Se dermos uma repassada pelos 999 GPs de Fórmula 1 vamos encontrar diversos casos de vitórias certas que escaparam nas últimas voltas por problemas mecânicos. Quebras fazem parte do esporte a motor, e a derrota de Charles Leclerc, domingo passado, no Bahrein, me fez lembrar o GP da Hungria de 1997.
Damon Hill, campeão mundial pela Williams dois anos antes, corria pela pequena Arrows naquela temporada e caminhava tranquilo para a vitória em Hungaroring depois liderar 62 das 77 voltas da corrida, mas na última, quando tinha mais de meio segundo de vantagem para o 2º colocado, Jacques Villeneuve com a poderosa Williams, o acelerador eletrônico da Arrows entrou em pane. Villeneuve chegou, passou e venceu a prova. Hill terminou em 2º, e o paddock de Hungaroring foi tomado pela comoção tal qual o do Circuito de Sakhir, domingo passado com a derrocada do jovem piloto da Ferrari.
Há uma grande diferença entre os dois casos que precisa ser levada em consideração. Hill já era um consagrado vencedor, enquanto promissor Leclerc corre atrás da primeira vitória em sua ainda curta carreira de 23 GPs - apenas dois com a Ferrari. Mas na Hungria seria a primeira e única vitória da inofensiva Arrows que mais tarde acabou fechando as portas por falta de dinheiro e atolada em dívidas.
Merece destaque em ambos os casos a postura dos ‘Vencedores’ (com V maiúsculo, mesmo): Jacques Villeneuve, que na época era menos amargo e polêmico do que nos dias atuais, desceu do carro e foi primeiro falar com Hill antes da cerimônia do pódio. No Bahrein, Lewis Hamilton fez o mesmo com Leclerc.
É nessas horas que se mede o caráter e a grandeza de um campeão. Reconhecer que aquele momento não era seu, ainda que todos estejam na pista para vencer, independente da sorte (ou falta dela) dos adversários.
Lewis Hamilton falou ao pé do ouvido de Charles Leclerc que “não havia nada que pudesse fazer naquele momento”.
Aos 21, Leclerc que fez a pole position no sábado, estava prestes a fazer história. Se tornaria o primeiro monegasco a ganhar um GP de Fórmula 1, mas uma falha num dos cilindros do motor de combustão, e não no sistema de recuperação de energia como foi divulgado, o fez perder potência nas voltas finais do GP do Bahrein. O pódio ainda foi salvo pelo safety car que entrou na pista para a retirada de um dos dois carros da Renault que pararam com problemas de motor.
A Fórmula 1 está diante de uma nova estrela, daquelas que já chega emanando luz própria. A maturidade de Leclerc ao lidar com uma derrota dolorida só faz aumentar a admiração pelo piloto que é. “Oh my God(!)”, exclamou pelo rádio ao invés de socar o volante, falar palavrão ou se derreter em lágrimas. “Acontece, faz parte do esporte a motor”, disse.
Se no caso de Hill pecou o fato de um problema mecânico impedir a única vitória da simpática Arrows, no caso de Leclerc fica o consolo de que muitas vitórias estão por vir. Sua capacidade como piloto o credencia a isso.
Quem vai levar a “Stock 500”?
A Stock Car abre a sua 40ª temporada com a corrida número 500 de sua história no pequeno Velopark, em Nova Santa Rita/RS. Em 1989 Chico Serra venceu em Interlagos a 100ª prova. Em 1998 Xandy Negrão ganhou a 200ª, disputada em Londrina. Cacá Bueno faturou a 300ª, em Campo Grande/2006. E Thiago Camilo levou a de número 400 em Goiânia/2014. A largada para a ‘Stock 500’ está prevista para as 11h deste domingo, ao vivo no SporTV.