Foram três décadas de vacas gordas que renderam oito títulos mundiais: Dois com Emerson Fittipaldi, três com Nelson Piquet e três com Ayrton Senna. Juntos eles acumularam 78 vitórias, 95 pole positions e 175 pódios. Ainda no auge do sucesso de Emerson, um outro nome promissor que não fosse a fatalidade de um acidente aéreo, tinha potencial para brilhar entre os campeões: José Carlos Pace, o “Moco”, que hoje dá nome ao Autódromo de Interlagos. Pace venceu o GP do Brasil de 1975, prova que teve dobradinha com Emerson Fittipaldi em 2º, lá mesmo onde neste final de semana acontece o 47º GP do Brasil de Fórmula 1.
Depois da morte de Senna o Brasil ficou nas mãos de Rubens Barrichello e Felipe Massa, os únicos a vencer corridas neste período, mas que por circunstâncias adversas não conquistaram títulos, apesar de manterem o país no centro das atenções. Barrichello ainda é o piloto que mais disputou corridas na Fórmula 1 com 323 largadas e deve perder esta condição para Kimi Raikkonen no ano que vem, já que o finlandês que está de saída da Ferrari vai correr pela Sauber em 2019. Rubinho venceu 11 vezes, fez 14 poles e 68 pódios. Foi vice-campeão em 2002 e 2004, e 3º em 2001 e 2009. Já Felipe Massa foi (quase) campeão por alguns segundos no GP do Brasil de 2008 na mais épica decisão de campeonato da história da Fórmula 1 quando venceu a corrida em Interlagos, mas Lewis Hamilton ultrapassou a Toyota de Timo Glock nos metros finais e terminou em 5º, tirando das mãos de Felipe a taça por um ponto de diferença. Massa também venceu 11 GPs, fez 16 poles e 41 pódios. Foi vice-campeão de 2008 e 3º em 2006. Ao se aposentar no ano passado, deixou o grid da Fórmula 1 órfão de pilotos brasileiros.
Pra quem acompanha a Fórmula 1 a tantos anos, foi meio estranho não ver nenhum brasileiro no grid. Mas esse período de vacas magras pode estar com os dias contados. Nesta semana de GP do Brasil, a McLaren anunciou a contratação do mineiro Sergio Sette Câmara (20 anos) como piloto de testes e de desenvolvimento para o ano que vem, e a Haas fez o mesmo com Pietro Fittipaldi (22) para a mesma função. Pietro é neto de Emerson Fitipaldi e já está escalado para testar na terça-feira após o encerramento da temporada, em Abu Dhabi.
Pode parecer pouco para quem já teve três campeões mundiais, mas não deixa de ser um passo muito importante que coloca o Brasil novamente nos radares da Fórmula 1.
Sette Câmara tinha um ano decisivo na carreira em 2018. Depois de ser desligado do programa de formação de pilotos da Red Bull, o mineiro de Belo Horizonte estreou ano passado na Fórmula 2, principal porta de entrada para a Fórmula 1. Correu pela pequena MP Motorsport e ganhou uma corrida, na Bélgica. Este ano transferiu-se para a Carlin, equipe de ponta da categoria, mas para continuar sonhando com a Fórmula 1 não podia ficar na sombra do badalado companheiro de equipe, Nando Norris, protegido da própria McLaren, da qual faz parte da academia de pilotos. Norris é o vice-líder da F2 e já está confirmado como titular da equipe no ano que vem no lugar do belga Stoffell Vandoorne. E Sette Camara apesar de não fazer o campeonato de seus sonhos – ocupa a 6ª posição – por uma série de contratempos que o impediu de obter resultados melhores, mostrou capacidade, velocidade e técnica suficientes para chamar atenção de outros chefes de equipes.
Já Pietro teve um ano conturbado com o acidente em que sofreu numa etapa do Mundial de Endurance, no começo do ano, que o deixou com fraturas nas pernas e o impediu de correr as 500 Milhas de Indianápolis e parte das provas que havia programado fazer na Indy. O acidente aconteceu justamente quando ele iniciava conversas com a equipe norte-americana que esperou pela sua recuperação e o confirmou ontem, em Interlagos.
Ser piloto reserva é o que ele tinha para o momento, e não deixa de ser uma porta que pode estar prestes a se abrir num futuro próximo.