(Francisca Borges da Cunha)
Dalila
A bondade está ali, detrás daquela porta que se abre em uma sala, onde a mesa quase sempre posta, com mãos que passeiam graciosamente, servindo o fruto, o pão e o mel. Paula, Carla e Dalila, uma tríade de doces olhos e amorosa presença.
Na parede o relógio marca o dia e a noite, pois para Dalila a vida é sem fim.
As visitas se sucedem e pela casa, bem ornamentada, vê-se lembranças das muitas viagens de Dalila percorrendo o mundo em programação feliz com o esposo José.
Oh! Estes tapetes, estas telas, coleções preciosas de adereços, cada objeto trazendo uma inspiração para bem conduzir os dias de Dalila.
Dalila é a mãe, a mestra. É a madrinha. É sol, é lua.
Dalila faz brotar! As letras germinam. Nascem os livros! Dalila é colheita!
Dalila faz na vida um caminho de força, atividades que nos escapam, levada e elevada nos pilares do ideal, do altruísmo e da filantropia.
É uma alma livre para escolher no que acreditar. Escreve a sua história com sabedoria, não carrega mágoa, nem rancor. Constrói a sua paz!
Aceita as pessoas como elas são, pois entende que todas estão certas, na liberdade de ser. Ela deixa ir, o que não tem substância. É parceira das estrelas, da raça, da Luz!
Se revela como Contadora de Histórias. Ora era a vez da formiga laboriosa, ora a cigarra cantadeira, que se encontram, se digladiam, experienciam a vida. Em um especial movimento se harmonizam tornando-se amigas e companheiras. É a forma de Dalila apresentar o teatro da vida onde cada um sai com sua lição e a aceitação do outro.
Dalila está sempre a lembrar de sua Mãe Preta, que lhe contava as histórias vividas pelos seus antepassados, histórias que encontraram eco no coração da sensível menina que foi edificando sua compreensão da vida e do mundo.
Rendamos graças a Mãe Preta a quem tive o gosto de conhecer.
Ser fiel às virtudes, ter ações próximas às crenças é parte de seus princípios. Não julga, não condena, Dalila acolhe, aceita, compreende, tem o que o mundo deveria ter ... Toca a alma e vê com o coração! Dalila dá asas, mas também dá o chão!
Apesar de intitular sua obra como Versos Quebrados, ela está recheada de versos inteiros de plenitude.
Ela diz:
- Deixo-me ir
Buscar a gota do orvalho
Que sussurra segredos
No coração da flor ...
- Burilo do meu jeito
O sonho.
Não me desfolho
Sou sem fim ...
Em um amor que se reconhece, na consagração da maternidade estão André Luiz, Paulinha, Carla, Lila, Eloísa e Paulo Estevão, os frutos que a vida lhe propiciou, o espetáculo dentre todos os mais sagrado, nesse seu processo evolutivo.
Quero citar ainda a filha postiça de Dalila, Leila Yunes, que desembarcando no Paraíso, encontrou seu ninho. Trouxe consigo a legenda MA RA VI LHO SA !
Dalila, felicidade sem medida, é poder lhe entregar o que de melhor venho compondo agora, são as Flores do Meu Coração, para que se eternize, neste afeto que compartilhamos.
Nesta viagem em que somos Consciência Eterna, não precisamos nos despedir em época alguma. É um conforto!
Obrigado amiga!
Francisca Borges da Cunha, membro da Academia Paraisense de Cultura