“Ele tentou me matar, ele tentou me matar(!)”… Por aí dá para sentir como foi o clima do insano GP da Bélgica de 1998. Michael Schumacher desceu furioso de sua ‘Ferrari com três rodas’, como jamais visto em toda sua carreira, e se dirigiu até os boxes da McLaren para tirar satisfações com David Coulthard.
Se deixassem, o alemão certamente iria às vias de fato, mas a turma do deixa-disso o segurou. O motivo foi um grave acidente na volta 25 quando Schumacher foi colocar uma volta no escocês que era retardatário, e acabou ‘enchendo’ a traseira da McLaren a mais de 200 km/h, arrancando a suspensão dianteira direita da Ferrari. Por sorte Schumacher não se feriu, mas era o tipo do acidente que poderia trazer sérias consequências.
Recorrendo às versões dos envolvidos, “Fui informado que Michael estava atrás de mim e que deveria deixá-lo passar, e ele acertou a minha traseira”, disse Coulthard; Para Schumacher, “ele tirou o pé deliberadamente quando eu ia ultrapassá-lo… ele queria me matar”! A Federação Internacional de Automobilismo viu como acidente de corrida. Outros tempos!
Chovia forte naquele domingo, 30 de agosto e apenas 8 dos 22 carros que largaram, receberam a bandeirada. A vitória foi de Damon Hill em dobradinha da Jordan com Ralf Schumacher em 2º. Um dia de festa para a equipe irlandesa que vencia pela primeira vez uma corrida de Fórmula 1 depois de 127 GPs disputados. Aquela acabou sendo também a 22ª e última vitória de Hill, campeão Mundial de 1996 com a Williams.
Mas não foi só o entrevero entre Schumacher e Coulthard que marcou o GP da Bélgica que recebeu ameaças terroristas através de carta anônima exigindo US$270 milhões a ser enviado ao Sudão, sob ameaça inclusive de sabotar o carro de Schumacher.
Na sexta-feira, Jacques Villeneuve destruiu a Williams na desafiadora curva Eau Rouge, e Mika Salo fez o mesmo com a Arrows no dia seguinte. Ambos saíram ilesos, mas acidente maior estava por vir na largada da corrida quando o mesmo David Coulthard perdeu o controle do carro, bateu no guard-rail, ricocheteou de volta para a pista e causou uma reação em cadeia com 13 carros batendo. Por sorte, mais uma vez ninguém se feriu naquele que é um dos maiores acidentes da Fórmula 1em largada.
Com o abandono, Schumacher perdeu a chance de assumir a liderança do campeonato já que o líder, Mika Hakkinen, que também não completou a prova, se sagraria campeão ao final da temporada.
Passada as férias de agosto, a Fórmula 1 está de volta com o GP da Bélgica no espetacular Circuito de Spa-Francorchamps, com seus 7.004 metros, intercalados por curvas de todos os tipos, retas longas em subidas e descidas, e o clima sempre imprevisto na região das Ardenhas.
Precisa ser otimista demais acreditar que possa haver reviravolta no Mundial com a diferença de 62 pontos de Lewis Hamilton para o segundo colocado, Valtteri Bottas, e 69 para o terceiro, Max Verstappen. Mas a Fórmula 1 vem de quatro cor-ridas espetaculares e as características e tradição de Spa-Francorchamps são convidativas para outra grande corrida amanha com largada às 10h10, ao vivo na Globo e Rádio BandNews FM.
Este será o 64º GP da Bélgica, que tem como novidade a promoção de Alex Albon à Red Bull, no lugar de Pierre Gasly que fez caminho inverso, rebaixado à Toro Rosso. Ainda nos bastidores, a Mercedes renovou o contrato de Bottas para 2020, e a Renault anunciou para o ano que vem o francês Esteban Ocon no lugar de Nico Hulken-berg para a próxima temporada.