Quando a Fórmula 1 desembarcou pela primeira vez no Bahrein, minúsculo país do Golfo Pérsico, cuja capital, Manama, é a maior cidade com cerca de 150 mil habitantes, pareceu maluca a ideia do então chefão, Bernie Ecclestone, levar a categoria para o meio do deserto, sob calor escaldante, e numa região do globo sem nenhuma tradição com o automobilismo, apesar de serem conhecidos como ‘reis do petróleo’. Foi em abril de 2004. Michael Schumacher venceu a prova com Rubens Barrichello em 2º (dobradinha da Ferrari) e Jenson Button em 3º com a BAR-Honda.
De lá para cá muita coisa mudou. A Fórmula 1 passou por várias transformações e até a corrida ganhou novo formato com a largada acontecendo no pôr do sol e a bandeirada noite adentro sob as luzes dos refletores. O GP do Bahrein está completando 15 anos e caiu nas graças da Fórmula 1. O Circuito de Sakhir com seus 5.412 metros de extensão, com 66% de cada volta sob aceleração máxima, composto por 15 curvas - 6 para a esquerda e 9 para a direita – e duas retas grandes, sempre proporciona boas disputas. Ano passado foi a segunda corrida do campeonato com o maior número de ultrapassagens (86). Sebastian Vettel venceu depois de passar sufoco nas últimas voltas com os pneus no bagaço e tendo que se defender dos ataques de Valtteri Bottas.
O asfalto é extremamente uniforme, mas vira uma lixa com a areia do deserto que é trazida pelo vento. O fenômeno é uma das particularidades da pista e que dificulta a vida dos pilotos: “Se você pisar alguns centímetros fora do traçado vai sujar ospneus, perder aderência e aumentar o desgaste”, disse Vettel.
Por falar em Vettel, o alemão é o maior vencedor do GP do Bahrein com quatro vitórias: duas pela Ferrari e duas quando corria pela Red Bull, mas a pergunta que não quer calar é se a Ferrari conseguiu entender e resolver os problemas que levaram o próprio Vettel ser 0s704 mais lento que a Mercedes de Lewis Hamilton no treino de classificação, e receber a bandeirada da corrida apenas em 4º a quase um minuto do vencedor, Valtteri Bottas? Charles Leclerc com a outra Ferrari terminou apenas em 5º.
A Ferrari saiu da Austrália sem entender a falta de ritmo e de velocidade durante todo aquele final de semana e deixou no ar a dúvida se o desempenho ruim em Melbourne foi apenas acidente de percurso, ou se a assombrosa Ferrari dos testes de pré-temporada não passou de fogo de palha? Eu prefiro acreditar na primeira hipótese para o bem do campeonato e da própria Fórmula 1.
A falta de performance da Ferrari acabou ofuscando a boa estreia da nova parceria Red Bull-Honda que foi ao pódio na Austrália com Max Verstappen. Curiosamente, lá mesmo, no Bahrein, ano passado, Pierre Gasly conduziu a Toro Rosso-Honda a um honroso 4º lugar, o que não deixa de ser um alento a mais para as expectativas de outro bom resultado da Red Bull. Por fim, vai ser interessante observar o comportamento da dupla da Mercedes depois da vitória maiúscula de Valtteri Bottas, se impondo com autoridade sobre o pentacampeão Lewis Hamilton. O Bottas da Austrália, que chegou a ser indelicado no recado que mandou aos críticos, vai ter peito pra desafiar Lewis Hamilton como fez Nico Rosberg em 2016? Essas e outras dúvidas começarão a ser respondidas no 15º GP do Bahrein, com largada neste domingo às 12h10, e transmissão ao vivo da TV Globo e da Rádio BandNews FM.
DOBRADINHA COM A F1
Avise a esposa que o almoço deste domingo será mais tarde. Porque termina o GP do Bahrein e começa a segunda etapa da MotoGP, em Termas de Rio Hondo, na Argentina, a partir das 15h, ao vivo no SporTV.