POLEPOSITION

Valeu demais, Christian Fittipaldi!

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 27-01-2019 11:29 | 3211
Christian a bordo do Minardi no ano  de estreia na F1. Piloto se despede  das pistas neste final de semana
Christian a bordo do Minardi no ano de estreia na F1. Piloto se despede das pistas neste final de semana Foto: Divulgação

Ele tem pinta de galã de cinema. Não fosse piloto, talvez pusesse ter estrelado nas telas de Hollywood. Mas ainda bem que não. Christian Fittipaldi escolheu ser piloto, e aos 48 anos recém-completados, está deixando as pistas neste final de semana nas 24 Horas de Daytona, nos Estados Unidos. 

Uma carreira longeva e não menos vitoriosa que começou no Kart nos anos 80, onde conquistou várias vitórias e títulos e foi o ponto de partida de uma rivalidade com Rubens Barrichello que acabou se perdendo no tempo com os rumos diferentes que cada um tomou ao longo de suas carreiras.

Depois de vencer a F3 Sul-Americana em 1990 e a F3000 Internacional no ano seguinte, Christian carimbou o passaporte para a Fórmula 1. 

A estreia foi em 92 pela Minardi. Não era a melhor equipe para se correr na Fórmula 1, mas era o que ele tinha naquele momento. Foi uma temporada difícil com o carro que tinha em mãos e ainda sofreu um acidente nos treinos para o GP da França que o deixou de fora de três corridas para se recuperar de uma lesão na coluna cervical. Em Suzuka, no Japão, marcou o primeiro ponto ao terminar em 6º. Foi o único ponto da Minardi naquele ano, o que não deixa de ser expressivo já que apenas os seis primeiros colocados pontuavam.

Em 93 obteve seu melhor resultado na F1, 4º colocado no GP da África do Sul, resultado que ele repetiu outras duas vezes no ano seguinte (Aida e Alemanha), agora correndo pela Footwok. Ainda em 93, em Monza, na Itália, Christian protagonizou um dos chamados “acidentes mais espetaculares” da Fórmula 1 (se é que acidente pode ser chamado de espetacular) ao aterrizar com as 4 rodas no chão depois de um looping na linha de chegada e receber a bandeirada em 7º. Foi um assustador 360º no ar que ele ainda hoje não gosta de lembrar, ao ser catapultado por um toque na traseira da outra Minardi, de Fabrizzio Barbazza, que lhe fechou de propósito para terminar em 6º.

Ao final de 94, Christian resolveu deixar a Fórmula 1 por falta de equipes competitivas. Foram 40 GPs e 12 pontos.

O próximo passo foi mergulhar de cabeça na F-Indy, seguindo os passos do tio Emerson Fittipaldi. Foram 135 largadas, duas vitórias, uma pole, 20 pódios, 671 pontos e um 2º lugar nas 500 Milhas de Indianápolis em 1995, prova vencida por Jacques Villeneuve que dois anos depois se tornaria campeão da Fórmula 1 pela a Williams.

Na Indy Christian sofreu o acidente mais sério da carreira, na Austrália, onde fraturou as pernas logo na segunda corrida do ano de 97 em que era apontado como um dos favoritos ao título correndo pela Newman-Haas.

Christian Fittipaldi é o único piloto brasileiro que correu nas três principais categorias do automobilismo mundial: Fórmula 1, Indy e Nascar. 

Entre 2001 e 2003 competiu na Nascar, em 2005 passou pela Stock Car e voltou para os Estados Unidos no ano seguinte se dedicando em provas de longa duração. Venceu as 12 Horas de Sebring em 2015, foi campeão da United Sport Car em 2014 e 2015, além de faturar a tradicionalíssima 24 de Daytona por três vezes: 2004, 2014 e 2018.

“Se pudesse descrever uma corrida perfeita foi a de Daytona em 2014”, disse ao se referir na chegada eletrizante em que venceu por apenas 1s461 de diferença para o segundo colocado depois de 24 horas de prova.

Doze pilotos brasileiros estarão no grid da 57ª edição das 24 Horas de Daytona, com largada neste sábado às 17h30 (com cobertura em janelas pelo canal Fox Sport 2) –, entre eles Christian Fittipaldi que vai acelerar pela última vez como piloto profissional. Uma carreira honesta, uma pessoa do bem e um belo e respeitável currículo que merece todo o reconhecimento dos fãs do automobilismo e homenagens da coluna Pole Position. Valeu demais, Christian!