CAMINHONEIROS

Nova tabela de frete pode reacender greve de caminhoneiros no país

Por: João Oliveira | Categoria: Transporte | 23-07-2019 09:51 | 2837
Greve dos caminhoneiros que parou o Brasil em 2019 fez um ano em maio
Greve dos caminhoneiros que parou o Brasil em 2019 fez um ano em maio Foto: Arquivo Jornal do Sudoeste

A greve dos caminhoneiros de 2018 completou um ano no final de maio. A greve, a maior desde 2012, teve como uma de suas pautas de reivindicação, além de redução do preço do combustível, a atualização de tabela do frete a fim de beneficiar à categoria. Entretanto, nova resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que estabeleceu regras para o cálculo do piso do frete rodoviário, causou reação, e já foi suspensa pelo governo para uma nova rodada de negociação.

De acordo com resolução da ANTT, a nova tabela considera 11 categorias de cargas que seriam usadas no cálculo do frete mínimo e amplia os itens considerados no cálculo. Além da distância percorrida, o cálculo do frete mínimo também consideraria o tempo de carga e descarga do caminhão, custo com depreciação do veículo, remuneração do caminhoneiro, impostos, entre outros.

A tabela de fretes foi criada no ano passado pelo governo Michel Temer, mas de acordo com um dos representantes do movimento grevista em São Sebastião do Paraíso, o presidente da Associação de Assistência aos Proprietários de Veículos Automotores em São Sebastião do Paraíso (Aproves), Joaquim Assis, não foi fiscalizada.

Segundo o presidente da Associação, seguindo a nova tabela é possível que a categoria volte a paralisar, haja vista que, segundo ressalta Assis, não havia fiscalização da tabela anterior e, agora, com nova tabela há uma redução de pelo menos 35 a 40% do valor do frete. “É inviável trabalhar desta maneira. O frete varia muito de região para região, mas, por exemplo, um frete de R$ 1 mil, pela tabela o caminhoneiro já perde pelo menos R$ 300”, avalia.

Conforme destaca Assis, essa diminuição pode prejudicar muito aos caminhoneiros, e já existe movimentação para uma greve. Ele conta que já foi consultado, mas que por hora, na região a categoria não está disposta a parar, todavia o movimento deve chegar aqui caso venha a ganhar dimensão nacional.

Sobre a greve de 2018, ele conta que houve avanços e melhorou muito para a categoria, mas que os reflexos foram graves para o país. “Só não foi melhor porque o país entrou em crise naquele momento, diminuiu a produção e não foi muito bom nesse sentido, mas com o mercado aquecido, valeu muito a pena”, destacou.

Nesta segunda-feira (22/7), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, afirmou que a resolução da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que estabeleceu regras para o cálculo do piso do frete rodoviário será suspensa. Segundo ele, vai ser aberta uma nova rodada de negociação com os caminhoneiros. Há uma reunião prevista para quarta-feira (24/7).

Joaquim de Assis diz que não culpa o novo presidente, Jair Bolsonaro, mas que sua equipe tem deixado a desejar. “Eu culpo essa equipe de assessores, o Senado, enfim, o sistema governamental, mas tudo isto será revisto. Eles sabem que o país vai parar novamente caso a categoria não esteja de acordo com a nova tabela. Será um prejuízo muito grande para o Brasil neste momento”, avalia.

Por fim, o presidente da Aproves diz que em relação ao diesel, houve redução significativa e que só isso já ajuda muito a categoria, mas que se não houver um referencial e uma fiscalização permanente, caminhoneiros irão voltar a mesma situação antes da greve de 2018. “Acredito que o governo não deve deixar acontecer nova greve e irá agir antes, porque já sabem quais são as consequências”, completa.