A tesoureira do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de São Sebastião do Paraíso e Região (Sempre/Sudoeste), Maria Rejane Tenório de Araújo Santos da Tribuna Livre da Câmara Municipal comentou sobre a situação delicada pela qual os servidores têm passado. Destacou que é isso já ocorre há anos em Paraíso e sofreu um agravamento muito maior neste ano. Rejane deixou a presidência do Sempre no último dia 6 de novembro, assumindo em seu lugar Rildo Domingos.
"Quando decidimos usar a tribuna me perguntei o que poderia falar e, diante da situação, o que nós, enquanto Sindicato e esta Casa, enquanto Legisladores, fazer por nossos servidores. Qualquer coisa que pensemos em fazer dependerá muito mais dos servidores do que do Sempre ou desta Casa. Sindicato somos todos nós, e o servidor precisa entender isto, criar mais coragem e lutar por seus direito", ressaltou.
A tesoureira destacou que o assunto já foi amplamente debatido ao longo do ano e que alguns apontamentos feitos pelo Sempre e por servidores por meio das comissões setoriais foram realizados no sentido de que o município buscasse fazer uma contenção de gastos no intuito de prevenir para um futuro ainda mais delicado já que, segundo avaliou, para o momento não será suficiente para "socorrer os servidores no mês de novembro e dezembro", avaliou. Conforme Rejane, servidores aposentados têm passado por situação ainda pior desde 2015 e alguns desses ainda não se recuperaram de traumas vividos com atrasos salariais.
Segundo Rejane, muitos servidores têm entrado em dívidas realizando empréstimos consignados, empréstimos pessoais entre outros caminhos para arcar com suas despesas. "A situação é grave para nós, servidores. O trabalhador é digno do seu salário, está na Constituição, na Bíblia. Temos trabalhado com muita dedicação para a população de Paraíso e esta população precisa saber que seus servidores, em alguns casos, estão passando necessidades básicas: alimentação, remédio, ameaça de corte de água e luz. O decreto de contenção de gastos é bem-vindo, mas ainda é pouco", avalia.
Segundo Rejane, infelizmente o fim de ano do servidor "será triste e penoso como o foi em 2015 e 2016 porque essa contenção de gasto não é dinheiro em caixa, como outros diretores do Sempre já se pronunciaram, mas é uma esperança. Precisamos olhar no retrovisor, não para lamentar, mas para buscar a experiência para que não cometamos os mesmos erros e as mesmas falhas. O decreto, elaborado na última semana, nos traz a esperança que logo nos primeiros meses consigamos regularizar os nossos salários, mas para que isto aconteça, nós do Sempre e o Legislativo precisa manter a fiscalização para que o Poder Executivo não cometa as mesmas falhas, que são os excessos de cargos e excessos de contratos para que possamos regularizar a situação", ponderou.
Rejane disse ainda que é preciso mobilização dos servidores pela luta dos seus direitos. "Se eles não se dispuserem a isto, infelizmente ficará muito difícil porque nós temos um Poder Judiciário que dorme e ainda que busquemos o seu socorro, ele não virá. Será tudo muito lento e os servidores precisam se animar no sentido de lutar e buscar os próprios direitos", completou.
PREFEITURA
Conforme a Prefeitura, em relação aos atrasos de pagamento, o município já conseguiu quitar a folha referente a setembro. Em relação a outubro, já foram pagos salários de servidores que recebem até R$1,5 mil e aos professores R$ 500. O prefeito Walker Américo Oliveira, destaca que o município tem feito o possível e o impossível para resolver o problema.
"Temos recursos para receber do Estado no montante de R$ 22.725.665,81. As ações de contenção de gastos já foram feitas pela Prefeitura em abril e agora novamente, sendo que não é a solução. Temos que receber do Estado para pagar, não há outra solução. Com os últimos atrasos de repasses, só o montante de ICMS a receber é de R$ 2.096.207,22 e de Fundeb R$ 6.285.366,33", completa ao prefeito.