POLE POSITION

Ayrton Senna, sempre!

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 05-05-2019 19:47 | 5226
Ainda hoje se fala tanto de Ayrton Senna que nem parece fazer 25 anos de sua morte
Ainda hoje se fala tanto de Ayrton Senna que nem parece fazer 25 anos de sua morte Foto: ARQUIVO / POLE POSITION

O 1º de maio mostrou o quanto Ayrton Senna continua vivo na memória de brasileiros e de fãs do mundo inteiro. Não me lembro de outro esportista tão lembrado e venerado 25 anos depois de sua morte, lembrança esta que não se resume apenas em número redondo ou a cada cinco anos. Todo primeiro de maio é assim.

Muitos dos jovens de hoje, que nem eram nascidos na época de Senna o tem como ídolo. Pessoas que nem eram fãs de Fórmula 1 viam e ainda vêem Ayrton como herói.

Não gosto de qualificar esportistas como heróis. Suas conquistas trazem satisfação aos torcedores, mas de certa forma não mudam a vida de ninguém, senão daqueles menos favorecidos que alguns desses atletas fazem ações no âmbito social (Senna era um destes, no anonimato). Esportistas de elite são preparados e bem pagos na maioria das vezes para fazer o que fazem e seu foco é ser o melhor, sempre. Prefiro então chamar de herói quem salva vidas, arrisca a própria pela dos outros, se entrega por uma causa justa, e por aí vai. Mas com Senna essa questão era diferente. As pessoas viam nele a garra e a determinação que servia como estímulo para um povo sofrido.

O Brasil estava sem rumo e no fundo do poço. Vivíamos períodos de incerteza e massacrados pela hiperinflação; e era Senna quem trazia alegria às manhãs de domingo, e madrugadas do Japão. Era uma válvula de escape dos problemas de cada um e combustível que alimentava o começo de uma nova semana de trabalho.

Mas como se explica essa reverência ainda hoje, não só aqui, mas no mundo todo? As hashtag “Senna” bombaram pelas redes sociais. É algo que impressiona. De jornalistas especializados a pessoas comuns, prestaram suas homenagens ao piloto.

E o que Ayrton Senna tinha de tão especial? O lado humano, o orgulho de ser brasileiro, e a comoção de vê-lo perder a vida num trágico acidente diante da TV, que deixou milhares de fãs órfãos de quem era fonte de inspiração, o tornou mais ídolo do que já era. Mas Senna tinha muito mais. Seu talento extraordinário, a coragem e a capacidade de pilotar carros que nem sempre era o melhor do grid era surreal. Tive o privilégio de acompanhar toda a carreira de Senna como piloto. Antes de me tornar colunista especializado de automobilismo, eu via Senna com olhos de torcedor. A própria imprensa brasileira, por vezes, criou uma guerra entre o bem e o mau. Alain Prost era o inimigo número 1. As pessoas focavam muito naquilo, mas hoje, com outros olhos, mais crítico, quando vejo as corridas daquela época me espanta ver a magia de Senna, tentar entender como ele conseguia fazer o que fazia no seco, no molhado, com carros inferiores aos dos adversários. Algumas de suas 41 vitórias mais parecem script de filme do que cena real.

É a única forma de explicar a admiração que ainda se nutre por ele no mundo todo, 25 anos após sua morte. E não bastasse tudo isso, ainda tem outro detalhe curioso: A morte de Senna tornou viva a memória de Roland Ratzenberg. O austríaco estreava na Fórmula 1 e faria sua terceira corrida no GP de San Marino, mas morreu ao bater violentamente na curva Villeneuve. Certamente já teria caído no esquecimento como tantos outros pilotos que perderam a vidas nas pistas. Mas como não se lembrar de Ratzenberg um dia antes de Senna?

Stock Car
Mogi-Guaçu/SP recebe neste final de semana a primeira rodada dupla da Stock Car no belíssimo Circuito Velo Città, pista bastante técnica do interior paulista. Ao todo serão 9 rodadas duplas de um calendário de 12 etapas. Na abertura da temporada, no Velopark, a vitória foi de Daniel Serra, atual bicampeão da categoria e líder do campeonato com 30 pontos. O SporTV transmite amanhã, ao vivo, às 13h.