POLEPOSITION

Decisão equivocada

Por: Sérgio Magalhães | Categoria: Esporte | 16-06-2019 21:45 | 3096
Vettel troca as placas 1 pela 2 de frente à Mercedes de Hamilton
Vettel troca as placas 1 pela 2 de frente à Mercedes de Hamilton Foto: AFP

A melhor resposta que Sebastian Vettel poderia dar aos comissários da Federação Internacional de Automobilismo pela punição de 5 segundos que tirou sua vitória no GP do Canadá foi o que ele fez: Retirar a placa de número 1 colocada de frente para a Mercedes de Lewis Hamilton, e colocar a de número 2.

Vai ser a imagem do ano da Fórmula 1 quando o campeonato acabar e nós, da imprensa, listar os melhores e piores momentos.

Regras e decisões controversas existem em qualquer modalidade esportiva, do Futebol de Botões à Fórmula 1, mas os comissários do GP do Canadá foram muito ao pé da letra para punir Vettel. Não que se deva passar a mão na cabeça de quem comete erros, e quando isso acontece abre precedente perigoso. Mas o que aconteceu na volta 48, quando o alemão perdeu o controle e escapou do traçado, merece ser analisado não só pelas regras, mas também pelo bom senso.

Vettel vinha sendo pressionado por Hamilton na disputa pela liderança da prova. Ao passar sobre a grama, sujou os pneus, que perderam aderência, e era natural que o carro escorregasse para o lado direito da pista. É a lei da física(!), tanto que o piloto da Ferrari questionou pelo rádio, "onde eles queriam que eu passasse(?)". Naquele instante, Hamilton viu a porta aberta, mas como piloto experiente que é, do alto de seus cinco títulos e com o sexto já bem encaminhado, era óbvio que ele sabia que Vettel além de lutar para controlar o carro, iria fazer o possível para defender a posição dentro dos limites aceitáveis de tolerância. Por isso, Hamilton nem deveria ter reclamado pelo rádio que Vettel voltou de forma "agressiva" para a pista. Está no instinto do piloto se defender. O próprio Hamilton esteve envolvido num caso semelhante em 2016 que eu explico mais abaixo.

Hamilton freou para não bater, mas não pareceu uma ação "evasiva" como citou o documento emitido pelos comissários justificando a punição de Vettel por ter "forçado o piloto do carro 44 a uma ação evasiva para evitar a colisão". Tanto que nem houve travada de rodas do carro da Mercedes. Um lance absolutamente normal de corrida na visão deste colunista.

O que fica ruim para a imagem da Fórmula 1 não é a falta de critérios (eles existem) para julgar, mas a forma controversa como alguns incidentes tem sido interpretado pelos comissários. No GP de Mônaco de 2016 aconteceu um lance muito parecido ao do Canadá com Lewis Hamilton que liderava a prova quando passou reto na chicane e da mesma forma que Vettel, voltou defendendo a posição pra cima de Daniel Ricciardo que o pressionava pela liderança. Um dos comissários daquele GP (eles não são os mesmos em todas as corridas), pasmem(!), era o mesmo Emanuelle Pirro que atuou no domingo passado, e considerou a manobra de Hamilton como incidente de corrida, sem punição. 

Pirro, que correu na Fórmula 1 entre 1989 e 1991 e foi se destacar nas 24 Horas de Le Mans ao vencer a prova por cinco vezes, disse à imprensa italiana que doeu ouvir duras críticas de campeões como Mario Andretti e Nigel Mansell, e se defendeu alegando que o mundo mudou, e o automobilismo também depois de suas épocas.

Pode até ser, mas muito "mimimi" estraga o esporte, e no caso em questão, houve critérios demais e bom senso de menos.

 

24 Horas de Le Mans

O canal Fox Sport promete ampla cobertura das 24 Horas de Le Mans, uma das provas mais importantes do automobilismo mundial, com largada hoje, às 10h, e encerramento no domingo no mesmo horário. 62 carros no grid, 186 pilotos de 31 países - 7 brasileiros. A pole position ficou com a Toyota tripulada por Kamui Kobayashi/ Mike Conway/ Jose Maria Lopez.