POLE POSITION

Arriba, Ferrari!

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 13-01-2019 09:22 | 3332
Troca de comando na Ferrari: entra Mattia Binotto (E), sai Maurizio Arrivabene (D)
Troca de comando na Ferrari: entra Mattia Binotto (E), sai Maurizio Arrivabene (D) Foto: Getty Images

Com o perdão pelo trocadilho do título com o principal personagem do texto, a Ferrari resolveu colocar ordem na casa e demitiu o chefe de equipe, Maurizio Arrivabene. Não chega a ser novidade. A batata já estava assando nas mãos de Arrivabene algum tempo e depois de mais uma derrota para a Mercedes sob o seu comando, não havia como sustentar o cargo. Nem é tanto pelas derrotas, perder faz parte do jogo, mas a Ferrari perdeu por culpa dela mesma, pelos vários erros que cometeu entre 2017 e 2018 – e leia-se, muitos dos erros de Sebastian Vettel são vistos como consequência da enorme pressão a que estava submetido pela falta de comando da equipe.

Falta de comando. Talvez seja a expressão mais correta para desenhar o quadro que se instalou na Ferrari de uns anos para cá. Arrivabene assumiu o comando da equipe em novembro de 2014 com a missão de substituir Marco Mattiacci, outro que entrou e saiu sem mostrar a que veio – Mattiacci era homem de negócios, responsável pelas vendas de carros de série da Ferrari nos Estados Unidos, mas sem nenhum conhecimento do mundo das corridas, que substituía Stefano Domenicalli que por sua vez pegou a chefia da Ferrari no ‘pós-desmanche’ do chamado “dream team”, formado por Jean Tody, Ross Brawn e Rory Byrne, que marcaram época com os 5 títulos de Michael Schumacher entre 2000 e 2004. Quando o alemão se aposentou em 2006, com ele se desfez a cúpula responsável por fazer a Ferrari dominar a Fórmula 1 no começo dos anos 2000.

Arrivabene também não era homem ligado ao mundo das corridas. Não tinha experiência alguma. Sua ligação com a Ferrari provinha da Philip Morris, dona da marca Marlboro, que apesar da proibição da propaganda de cigarros, ainda é a principal patrocinadora da equipe italiana. Portanto, não chega a ser surpresa que a corda tenha arrebentado do lado deste italiano de 61 anos que agora passa o bastão para o desafeto (outro detalhe importante de sua demissão) Mattia Binotto, renomado chefe do departamento técnico, que teria ficado muito irritado com as acusações que o seu departamento passou a receber de Arrivabene diante do domínio que Hamilton impôs com a Mercedes na segunda metade do campeonato do ano passado.

Binotto está na Ferrari desde 1995 e ganhou notoriedade quando assumiu o risco em meados de 2016 de reconstruir o departamento técnico da Ferrari tendo como base engenheiros da própria fábrica, mas que trabalhavam com carros superesportivos e sem nenhuma experiência com os meandros da Fórmula 1. Tudo bem que a base do carro de 2017 já estava pronta quando o então responsável pelo projeto, James Aliison, foi demitido em 2016 e pouco depois contratado pela Mercedes. Mas o fato de um grupo jovem de engenheiros, sem experiência com a Fórmula 1, sustentar a disciplina e manter em evidência a evolução do projeto como um todo, foi algo digno de nota e que surpreendeu a todos na Fórmula 1.

Depois de perder os mundiais de 2017 e 2018 para a Mercedes, muitas vezes – principalmente no ano passado – dispondo de um carro mais eficiente que os do adversário, alguma medida urgente precisava ser tomada. Ela até demorou a sair haja vista que o campeonato acabou em novembro e somente nesta semana a demissão de Arrivabene foi oficializada. Mas veio em boa hora, a tempo de restabelecer a ordem na casa.

Está com saudade das corridas?
Então se liga hoje, ao meio dia, na segunda etapa da temporada 2018/2019 da Fórmula E, campeonato de carros elétricos, nas ruas de Marrakesh, no Marrocos, com três brasileiros no grid: Lucas di Grassi, Nelsinho Piquet e Felipe Massa. Ao vivo no canal Fox Sport.