Nem precisou da chuva para fazer do GP do Brasil uma das melhores, senão a melhor, corrida do ano da Fórmula 1. Correndo pela primeira vez como pentacampeão mundial, conquistado por antecipação, no México, Lewis Hamilton venceu pela segunda vez em Interlagos, conquistando a décima vitória no ano.
O resultado da corrida deu à Mercedes o título de campeã Mundial de Construtores pela quinta vez seguida. A Ferrari precisava descontar no mínimo 13 pontos para levar a disputa para a última corrida do ano, em Abu Dhabi, mas para isso tinha que chegar com seus dois pilotos na frente dos carros da Mercedes. Kimi Raikkonen foi apenas 3º, e Sebastian Vettel teve desempenho discreto, terminando apenas na 6ª posição num dia em que a estratégia da Ferrari mais uma vez não funcionou. Valtteri Bottas com a outra Mercedes terminou em 5º.
A corrida:
As atenções estavam voltadas para Mercedes e Ferrari que tinham estratégias diferentes de pneus. Os dois carros da equipe italiana eram os únicos entre os dez primeiros colocados do grid calçados com os pneus macios (faixa amarela), enquanto os demais largaram com os supermacios (faixa vermelha), o que significava que tanto Vettel quanto Raikkonen teriam mais autonomia de corrida à medida em que os pneus das Mercedes começassem a se desgastar.
Mas quem surpreendeu foram os dois pilotos da Red Bull. Na largada Hamilton manteve a ponta e Vettel não conseguiu sustentar a segunda posição, perdendo-a para Bottas no S do Senna. Mais atrás Verstappen que havia largado em 5º começou a ganhar terreno. Primeiro ultrapassou Kimi Raikkonen, na 3ª volta. Na passagem seguinte deixou Vettel para trás. Na sétima foi a vez de ultrapassar Bottas para assumir a 2ª posição e se aproximar de Hamilton.
O ritmo das Red Bull eram realmente forte. Daniel Ricciardo que havia largado de 17º já aparecia em 6º no complemento da 10ª volta.
Na 19ª volta, Valtteri Bottas abriu a janeira de pit stops. Trocou os pneus supermacios pelos médios (faixa branca). Enquanto a TV mostrava os traseiros de Hamilton com bolhas, o inglês também fez a sua parada na 20ª volta, e abriu caminho para Max Verstappen que assumiu a ponta. Vettel já havia parado na volta anterior e trocou os macios pelos médios. E aí consolidou-se o erro de estratégia da equipe italiana: Primeiro por trocar muito cedo os pneus de seus pilotos (Raikkonen pararia na 32ª com a mesma composição de pneus de Vettel) que estavam num ritmo bom de corrida. Segundo porque se tivessem esperado mais, poderiam trocá-los pelos supermacios e deixar seus carros mais velozes na parte final da prova. Resultado: a Ferrari perdeu ritmo e já não conseguia mais acompanhar os carros da Mercedes e nem os da Red Bull.
Verstappen parou na 36ª volta; trocou os supermacios pelos macios. Acertou na mosca. Na 40ª volta o holandês ultrapassou Hamilton sem tomar conhecimento no começo da reta dos boxes e assumiu a ponta.
Batida com Ocon:
A corrida caminhava para uma vitória surpreendente de Verstappen quando inexplicavelmente o holandês foi acertado no S do Senna por Esteban Ocon que era retardatário, na 44ª volta. Verstappen rodou e conseguiu voltar para a pista mesmo com o assoalho avariado, e ainda tentou se aproximar de Hamilton que sofria com o desgaste de pneus, mas não houve tempo suficiente para descontar a diferença.
Hamilton cruzou a linha de chegada em primeiro depois de 71 voltas com Verstappen em 2º e Kimi Raikkonen completando o pódio. Daniel Ricciardo terminou em 4º, seguido por Bottas e Vettel apenas em 6º. Charles Leclerc, Romain Grosjean, Kevin Magnussen e Sergio Pérez completaram os dez primeiros.
Vias de fato:
Ainda na pesagem oficial, visivelmente de cabeça quente, Verstappen foi tirar satisfações com Esteban Ocon e desferiu empurrões no piloto da Force India. O francês é visto como um dos grandes talentos da nova geração de pilotos da Fórmula 1, mas cometeu um erro imperdoável, cabível de punição mais severa que os 10 segundos de stop and go que recebeu durante a corrida. Ocon disse que o comportamento de Verstappen não foi atitude de homem. Já Verstappen retrucou que o empurrou depois de ouvir “algo estúpido”. Fim de corrida com clima quente em Interlagos entre os dois pilotos que têm um passado marcado pela rivalidade que começou ainda nos tempos de F3 quando Ocon venceu o campeonato em cima de Verstappen.