POLEPOSITION

Brasileiro gosta de Fórmula 1

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 17-11-2018 12:07 | 2933
Invasão de pista do ótimo público de Interlagos para ver de perto a cerimônia de pódio que teve até escola de samba com passistas
Invasão de pista do ótimo público de Interlagos para ver de perto a cerimônia de pódio que teve até escola de samba com passistas Foto: Carsten Horst

As 150.307 pessoas que passaram pelo Autódromo de Interlagos no final de semana do GP do Brasil não só foram brindados com uma grande corrida, como serviram de resposta para a dúvida que pairava no ar de como seria a Fórmula 1 este ano sem nenhum piloto verde-amarelo no grid. Que o brasileiro gosta de Fórmula 1 já era sabido, ma agora ficou mais do que comprovado que independente de ter ou não piloto da casa competindo, a principal categoria do automobilismo mundial tem o seu lugar no coração dos brasileiros.

Nem o fato de o campeonato de pilotos já chegar aqui decidido pela segunda vez consecutiva, tirou o entusiasmo do público em ver a corrida de perto. Ingresso para o GP do Brasil nunca foi barato. O setor mais popular das arquibancadas de Interlagos, o “G”, custou R$610,00 este ano. Quem ficou no setor “A” pagou R$870,00 – para citar apenas os dois mais populares. E os poucos ingressos que restavam, foram vendidos na semana da corrida.

O público deste ano foi o maior desde 2010 quando Interlagos recebeu 155.213 pessoas. No ano passado foram 141.218 torcedores. E depois dos contratempos que alguns integrantes da Fórmula 1 enfrentaram com a falta de segurança nos arredores do autódromo na edição de 2017, a segurança foi repensada com significativo aumento de policiais nas redondezas de Interlagos até tarde da noite, quando integrantes das equipes e jornalistas vão para os hotéis e ficavam vulneráveis à ação de bandidos. Desta vez nenhum episódio digno de nota foi registrado, o que é um bom sinal. Afinal, é difícil encontrar no paddock pessoas que trabalham com a Fórmula 1 que não gostam de vir para o GP do Brasil.

Na pista, a edição de número 47 da etapa brasileira foi um show de habilidades dos pilotos e de ultrapassagens, com destaque para Max Verstappen que acabou protagonizando os dois lados da moeda, de mocinho e de bandido da corrida.

Tomo a liberdade de usar uma frase da colega ‘Alessandra Alves’, comentarista do ‘Grupo Bandeirantes de Rádio’, que transmite todas as etapas do Mundial: “Pista velha é que faz corrida boa”! É uma grande verdade. Nem precisou da chuva que rondou Interlagos desde os treinos da sexta-feira para fazer do GP do Brasil uma das melhores corridas da temporada. O mesmo Verstappen que deu show de ultrapassagens e caminhava para uma surpreendente e merecida vitória, desbancando o favoritismo de Mercedes e Ferrari, obser-vado desde os treinos, não tinha nada que ‘vender caro’ a ultrapassagem de Esteban Ocon que era retardatário.

Por outro lado, Ocon, na condição de quem estava uma volta atrás do líder, não tinha nada que tentar descontar a volta de atraso num dos pontos mais críticos de Interlagos, o “S” do Senna. O resultado entre dois rivais ferrenhos desde os tempos da F3 Europeia e que perdura até hoje, não podia ser outro: a batida em que o holandês da Red Bull levou a pior e perdeu não só a corrida como a postura ao partir para agressão física desferindo alguns empurrões no rival. E ainda ouviu de Lewis Hamilton, vencedor da prova, “você tinha muito mais a perder, Max”.

Esta não foi a primeira e nem será a última vez que Verstappen e Ocon ocupam o centro das atenções. O holandês nunca digeriu a derrota na F3 Europeia para Ocon, em 2015; E Ocon nunca se conformou em ter levado mais tempo do que Max para chegar à Fórmula 1. Ocon que vive um momento delicado em que mesmo sendo protegido da Mercedes e visto como um dos jovens promissores da atual geração, está sem equipe para o ano que vem depois que o pai de Lance Stroll comprou a Force India para colocar o canadense ao lado do mexicano Sergio Pérez para o ano que vem. Tudo indica que Esteban Ocon será piloto reserva da Mercedes em 2019.