A coluna Língua Solta traz mais um texto comemorativo! Os homenageados de hoje são aqueles que dão vida às palavras e encantam com seus dizeres: os escritores!
No Brasil, o Dia do Escritor é festejado em 25 de julho. A data foi instituída em 1960 e oficializada pelo Ministro da Educação da época, Pedro Paulo Penido, por meio de uma portaria. Naquele ano, a União Brasileira dos Escritores (UBE), sob a gestão de João Peregrino Júnior e de Jorge Amado, organizou o Festival do Escritor Brasileiro, na intenção de homenagear todos os escritores do país e também os demais profissionais das Letras. Desde então, passou-se a comemorar tal data. Internacionalmente, ainda, se comemora o Dia do Escritor no dia 13 de outubro.
Há muito que festejar em 25 de julho. O nosso país tem muitos escritores renomados, das mais diversas áreas e dos mais diferentes estilos. Os escritores de nossa Literatura são conhecidos mundialmente, bem como inspiraram muitos outros ao redor mundo. Inclusive, a epígrafe deste texto é de um deles. Os versos de Drummond falam da impossibilidade do escritor de enxergar o mundo de modo diferente daquele retratado em sua escrita. Por isso, o Dia do Escritor deve ser usado também para refletirmos sobre a relevância desse sujeito que escreve para nos mostrar o mundo para além do que compreendemos por meio de nossa própria visão. O sujeito escritor possui extrema relevância para a cultura de seu povo e para toda a sociedade. Um escritor produz um legado, já que deixa escritos acessíveis aos que virão depois dele e esses poderão conhecer um pouco da vida e do mundo de antes.
Além disso, o Dia do Escritor também nos serve para refletirmos sobre a importância da escrita para nossa própria vida. Nossa sociedade vem batendo na tecla da importância da leitura, contudo, parece esquecer-se de que a escrita também é importante na constituição do sujeito. Tão importante individual quanto socialmente, que o historiador francês Philippe Ariès considerou a inserção das sociedades ocidentais na cultura escrita como uma das maiores evoluções da era moderna; de modo que o Estado moderno definiu-se a partir do momento em que se passou a usar a escrita para se gerir o corpo social.
Em tempos digitais, nossos lugares de fala aumentaram, consequentemente, ampliaram-se também as fronteiras da escrita: podemos escrever em diversas mídias e nossos textos podem circular infinitamente. Obviamente, não são todos que se tornam escritores renomados e de sucesso, mas será que isso é mesmo o que mais importa? Não! Como afirmou Michel Foucault, escrevemos para “dar voz ao sujeito”, ou seja, a escrita faz de nós sujeitos sociais e isso é muito mais importante que os louros... Talvez, por isso o grande poeta João Cabral de Melo Neto tenha dito que “Escrever é estar no extremo de si mesmo.” Parabéns a todos os escritores renomados, bem como a todos aqueles que gostam de escrever, sem se preocupar com fama...
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MICHELLE APARECIDA PEREIRA LOPES: Doutora em Linguística pela Universidade Federal de São Carlos e pesquisadora da constituição discursiva do corpo feminino ao longo da história. É docente e coordenadora do curso de Letras da Universidade do Estado de Minas Gerais - Unidade de Passos.