As 150.307 pessoas que passaram pelo Autódromo de Interlagos no final de semana do GP do Brasil não só foram brindados com uma grande corrida, como serviram de resposta para a dúvida que pairava no ar de como seria a Fórmula 1 este ano sem nenhum piloto verde-amarelo no grid. Que o brasileiro gosta de Fórmula 1 já era sabido, ma agora ficou mais do que comprovado que independente de ter ou não piloto da casa competindo, a principal categoria do automobilismo mundial tem o seu lugar no coração dos brasileiros.
Nem o fato de o campeonato de pilotos já chegar aqui decidido pela segunda vez consecutiva, tirou o entusiasmo do público em ver a corrida de perto. Ingresso para o GP do Brasil nunca foi barato. O setor mais popular das arquibancadas de Interlagos, o “G”, custou R$610,00 este ano. Quem ficou no setor “A” pagou R$870,00 – para citar apenas os dois mais populares. E os poucos ingressos que restavam, foram vendidos na semana da corrida.
O público deste ano foi o maior desde 2010 quando Interlagos recebeu 155.213 pessoas. No ano passado foram 141.218 torcedores. E depois dos contratempos que alguns integrantes da Fórmula 1 enfrentaram com a falta de segurança nos arredores do autódromo na edição de 2017, a segurança foi repensada com significativo aumento de policiais nas redondezas de Interlagos até tarde da noite, quando integrantes das equipes e jornalistas vão para os hotéis e ficavam vulneráveis à ação de bandidos. Desta vez nenhum episódio digno de nota foi registrado, o que é um bom sinal. Afinal, é difícil encontrar no paddock pessoas que trabalham com a Fórmula 1 que não gostam de vir para o GP do Brasil.
Na pista, a edição de número 47 da etapa brasileira foi um show de habilidades dos pilotos e de ultrapassagens, com destaque para Max Verstappen que acabou protagonizando os dois lados da moeda, de mocinho e de bandido da corrida.
Tomo a liberdade de usar uma frase da colega ‘Alessandra Alves’, comentarista do ‘Grupo Bandeirantes de Rádio’, que transmite todas as etapas do Mundial: “Pista velha é que faz corrida boa”! É uma grande verdade. Nem precisou da chuva que rondou Interlagos desde os treinos da sexta-feira para fazer do GP do Brasil uma das melhores corridas da temporada. O mesmo Verstappen que deu show de ultrapassagens e caminhava para uma surpreendente e merecida vitória, desbancando o favoritismo de Mercedes e Ferrari, obser-vado desde os treinos, não tinha nada que ‘vender caro’ a ultrapassagem de Esteban Ocon que era retardatário.
Por outro lado, Ocon, na condição de quem estava uma volta atrás do líder, não tinha nada que tentar descontar a volta de atraso num dos pontos mais críticos de Interlagos, o “S” do Senna. O resultado entre dois rivais ferrenhos desde os tempos da F3 Europeia e que perdura até hoje, não podia ser outro: a batida em que o holandês da Red Bull levou a pior e perdeu não só a corrida como a postura ao partir para agressão física desferindo alguns empurrões no rival. E ainda ouviu de Lewis Hamilton, vencedor da prova, “você tinha muito mais a perder, Max”.
Esta não foi a primeira e nem será a última vez que Verstappen e Ocon ocupam o centro das atenções. O holandês nunca digeriu a derrota na F3 Europeia para Ocon, em 2015; E Ocon nunca se conformou em ter levado mais tempo do que Max para chegar à Fórmula 1. Ocon que vive um momento delicado em que mesmo sendo protegido da Mercedes e visto como um dos jovens promissores da atual geração, está sem equipe para o ano que vem depois que o pai de Lance Stroll comprou a Force India para colocar o canadense ao lado do mexicano Sergio Pérez para o ano que vem. Tudo indica que Esteban Ocon será piloto reserva da Mercedes em 2019.