representação simbólica e poderosa da deterioração do próprio país.
Ah, Brasil... Isso tudo é lamentável. Isso é muito doloroso. Isso é insuportavelmente triste.
(texto: Renato Motta)
Grande comemoração
Nesta quinta-feira, às 11h, o Salão Negro do Palácio da Justiça será palco da solenidade alusiva aos 196 anos do Ministério da Justiça, 196 anos da Independência do Brasil e, coincidentemente, o atual ministro da Justiça, Torquato Jardim (foto), é o 196º a comandar a pasta. Na ocasião, para abrilhantar os festejos, haverá um belo concerto sinfônico. Estarei presente na cerimônia.
Vilão das dívidas
Dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, mostram que o cartão de crédito aparece como principal tipo de dívida, apontado por 76,8% das famílias entrevistadas. Em seguida, vêm os carnês (14,2%) e, em terceiro lugar, o financiamento de carro (10,4%).
Entre a cruz e a espada
Com a falta de dinheiro na praça em todos os setores, o cartão de crédito está salvando muita gente. Mas ao mesmo tempo em que ajuda, também acaba levando todo mundo para o buraco, por conta dos juros exorbitantes que são cobrados. O Banco Central tem que tomar uma providência antes que o país afunde de uma vez.
“Peneira”
A Argentina não está contente só com o seu atual craque, o jogador Messi. Ela tem feito avaliações técnicas oficiais em várias unidades da América do Sul. No momento quem está em Brasília é o coordenador técnico das Escolas Internacionais do Boca Juniors, Oscar Aquino, peneirando mais de cem jovens da cidade com mais de 10 anos. Hoje deverá sair os primeiros selecionados.
Viajar não é luxo
Para os franceses viajar nas férias é uma necessidade básica como comer e dormir. Dois terços da população viajam no verão europeu. Quanto às famílias desfavorecidas, elas podem contar com associações como o Secours Populaire (Socorro Popular, em português) que há 40 anos organiza excursões com crianças carentes. Neste ano, 50 mil jovens puderam passear nas férias. O presidente da associação Julien Lauprêtre, em entrevista à RFI, disse que as férias não deveriam ser consideradas um luxo, mas são antes de tudo um direito.
Beaupassage
Paris ganha novo espaço dedicado à comida de luxo. Inaugurada no dia 25, a galeria Beaupassage fica entre a avenida Raspail e as ruas Grenelle - Bac, no coração do elegante bairro Rive Gauche. Trata-se do novo endereço dos estrelados Yannick Alléno, Thierry Marx, Anne-Sophie Pic e Pierre Hermé. O hot spot é um lugar para passear, tomar um café ou uma taça de vinho, recarregar as baterias e até praticar esportes (fotos). Num conjunto arquitetônico heterogêneo, entre edifícios tradicionais e industriais, espaços verdes e obras de arte... The place to be!
Do alto...
O famoso chef Alain Ducasse perdeu o recurso judicial e a batalha da Torre Eiffel. A concessão dos restaurantes Jules Verne e 58 foram atribuídas aos chefs Thierry Marx e Frédéric Anton. Ducasse atou por 10 anos no alto da Torre. Em 2017, 1,3 milhão de refeições foram servidas na dama de ferro, um volume de negócios de 43 milhões de euros (18 milhões de euros apenas com o Jules Verne). Os restaurantes estarão fechados para obras de setembro até maio de 2019.
...para os pés da Torre Eiffel
Depois de ter sido excluído dos dois restaurantes, Alain Ducasse lança um no rio Sena, o bateau-mouche gastronômico fará cruzeiros gourmets a partir do dia 10 de setembro. Os preços variam entre 100 euros (cerca de 450 reais) para o almoço com três pratos e 500 euros (2.500 reais) para o jantar chamado “Paris é uma festa”, incluindo cinco pratos, champanhe e vinho.