A Fórmula 1 demorou 40 anos para atingir a marca de 500 Grandes Prêmios, em 1990. Uma prova de que o calendário era mais enxuto, se comparados aos 29 anos seguintes para chegar ao milésimo GP, que será disputado nesta madrugada, na China, a partir das 3h10, com transmissão ao vivo da TV Globo e BandNews FM. A média de corridas por ano subiu consideravelmente e existe planos para ampliar o calendário de 21 para 25 GPs nos próximos anos.
Quando completou 500 GPs, o cenário era bem diferente. Juan Manuel Fangio era, e ainda é, um dos grandes nomes da Fórmula 1. O argentino era pentacampeão mundial e estava presente em Adelaide, na Austrália, nas comemorações da corrida histórica. Alain Prost ainda era tricampeão e o maior vencedor com 44 vitórias - terminaria a carreira com 4 títulos e 51 vitórias, em 1993.
Havia uma galeria restrita de tricampeões formada por Prost, Piquet, Lauda, Stewart e Jack Brabham. Senna ainda era bicampeão, recém conquistado duas semanas antes do GP 500, numa batida proposital e polêmica em Prost, no Japão. Prost que estava de ‘tromba virada’, se recusou posar para uma foto histórica ao lado do próprio Fangio, Piquet, Senna, Stewart, Danny Hulme, James Hunt e Jack Brabham, uma turma de peso que hoje somaria 19 títulos.
Dos 500 para os 1000 GPs, muita coisa mudou. Um certo Michael Schumacher varreu os números de Fangio e de Prost vencendo 7 campeonatos e 91 corridas, marcas impressionantes que, se em 1990 era difícil imaginar que alguém pudesse alcançar o pentacampeonato de Fangio, superar então os números do alemão parecia algo fora da curva, quando ele abandonou as pistas. Mas não é. Lewis Hamilton caminha passos largos em busca dos recordes de Schumacher, e se nada der errado, tem totais condições de se tornar o maior vencedor de todos os tempos em números de vitórias e títulos. Hamilton já é pentacampeão e tem 74 vitórias no bolso.
Curioso que dos 500 para o milésimo GP, a Fórmula 1 só viu Schumacher, Hamilton e Vettel vencer mais de três campeonatos (Vettel tem 4 títulos e 52 vitórias). A galeria dos tricampeões permaneceu a mesma, e os ensinamentos que se tira da Fórmula 1 é que apesar de hoje tudo parecer muito mais fácil do que era no passado, não passa de falsa impressão quando se vê que as 27 vitórias de Jackie Stewart, e as 25 de Jim Clark e de Niki Lauda, ainda permanecem no top 10 dos pilotos que mais ganharam corridas em 1000 GPs.
Detalhe: Clark correu até o final dos anos 60 quando perdeu a vida numa corrida de F2, Stewart parou em 1973, e Lauda em 84.
Apesar do simbolismo que o GP da China representará para a Fórmula 1, temos um campeonato que teve até aqui duas dobradinhas da Mercedes. A primeira pela superioridade diante da Ferrari, na Austrália, e a segunda na pura sorte com o problema mecânico que tirou a primeira vitória de Charles Leclerc, no Bahrein.
O Circuito de Xangai com 5.451 metros, longas retas - a maior com 1.175 metros, é um convite para muitas ultrapassagens. Foi na China, em 2016, que aconteceu o maior número de ultrapassagens já registradas na Fórmula 1 em condições normais de corrida: 128.