O 1º de maio mostrou o quanto Ayrton Senna continua vivo na memória de brasileiros e de fãs do mundo inteiro. Não me lembro de outro esportista tão lembrado e venerado 25 anos depois de sua morte, lembrança esta que não se resume apenas em número redondo ou a cada cinco anos. Todo primeiro de maio é assim.
Muitos dos jovens de hoje, que nem eram nascidos na época de Senna o tem como ídolo. Pessoas que nem eram fãs de Fórmula 1 viam e ainda vêem Ayrton como herói.
Não gosto de qualificar esportistas como heróis. Suas conquistas trazem satisfação aos torcedores, mas de certa forma não mudam a vida de ninguém, senão daqueles menos favorecidos que alguns desses atletas fazem ações no âmbito social (Senna era um destes, no anonimato). Esportistas de elite são preparados e bem pagos na maioria das vezes para fazer o que fazem e seu foco é ser o melhor, sempre. Prefiro então chamar de herói quem salva vidas, arrisca a própria pela dos outros, se entrega por uma causa justa, e por aí vai. Mas com Senna essa questão era diferente. As pessoas viam nele a garra e a determinação que servia como estímulo para um povo sofrido.
O Brasil estava sem rumo e no fundo do poço. Vivíamos períodos de incerteza e massacrados pela hiperinflação; e era Senna quem trazia alegria às manhãs de domingo, e madrugadas do Japão. Era uma válvula de escape dos problemas de cada um e combustível que alimentava o começo de uma nova semana de trabalho.
Mas como se explica essa reverência ainda hoje, não só aqui, mas no mundo todo? As hashtag “Senna” bombaram pelas redes sociais. É algo que impressiona. De jornalistas especializados a pessoas comuns, prestaram suas homenagens ao piloto.
E o que Ayrton Senna tinha de tão especial? O lado humano, o orgulho de ser brasileiro, e a comoção de vê-lo perder a vida num trágico acidente diante da TV, que deixou milhares de fãs órfãos de quem era fonte de inspiração, o tornou mais ídolo do que já era. Mas Senna tinha muito mais. Seu talento extraordinário, a coragem e a capacidade de pilotar carros que nem sempre era o melhor do grid era surreal. Tive o privilégio de acompanhar toda a carreira de Senna como piloto. Antes de me tornar colunista especializado de automobilismo, eu via Senna com olhos de torcedor. A própria imprensa brasileira, por vezes, criou uma guerra entre o bem e o mau. Alain Prost era o inimigo número 1. As pessoas focavam muito naquilo, mas hoje, com outros olhos, mais crítico, quando vejo as corridas daquela época me espanta ver a magia de Senna, tentar entender como ele conseguia fazer o que fazia no seco, no molhado, com carros inferiores aos dos adversários. Algumas de suas 41 vitórias mais parecem script de filme do que cena real.
É a única forma de explicar a admiração que ainda se nutre por ele no mundo todo, 25 anos após sua morte. E não bastasse tudo isso, ainda tem outro detalhe curioso: A morte de Senna tornou viva a memória de Roland Ratzenberg. O austríaco estreava na Fórmula 1 e faria sua terceira corrida no GP de San Marino, mas morreu ao bater violentamente na curva Villeneuve. Certamente já teria caído no esquecimento como tantos outros pilotos que perderam a vidas nas pistas. Mas como não se lembrar de Ratzenberg um dia antes de Senna?
Stock Car
Mogi-Guaçu/SP recebe neste final de semana a primeira rodada dupla da Stock Car no belíssimo Circuito Velo Città, pista bastante técnica do interior paulista. Ao todo serão 9 rodadas duplas de um calendário de 12 etapas. Na abertura da temporada, no Velopark, a vitória foi de Daniel Serra, atual bicampeão da categoria e líder do campeonato com 30 pontos. O SporTV transmite amanhã, ao vivo, às 13h.