A Associação Shaoulin do Norte de Kung Fu e Tai Chi Chuan completa neste mês 19 anos de história em São Sebastião do Paraíso. A associação, que ao longo desses anos conquistou inúmeros títulos e proporcionou à crianças e jovens uma qualidade de vida melhor, vem, como seu mestre Márcio Zaqueu define, sendo uma casa de lutas, tanto no que se diz respeito ao esporte, quanto para continuar de pé, tendo em vista a falta de incentivo e apoio das políticas públicas.
Ética e cidadania são a base dos ensinamentos do mestre e fundador Márcio Zaqueu, que destaca a notoriedade que a Associação trouxe para Paraíso ao longo desses anos, já acumulando mais de 430 medalhas e títulos trazidos para o município, de níveis regional, estadual, nacional e internacional. Mais de três mil jovens já passaram pelo tatame da academia, conforme recorda orgulhoso, Zaqueu.
"Isso nos orgulha, principalmente a conquista de tantos títulos. Paraíso nunca foi tão longe em campeonatos pelo Brasil e pelo Mundo como a Associação Shaolin do Norte a levou. Além de representar Paraíso em países de primeiro mundo, trouxemos títulos e tudo isso com falta de apoio, reconhecimento e atenção das nossas políticas públicas. A Academia é realmente uma casa de luta: luta-se contra tudo, contra as crises desse país e contra falta de apoio. Apesar das dificuldades, vencemos até aqui", ressalta o mestre em artes marciais.
Zaqueu destaca que é um trabalho bonito que tem sido realizado com esses alunos ao longo dos anos. "É um trabalho que envolve disciplina e cobrança dos estudos, para a formação de cidadãos. Buscamos fazer com que esses alunos aprendam um pouco sobre honestidade e ser uma pessoa boa, o que hoje é um diferencial", destaca. Conforme o professor, os principais desafios estão no que tange a questão financeira, sendo que é cara a participação em campeonatos de níveis estaduais, nacional e mundial.
Este ano está previsto para acontecer o Campeonato Brasileiro em Santa Catarina, na cidade litorânea de Bombinhas e, segundo destaca Márcio Zaqueu, o sonho é poder levar alunos da APAE, que têm tido destaque no esporte e hoje são abraçados pela Confederação Brasileira de Kung Fu/Wushu, que hoje possui um departamento específico de adaptados do qual Zaqueu é diretor. "São meninos muito especiais, e a Apae é um lugar onde nós vamos dar aula, mas acabamos aprendendo. É um lugar onde aprendo muito".
Nesses 19 anos, o professor revela que ainda existe o sonho de possuir um centro voltado para a cultura oriental, com diversos cursos e um espaço de lazer e turismo. "Houve um época que conseguimos o terreno, próximo ao Projeto Soma, mas depois de todo o trâmite houve mudança de gestão e o sonho ficou todo no papel. Havia projeto, iríamos urbanizar as avenidas próximas. Seria uma referência para Paraíso. Infelizmente não aconteceu", lamenta.
Aos 60 anos, Zaqueu comenta que estas são situações que desanimam um pouco, mas ele ainda se mantém firme e realizando um trabalho que se tornou referência no município, principalmente com o projeto Vida Ativa. "É algo que contribuiu muito para com os nossos munícipes, essas pessoas que participam relatam a diferença que foi para suas vidas, como melhorou a disposição deles e como hoje estão mais felizes e saudáveis", acrescenta.
Por fim, o professor destaca que é difícil uma categoria ter tanto destaque dentro do município e, principalmente, levar alunos a integrarem uma seleção brasileira da categoria. "Cultivamos uma árvore e vemos os seus galhos quebrar, voltando ao tronco, e esse ciclo se repete de novo e de novo. Mas ainda nos matemos firmes e, apesar das dificuldades, ainda existe muita gente em Paraíso que nos apoia. São 19 anos de muita luta e esperamos poder chegar aos 20 e fazer um grande evento para comemorar essa longa história", completa.