O difícil caminho que leva à Fórmula 1 continua o mesmo de sempre. O garoto começa no kart, passa pelas categorias (menores) de base - há quem pule etapas, mas isso depende de uma série de fatores. Atualmente o mais seguro depois do kart é a F4, ou a F- Renault, depois a F3 Europeia que está se unificando com a GP3 para virar uma só categoria; a F2, e aí sim, a cereja do bolo, a Fórmula 1 se não houver nenhum contratempo pelo caminho.
Mas, e o dinheiro(?) já que são poucos os afortunados que têm um pai bilionário que banque tudo, capaz até de comprar uma equipe de Fórmula 1 só para o filho correr, como fez o pai de Lance Stroll?
O patrocínio sempre foi um diferencial no automobilismo. Mas não é menos verdade que no passado muitas vezes só o talento era o suficiente. Havia equipes que costumava contratar um “braço duro” de pouco talento, mas que levava um bom aporte financeiro, e outro que não levava nenhum tostão, mas possuído de grande talento.
Lembro-me de uma entrevista do saudoso amigo Cândido Garcia, da Rádio Bandeirantes, perguntar a Roberto Pupo Moreno como era ser piloto talentoso, mas sem a sorte de estar numa equipe de ponta? “Eu me sinto um cara de sorte porque mesmo sem nenhum dinheiro eu consigo correr de Fórmula 1”, respondeu.
Era épocas em que as equipes testavam muito na Fórmula 1. Ser piloto de testes era uma vitrine importante que não só dava status como abria as portas para ser titular.
Pois bem; ainda hoje é mais ou menos assim, dada as devidas proporções. A grande diferença é que (quase) não se treina mais em pistas. Tudo se resolve nos ultrassofisticados simuladores nas fábricas, e foi aí que começaram a surgir os programas de formação de jovens pilotos, mantidos pelas principais equipes.
Boa parte do grid da última década na Fórmula 1 veio/ vem das academias. Lewis Hamilton é melhor exemplo de garoto pobre, que o pai trabalhava em três empregos para conseguir grana para manter o filho no kart até que o hoje consagrado penta-campeão fosse descoberto e adotado pelo então chefão da McLaren, Ron Dennis, e apoiado também pela Mercedes que era parceira da equipe inglesa. O resto é história que todo mundo conhece.
Casos mais recentes como o do jovem monegasco Charles Leclerc que é cria da Ferrari são cada vez mais comuns. Ano passado Leclerc assombrou em sua estreia pela Sauber, o que lhe valeu a vaga de novo companheiro de equipe de Sebastian Vettel no lugar de Kimi Raikkonen. O próprio Vettel também veio desses programas, apoiado pela BMW que era parceira da Sauber quando o alemão estreou, em 2007.
Nos últimos dias muito se falou da chegada de Mick Schumacher como novo integrante da academia da Ferrari. Mick é filho do heptacampeão, Michael Schumacher; foi campeão da F3 Europeia no ano passado e vai competir na F2 nesta temporada. A mesma Ferrari mantém dois brasileiros em seu programa de formação de pilotos desde o ano passado. Um deles é Enzo Fittipaldi (17 anos), neto mais novo de Emerson Fittipaldi, campeão da F4 italiana em 2018, e 3º no campeonato alemão da mesma categoria. O outro é Gianluca Petecof (16), 4º e 10º colocado respectivamente dos mesmos campeonatos.
E a mais nova sensação do momento também é brasileiro, Caio Collet, de 16 anos, que arrasou na F4 francesa do ano passado e acaba de ser recrutado na academia da Renault.
Soma-se a eles Pietro Fittipaldi, irmão de Enzo, já confirmado como piloto de desenvolvimento da Haas, mesma função que será exercida pelo mineiro Sergio Sette Câmara na McLaren, não faltam motivos para o brasileiro voltar a sonhar com outro piloto no grid da Fórmula 1.