No placar está 331 a 264 pontos para Lewis Hamilton na disputa contra Sebastian Vettel. O piloto da Mercedes já venceu 9 vezes este ano contra 5 do rival. Destas nove vitórias de Hamilton, 6 foram conquistadas nas últimas 7 corridas, enquanto a última de Vettel foi na volta das férias de agosto, na Bélgica, a corrida em que apesar da derrota, o chefe da Mercedes, Toto Wolff, revelou que seus engenheiros encontraram a solução dos problemas de seus carros com a temperatura dos pneus que vinha sendo o tendão de Aquiles da Mercedes.
Essa evolução do W09 de Hamilton e Bottas, mais o monitoramento que a Federação Internacional de Automobilismo passou a fazer nos carros da Ferrari após denúncias de uma suposta irregularidade no sistema de recuperação de energia cinética (MGU-K), que estaria dando ao motor mais potência que o permitido pelo regulamento, contribuíram para a virada da Mercedes na segunda metade do campeonato. Em sete corridas Vettel saiu da liderança do campeonato para uma desvantagem de 67 pontos.
Mas certamente o desfecho deste campeonato seria diferente se Vettel e a Ferrari não tivessem errado tanto até aqui. No Japão o erro crasso da Ferrari em mandar seus pilotos para a última parte da classificação (Q3) com pneus intermediários no asfalto seco, apostando numa chuva que só foi cair quando Vettel e Raikkonen retornaram aos boxes para colocar pneus slick, mostra o quanto a Ferrari acusou o golpe de ver escorregar entre os dedos um campeonato que parecia seu no começo do ano. E os erros de Vettel são tantos que Lewis Hamilton saiu em sua defesa ao pedir mais respeito com o adversário: “Vocês não imaginam como é difícil fazer o que nós fazemos no nosso nível”.
Por outro lado, não faltou quem descesse a lenha, como o sempre polêmico campeão de 97, Jacques Villeneuve, hoje comentarista da Sky Itália, ao declarar que Vettel pode escrever um livro com o título: “Como perder um campeonato”.
No Azerbaijão Vettel tentou ultrapassar Bottas na relargada, perdeu o ponto de freada, passou reto numa curva e terminou em 4º quando tinha boas chances de ganhar a corrida.
No GP da França o alemão acertou o mesmo Bottas na largada, quebrou a asa dianteira, foi punido com 5 segundos e terminou apenas em 5º.
Na Áustria, Vettel perdeu três posições no grid por ter atrapalhado a volta rápida de Carlos Sainz durante o treino, e no domingo recebeu a bandeirada em 3º, perdendo a chance de vencer num dia raro de abandono duplo dos pilotos da Mercedes.
A falha maior do alemão foi em Hockenheim, correndo em casa, diante da torcida. Vettel tinha a corrida sob controle, mas escapou sozinho da pista, bateu e abandonou. Hamilton que havia largado em 14º por problemas mecânicos, venceu e começou abrir vantagem no campeonato.
Não acabou. Em Monza, um Vettel afoito forçou ultrapassagem sobre Hamilton na primeira volta, bateu rodas com o inglês e levou a pior. Novamente jogou fora a chance de vencer uma corrida em que era o grande favorito.
O sexto erro foi a batida no mudo durante os treinos de sexta-feira, em Cingapura, e comprometer o trabalho de acerto do carro para a corrida. A essa altura, a FIA já estava de olho nos carros da Ferrari.
Por fim, domingo passado, em Suzuka, outra manobra tão afoita como a de Monza, desta vez ao forçar ultrapassagem sobre Verstappen onde não havia espaço, mesmo sabendo que o holandês é daqueles que não vende barato uma ultrapassagem. Novamente Vettel levou a pior e terminou em 6º.
O resultado disso tudo é que restando quatro corridas para o final da temporada, Hamilton já está com as duas mãos no pentacampeonato que pode ser coroado na próxima corrida, no GP dos Estados Unidos. Para isso, basta somar 8 pontos a mais que Vettel. E se não der em Austin, dificilmente passará do México, onde no ano passado o próprio Hamilton conquistou o tetra por antecipação. A história se repete.