"PREGUIÇOSO"

Em visita à Câmara de Paraíso, vice-governador chama Pimentel de “preguiçoso”

Por: João Oliveira | Categoria: Política | 12-09-2018 09:24 | 3271
Vice-governador do Estado de Minas Gerais, Toninho Andrade
Vice-governador do Estado de Minas Gerais, Toninho Andrade Foto: ASSCAM

O vice-governador do Estado de Minas Gerais, Toninho Andrade, participou da sessão da Câmara de São Sebastião do Paraíso, segunda-feira (10/9). Ele ocupou a tribuna onde teceu sérias críticas ao governador Fernando Pimentel. Antes, Marcelo Morais comentou que o vice-governador entrou em contato dizendo que estaria na região e que gostaria de retribuir visita dos vereadores ao seu gabinete na capital, onde levaram algumas demandas referentes à Paraíso.

“No começo do nosso mandato, entramos em contato com o vice-governador e levamos algumas demandas. Em contato conosco ele falou sobre sua satisfação em nos visitar”, destacou o presidente da Câmara. Marcelo de Morais, que também lembrou sobre passagem que envolveu a sua desfiliação e a do vereador José Luiz das Graças do então PMDB, quando o ex-prefeito Rêmolo Aloíse assumiu a presidência do diretório do partido em Paraíso, e destacou a atenção de Toninho Andrade com o caso. Andrade também lembrou sobre seu afastamento do partido e após iniciou sua fala tecendo críticas ao governo do Estado.

“Gostaria de dizer em poucas palavras que entre essas suas idas a Belo Horizonte, nós nos afastamos do governo do Estado quando ele não conseguiu pagar o funcionalismo público. Nós entendemos que o funcionário público tem como único patrimônio o seu salário. É verdade que alguns não trabalham, e não o fazem porque não são motivados. Ver uma pessoa ao seu lado sendo colocada em cargo de confiança e que não faz nada, é um prejuízo para todo o funcionalismo”, disse.

Segundo Andrade, quando ele foi prefeito Vazante, fez todo o funcionalismo trabalhar, entre efetivos e contratados. “Primeiro não colocávamos fantasmas nos cargos, colocávamos alguém para trabalhar e dava o exemplo. Para o funcionalismo do estado, o Governador não fez absolutamente nada. Continuou gastando como gastava na prefeitura de Belo Horizonte, que é muito rica. O prefeito atual tem mais de um bilhão em caixa, só o IPTU em Belo Horizonte é arrecadado mais de R$ 4 bilhões, além de ICMS e IPVA, que é muito grande. Então o prefeito pode fazer suas besteiras que ainda sairá como bom, já que os recursos superam todos os gastos”, destacou.

Para o vice-governador, Pimentel foi um bom prefeito de Belo Horizonte, mas um péssimo governante do Estado. “Se tiver alguém aqui ligado a ele, peço desculpas, mas ele foi um péssimo governador. Ele me chamou em sua residência e eu disse ao Pimentel que ele era preguiçoso. Muitos dos seus secretários não tinham despachado sequer uma única vez com ele. Portanto, ele era preguiçoso, chegava ao Palácio do Governo às 10h e quando era 16h já o encontrava em casa. Na atual situação em que está o Estado, é preciso que o governador chegue às 8h e saia à meia-noite”, disse.

Andrade também não poupou críticas aos secretários de Estado. “O secretário da Fazenda achou que era secretário da fazenda dele. Fica a semana toda em sua fazenda, e deixa a secretaria e seus auxiliares fazer o que querem. Não atendem a um único empresário, portanto Minas têm perdido muitos empregos; a situação é calamitosa: a da saúde, educação e segurança pública, dos empregos. Por tudo isto decidi me afastar do governo e não pedi a ninguém que fizesse isto. Continuei meu trabalho e fazendo o que podia dentro do MDB, fazendo dele o maior partido de Minas Gerais e o maior MDB nacional. Saímos de 166 e fomos para 167 prefeitos eleitos, enquanto os demais diminuíam, nós crescemos. O PT, por exemplo, que tinha 114 prefeitos eleitos e caiu para 41, destacou.

O vice-governador disse que foi colocado “para fora do governo”. Segundo ele, nas reuniões com o “núcleo duro” do Governo, ele era o único que não era do Partido dos Trabalhadores e, com ele, um total de cinco pessoas não havia saído da prefeitura de Belo Horizonte. “Querer governar o Estado como governou a prefeitura de BH, é claro que não daria certo. O Estado é uma síntese do País, que tem zonas muito ricas como o Sul de Minas e zonas muito pobres como o Vale do Jequitinhonha. Administrar o Estado requer do governador empenho e hombridade de estar em todos os lugares ao mesmo tempo: estar de manhã no Norte de Minas, a noite no Sul e assim por diante. O governador é preguiçoso”, afirmou.

De acordo com Andrade, Marcelo esteve em Belo Horizonte pedindo que o governador pagasse todos os municípios, independentemente de apoio político, o que não teria sido atendido por Pimentel. “Ele não o fez. Atrasou os recursos que tinham que ajudar os municípios e, além de não ajudar, atrapalhou e deve hoje mais de R$ 8 bilhões aos municípios”, disse.

O vice-governador se recordou que quando Pimentel disse que iria atrasar o pagamento do funcionalismo e iria parcelar o salário destes servidores, disse que ele há 50 anos militava na política, era empresário e nunca atrasou o pagamento de um funcionário que fosse. “Todos, do setor público ou privado, receberam em dia. Não é concebível o atraso do salário do funcionalismo, que não trabalha parcelado, trabalha integral e tem que ser motivado, tem que pagar a todos em dia: funcionários da ativa, aposentados, pensionista, todos devem ser pagos até o quinto dia útil do mês. Quando ele reteve o salário dos prefeitos, foi a gota d’água, o MDB não podia comungar com isso. Em plena crise, tento sido declarado calamidade financeira, também admitiu funcionários, houve uma sexta que foram contratados 1452  funcionários”, acrescentou.

Andrade afirmou em plenário que todos os dias são contratados novos servidores e citou como exemplo a Cemig, que teria mais de 150 funcionários que não conhecem a própria sede da empresa. “Se mandar um a BH para ir a Cemig, ele não saberá onde é. São funcionários do Rio Grande do Sul, de Brasília, de onde o PT perdeu o governo. É característica dele juntar todo mundo onde ganhou o governo PT ganhou a eleição. Foram para Belo Horizonte e ganham a bagatela de R$ 20 a R$ 30 mil por mês sem conhecer a sede da Cemig”, afirmou.

Ele também disse que chegou a ser convidado pelo candidato Márcio Lacerda para ser candidato a vice-governador e que não aceitou por “estar traumatizado”. “Ou sou candidato a governador ou não sou nada, mas vice não” disse. Andrade citou demandas levadas pelos vereados ao seu gabinete, entre elas o asfalto para Guardinha, prometendo atender ao pedido por etapas. Citou demandas referentes à saúde e o carinho que passou a ter pela Santa Casa de Paraíso.

Por fim, finalizou dizendo que “passaram a perna” nele e que por isto não foi candidato a governador, tentando assim a vaga a deputado federal. “Quero agradecer a visita e parabenizar toda a estrutura da Câmara, um plenário confortável e que é difícil de ver no interior. A qualidade aqui é muito boa. São 10 vereadores que devem trabalhar a benefício do povo”, finalizou.

A CÂMARA
O vereador Luiz Benedito de Paula questionou o vice-governador se há esperança para o pagamento de verbas aos municípios que hoje são retidas pelo governo do Estado. “Sim, primeiro o governador tem que trabalhar, ser um homem sério e competente e trabalhar muito. Hoje o governo deve mais de 20 bilhões, para todo mundo, e isso porque não fez o dever de casa”, disse. Falou também que chegou a sugerir uma “reforma administrativa” que economizaria aos cofres públicos alguns milhões de reais sem prejudicar o Estado, e que como resultado a reforma teria que extinguir seis secretarias, mas aconteceu o contrário.

O vereador José Luiz das Graças, após cumprimentar o vice-governador, solicitou que ele, se eleito, pudesse “endurecer” no que se refere à lei de responsabilidade fiscal. “Sei que há um grande movimento do Poder Executivo para que possa haver um relaxamento porque a lei estaria engessando o poder público. Enxergo isto de forma muito perigosa, esse relaxamento poderia levar os municípios a dívidas astronômicas. Gostaria de pedir esse endurecimento da lei porque acredito que somente assim o gestor terá responsabilidade com os recursos públicos”, disse. 

Andrade comentou que a lei é muito inteligente e que diz que o governo não pode passar uma dívida de gestão para outra, mas é o que acontecerá nas próximas eleições.

O vereador Jerônimo Aparecido da Silva citou dívida do governo com os municípios e que o governador deveria estar preso. “Ele está deixando o estado uma lástima. Uma época ele disse que iria regionalizar a nossa Polícia Civil, mas a PC está acabada, não tem apoio. Nós acompanhamos o trabalho da nossa PC, faltam materiais, pessoas, não temos IML. Pimentel conseguiu afundar o nosso estado e tenho dó do próximo governador”, disse.

Os demais vereadores também agradeceram a visita e pediram que o vice-governador “olhasse com carinho” para São Sebastião do Paraíso e que ele lutasse pelos municípios de Minas até o final do seu mandato como vice-governador.

Andrade chegou citar que se os deputados estaduais quisessem teriam caçado o mandato de Fernando Pimentel por apropriação indébita. “Na imprensa vimos que o governador reteve quase R$ 1 bilhão do funcionalismo público, empréstimo consignado, não repassou aos bancos e deixou os funcionários com o nome sujo na praça”, disse o vice-governador.

Por fim, Morais disse que esteve no gabinete do vice-governador pedindo para que ele intercedesse no tocante ao pagamento de dívida do Estado com os municípios, apesar de suas divergências com o Poder Executivo local. “Você sempre foi muito claro, que se tivesse a chance de resolver o problema o faria, mas que o governador era tão ruim, que não te ouvia. Em outro momento, quando estivemos lá, pegou todas as nossas demandas e as encaminhou, mas disse que o governo passaria por uma turbulência e que faltariam recursos até para os municípios”, disse Morais. Marcelo pediu ainda atenção a Guardinha e que ele pudesse atender somente a esta demanda o povo de Paraíso ficaria muito feliz.